Desde 2001, um website dedicado à divulgação dos Escritos teológicos de Emanuel Swedenborg (1688-1772). |
Literatura :: Estudo Bíblico :: Biografia de Swedenborg :: Contatos :: Sermões :: Tópicos :: Swedenborg website :: Links |
O Livro de Gênesis O Primeiro Dia da Criação Segunda videoconferência de uma série sobre o sentido espiritual do livro de Gênesis
No Princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era vácua e vazia, e [havia] escuridão sobre as faces do abismo; e o Espírito de Deus movia-se sobre as faces das águas. E disse Deus: Haja luz; e a luz foi feita. E viu Deus a luz, que [era] boa; e distinguiu Deus entre a luz e entre as trevas. E chamou Deus à luz, dia; e às trevas chamou noite. E houve tarde e houve manhã, o dia primeiro” (Gênesis 1:1-5) O livro de Gênesis começa dizendo: “No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era vácua e vazia, e [havia] escuridão sobre as faces do abismo; e o Espírito de Deus movia-se sobre as faces das águas”. Aprendemos que o “Princípio” é o primeiro estado, quando se inicia a nova criação do homem. O “céu” significa o homem interno e a “terra”, o homem externo antes da regeneração. A “terra”, nesse período anterior à regeneração, é chamada “um vácuo” e “vazia”. O período que antecede a regeneração vai desde a época da infância até à idade adulta, quando o homem se volta para Deus e O reconhece como seu Criador e Pai. Nesse período anterior à regeneração, sua mente externa ou natural é chamada “terra vácua” porque nada tem de bem genuíno, e de “terra vazia” porque nada tem de verdade real. O que existe, de fato, é “escuridão e demência”, além de “ignorância quanto a todas as coisas que são da fé no Senhor”, como nos informam os Arcanos. É dito que havia “escuridão sobre as faces do abismo; e o Espírito de Deus movia-se sobre as faces das águas”. Na “terra vácua e vazia”, que é a mente do homem, como há ausência de bem e vero genuínos, há, em seu lugar, cobiças e falsidades do proprium humano. Por isso a mente do homem é comparada a um abismo, um profundo poço de escuridão de falsidades, porque ele não conhece a si mesmo, e uma massa confusa e densa de cobiças, porque sua vida consiste somente em satisfazer seus caprichos. Aliás, quando examinado do céu, o homem irregenerado aparece assim: uma massa escura que nada tem de vida (nº 8). Contudo, acima dele está a Misericórdia de Deus. Ela é chamada aqui “Espírito”, o Espírito que se movia sobre as faces das águas. E, segundo a explicação dos Arcanos, o verbo usado aqui para expressar esta ação Divina, de “mover-se”, é, na língua hebraica, “chocar”, “como de ordinário a galinha o faz sobre os ovos”. Porque, a despeito dessa massa informe e tenebrosa de cobiças e falsidades, que é a mente humana irregenerada, a Misericórdia Divina está acima velando, agindo, insinuando algo de vivo e salvífico. Notemos que não é dito que o Espírito de Deus estava sobre as “faces do abismo”, mas sim, que “chocava sobre as faces das águas”, porque a Misericórdia Divina não pode influir nos males e falsidades do homem, mas em algum bem e alguma verdade que ele tenha, por pouco que seja. Esse bem e verdade em que o Senhor influi, e os quais aquece como se chocasse, para lhes inspirar vida, são todas as afeições boas e todos os conhecimentos verdadeiros que o homem adquire de bom grado, em inocência, especialmente na sua infância. Essas afeições e ensinos ficam encerrados como tesouros, para que não se percam no abismo de cobiças e falsidades, e são guardados por Deus para serem revocados, trazidos à vida consciente no tempo propício, na idade adulta. Por isso as Doutrinas os chama de “relíquias” e estão representadas, aqui, pelas “faces das águas”. Então, primeiro e o segundo versículos são entendidos assim: “No período que antecede a regeneração, isto é, da infância até à idade de se regenerar, Deus cria o homem interno e o homem externo. O homem externo é desprovido de bens e verdades genuínos. Nada há nele senão a escuridão de falsidades sobre uma massa de cobiças. Mas a Misericórdia de Deus está acima, insinuando vida nas relíquias do bem e da verdade”. (Vide Anexo 2). Versículos 3 e 4: “E disse Deus: Haja luz; e a luz foi feita. E viu Deus a luz, que [era] boa; e distinguiu Deus entre a luz e entre as trevas”. O homem meramente natural ou externo nem ao menos sabe o que é o bem e a verdade. Chama de bem tudo aquilo que agradável e bom para ele, isto é, que favorece aos amores de seu próprio, focalizando-se em si mesmo e no mundo. Então, para que ele seja reformado e regenerado, a primeira coisa deve ser, necessariamente, saber e crer que existe, sim, um bem real, que independe de seus conceitos do que seja o bem; que existe uma Verdade única, que independe do que ele acredita ser a verdade ou da interpretação que se possa ter dela; e que, assim, o bem e a verdade genuínos existem fora e acima do arbítrio de sua vontade e dos conceitos de seu entendimento. Ele também deduz que o mal e a falsidades são perversões desse bem e verdade, e que só o Senhor é o Bem Mesmo e a Verdade Mesma, enquanto o ser humano nada é em si mesmo. Quando a pessoa atinge esse grau de conscientização, é como se nascesse a luz para ela. “E disse Deus: Haja luz; e foi feita a luz”. É a iluminação da mente pela Verdade Divina, e constitui o primeiro estágio da nova criação do homem, significado por “primeiro dia”. “E viu Deus a luz, que era boa; e distinguiu Deus entre a luz e as trevas. E o chamou Deus à luz dia; e às chamou noite. E houve tarde e houve manhã, o dia primeiro.” (Vide adendo). É dito que a luz era boa pelo fato de ela proceder do Senhor. É dito que “Deus viu”, mas isto é uma aparência, porque Deus é Onisciente. Quem realmente vê é o homem, porque agora ele reconhece e entende a verdade (vê a luz) e começa a distinguir entre “luz” e “trevas”, isto é, entre excelência da Verdade e as incertezas da ignorância e das ilusões ou conceitos falsos de seu entendimento natural. “As trevas são coisas que existem antes que o homem seja concebido e nasça de novo. Elas pareciam luz porque então o mal parecia o bem e a falsidade parecia verdade” (AC 21). “Tarde” e “noite”, na Palavra, são o afastamento e a ausência da luz, e por isso significam, no espírito do homem, os estados em que ele está distante da verdade da fé. Ao contrário, “manhã” e “dia”, na Palavra, são a aproximação e a presença da luz, significando, portanto, o Advento do Senhor, quando então há para o homem instrução e fé. “E houve tarde, e houve manhã, o dia primeiro”. Notemos que o termo “tarde” precede “manhã”. Seria de se esperar que fosse dito: “e houve manhã e houve tarde”, mas foi escrito assim para significar a progressão da sombra para a luz. A “tarde” precede é porque está havendo uma progressão de um estado de falsidade e de ausência de fé, para um estado de iluminação pela verdade, o começo da regeneração. “Na regeneração, a sombra da dúvida, quando há afeição de saber, gera a instrução e a luz, a “manhã”. Porque “manhã” é “todo estado seguinte, pois é um tempo de luz, ou um estado da verdade e de conhecimento da fé”. E assim se completa o primeiro estágio da criação do novo homem. O Senhor, pela ação de Sua misericórdia, o fez progredir, de massa confusa e escura de cobiças para um estado de luz, compreensão e fé. É apenas o início de um processo, o primeiro dos seis dias da criação, mas já é alguma coisa, o primeiro estado; a sua regeneração se iniciou. Como lemos em nossa lição, a maioria das pessoas hoje vêm somente a esse primeiro estado. Mas se a regeneração foi iniciada nesta vida, ela poderá prosseguir e se desenvolver nos céus, porque nos céus a progressão na sabedoria e no amor não tem fim. Parece pouco e insuficiente este primeiro estágio. Parece que a fé ainda é pouca. Se, todavia, ela tiver sido bastante para abrir a visão da pessoa e fazê-la mudar o rumo de sua vontade, voltando-a para uma vida de acordo com os Mandamentos Divinos, ela será uma fé salvífica, por mais fraca que seja a luz do primeiro dia. Ela crescerá como a semente de mostarda da Parábola, que, de uma pequena semente, cresce até se tornar uma árvore “e os pássaros do céu vêm abrigar-se em seus galhos”. Eis aqui, então, um ligeiro sumário desta primeira parte do capítulo 1 dos “Arcanos Celestes”, sobre o primeiro dia. Por aí podemos ver como a abertura do sentido espiritual faz a letra da Pa-lavra ser um livro aberto, que pode ser lido e perfeitamente compreendido, mostrando como o universo criado de fato espelha o plano espiritual, o reino do Senhor nos céus e no íntimo de cada pessoa de Sua Igreja. Explicando esta linguagem, nos Escritos da Nova Igreja prosseguem desvendando o significado de todos os seis dias da criação e do dia de descanso, como também dos outros capítulos do livro do Gênesis, do Êxodo e, em geral, de toda a Palavra. Esta instrução nos foi oferecida pelo Senhor quando Ele abriu o livro selado com sete selos, e pôs a Palavra aberta ao nosso alcance, no seu sentido espiritual. Somos convidados, portanto, a estudá-la para que, por esse meio, o Senhor nos conceda uma visão clara das coisas reveladas, porque elas vitais para nossa existência espiritual. Oremos para que, assim, brilhe de fato em nosso entendimento a luz da Verdade, do primeiro dia.
|
PÁGINA PRINCIPAL | ÍNDICE DAS PALESTRAS | PÁGINA ANTERIOR | PRÓXIMA PÁGINA |
Atualização: Dezembro, 2022 - doutrinascelestes@gmail.com - |