Desde 2001, um website dedicado à divulgação dos Escritos teológicos de Emanuel Swedenborg (1688-1772).
Literatura :: Estudo Bíblico :: Biografia de Swedenborg :: Contatos :: Sermões :: Tópicos :: Swedenborg website :: Links

Biografia Sumária de Swedenborg
 
PÁGINA PRINCIPAL

Emanuel Swedenborg com o livro "Apocalipse Revelado", retrato pintado por Pehr Krafft por volta de 1768.

.E. Swedenborg

Emerson, o filósofo americano, chamou-o "uma alma colossal que  estava muito além de seu tempo" (Representative Men, London, 1896). A grande Helen Keller, cujo livro "My Religion" é um tributo aos Escritos de Swedenborg, chamava-o "Titã" e "Gênio". Para ela, Swedenborg foi "um olho entre os cegos, um ouvido entre os surdos" e "um dos mais nobres que o mundo cristão jamais conheceu" (Helen Keller, My Religion, NY, 1953). Poderíamos citar vários outros personagens famosos na civilização ocidental que disseram ter sido influenciados pelos Escritos swedenborguianos, como Abraham Lincoln, William Blake, Jean Oberlin e Jorge Luis Borges; e outros que eram familiarizados com suas obras, como Immanuel Kant, Linnaeus, John Wesley, Goethe, Rousseau, Baudelaire e Voltaire. Uns eram entusiastas do nobre sueco, outros o questionavam. Mas todo grande pensador tem encontrado em Swedenborg, pelo menos, um campo fértil de reflexão.

Mas, quem foi esse homem tão respeitado pelas grandes inteligências? Quem foi esse homem que pesquisou mais áreas do conhecimento humano do que qualquer outro cientista antes e depois dele? Quem foi esse que deixou uma coleção de 237 títulos de obras científicas, filosóficas, psicológicas e teológicas ainda tão pouco conhecidas no mundo?

Vivemos na época da tecnologia, da ênfase ao materialismo e do culto à vida corporal; é raro o interesse pelas matérias do espírito. Mas a criatura humana considerada em si mesma não é o corpo material limitado, mas o espírito, onde reside a vontade, o entendimento e a consciência. No homem, é o espírito que vive eternamente, muito além do corpo e da morte. É, portanto, necessário que a criatura humana eleve o nível de sua atenção, voltando-a para o mundo inexplorado do espírito, se desejar conhecer a causa, a razão e o sentido de sua existência. E é aí que o trabalho de Swedenborg entra com sua contribuição. E nós, como divulgadores de sua obra e representantes de uma fundada na interpretação da Bíblia à luz de seus Escritos teológicos, oferecemos aos interessados algumas informações complementares sobre Swedenborg, sua vida, sua obra e sua missão, pois entendemos que são úteis ao estudioso de qualquer dos aspectos da existência espiritual.


Emerson

Helen Keller


Jorge Luis Borges


Jesper Swedberg


Sara Behm 

 

 

 

Emanuel Swedenborg nasceu em 1688, em Estocolmo. Era filho de Sara Behm e Jesper Swedberg (sobrenome mais tarde mudado para Swedenborg quando a família foi elevada à nobreza pela rainha Ulrica Eleonora). Jesper era professor de Teologia na Universidade de Upsala, e, mais tarde, Bispo de Skara.

Quando iniciou seus estudos na Universidade de Upsala, Swedenborg tinha apenas 11 anos. Naquela época, a universidade oferecia quatro áreas principais de formação: Teologia, Direito, Medicina e Filosofia.

Swedenborg se formou em Filosofia, mas sua mente inquiridora o levou também a muitos outros campos. A faculdade de filosofia incluía, também, o estudo de ciências e matemática. Mas ele ainda tirou cursos em direito e medicina. Como a maior parte da instrução era em latim, instruiu-se nessa língua e, depois, em grego e hebraico. Dominou também inglês, francês, italiano e holandês, além de sua língua nativa, evidentemente. Como diversão, escrevia poesias e estudava música, chegando a atuar como organista no serviço litúrgico da igreja sueca.

Terminando a universidade em 1709, empreendeu uma longa viagem ao Exterior a fim de aprimorar a instrução, passando alguns anos na Inglaterra, França, Holanda e Alemanha. Nesse período, estudou física, astronomia e a maioria das outras ciências naturais. Visitava sempre as universidades, bibliotecas e academias, procurando se relacionar com cientistas ilustres, para conversar sobre os seus campos de estudo. Interessou-se também pela mecânica prática e por ofícios tais como relojoaria, encadernação de livros, gravação de metais, construção de instrumentos musicais metálicos. Costumava se hospedar com artesãos ingleses só para aprender os seus ofícios e artes. Seus estudos posteriores incluíram cosmologia, matemática, anatomia, fisiologia, política, economia, metalurgia, mineralogia, geologia, engenharia de minas e química. Além disso, ficou muito versado na Bíblia. Em suma, numa época em que poucos indivíduos tinham acesso a uma instrução formal, Swedenborg passou 35 anos empenhado num intensivo programa de aprendizagem quase autodidata.

Em 1716, o rei Carlos XII o nomeou para o posto de Assessor Extraordinário na Faculdade Real de Minas, cargo que ocupou por 31 anos. Para se ter uma idéia de sua intensa atividade nessa primeira fase de sua vida, basta dizer que, num espaço de cinco anos apenas, publicou vinte e um trabalhos sobre assuntos de pesquisas tão diversas como: construção de bombas de ar comprimido; de tubos acústicos; sobre novos métodos de mineração e metalurgia; sobre a construção de comportas e canais; sobre a natureza e a química do fogo; sobre a cor; sobre a fabricação do sal, etc.

Dessa época é, também o projeto da construção de um submarino e de uma "máquina de voar", como chamou. Este último invento, aliás, mereceu a publicação recente, em New York, de um livro de um ex-presidente da Scandinavian Air Systems, Sr. Henri Sordeberb. Esse projeto de máquina voadora, por ter previsto, em 1714, a necessidade de todos os elementos aerodinâmicos, foi considerado, pela Academia Britânica Real de Força Aérea como o primeiro projeto racional de um avião de que se tem notícia.

"Máquina de voar"

Em 1716, começou a publicar um boletim científico intitulado Daedalus Hyperboreus, o primeiro periódico dedicado à ciência em seu país. Em 1718 publicou a primeira obra sobre álgebra, na língua sueca.

Como assessor real e grande engenheiro, Swedenborg se viu envolvido nas estratégias guerreiras de Carlos XII: certa vez, planejou e fez transportar por terra, a uma distância de l7 milhas, vários navios de guerra que, de outra forma, teriam caído em poder da esquadra inimiga que os mantinha bloqueados no porto em que se encontravam.

A partir de 1718, assumiu uma cadeira na "Casa dos Nobres", corpo legislativo semelhante à Casa dos Lordes no parlamento inglês. Durante 50 anos cumpriu com fidelidade os deveres parlamentares.

Em 1721, publicou, em Amsterdã, a obra Prodromus Principiorum Rerum Naturalium (Princípios das Causas das Coisas Naturais), no qual deu uma explicação geométrica dos fenômenos da química e da física. Em l734 publicou as "Obras Filosóficas e Minerais", em que apresentou suas primeiras conclusões cosmológicas. Ainda que sem os fatos que mais tarde os cientistas vieram demonstrar, Swedenborg alcançou conclusões que estão perto das teorias da física nuclear moderna. Foi nesta obra, ainda, que ele sugeriu a hipótese nebular para a formação dos planetas.

Em 1734 publicou um ensaio sobre o Infinito, com o título "Esboços de Argumento Filosófico sobre o Infinito e a Causa Final da Criação e sobre o Mecanismo da Operação da Alma no Corpo". Neste e em outros trabalhos similares, ele acreditava que, muito embora o Infinito não pudesse ser conhecido pelo finito, a razão levava o concluir que o indivíduo humano era o propósito e o fim da criação. Portanto, tudo na criação contribui para a ação do homem como ser pensante. A alma devia ser, então, um elo entre Deus e o homem, o infinito e o finito, ainda que o homem não pudesse vê-la ou medi-la.

Guindaste bélico

Veículo guincho

A pesquisa em busca da alma de Swedenborg expôs num estudo a que chamou "Economia do Reino da Alma", publicada em dois grossos volumes em 1740 e 1741. Nessa obra ele afirmava que o reino da vida é uma unidade admirável, estruturada de acordo com algum grande propósito. Gustaf Retzius disse que, no "Reino da Alma", Swedenborg foi o primeiro a indicar a natureza real do fluido cérebro-espinhal. Ali também, mostrou, muito antes de qualquer fisiólogo, que o movimento do cérebro se sincroniza com o movimento dos pulmões e não com o do coração.

Por estes e outros trabalhos científicos, Swedenborg ficou conhecido como um dos mais cultos da Europa. Ele também foi membro da Academia Real de Ciências da Suécia, constituída pelos maiores sábios e da qual era presidente o famoso Lineu.

Se se houvesse limitado apenas às realizações científicas, Swedenborg teria sido lembrado até hoje como um grande cientista -como de fato o é, pois seu retrato está na galeria da Academia de Ciências de Estocolmo, entre os heróis nacionais, e seu túmulo se acha na catedral de Upsala, entre os reis e grandes arcebispos e generais da história sueca. Mas os seus estudos ainda não tinham chegado ao fim.

Durante os anos de 1744 e 1745, portanto entre os seus 56 e 57 anos de idade, Swedenborg iniciou a observação dos sonhos e dos processos interiores da mente. Sua compreensão da estrutura da linguagem dos sonhos, há dois séculos, é quase a mesma que se usa hoje, como afirma o psiquiatra Dr.Wilson Van Dusen, da Califórnia, estudioso da obra swedenborguiana. Segundo Van Dusen, Swedenborg efetuou o mais detalhado e revelador estudo do estudo hipnagógico jamais feito até então e até hoje.

Foi em abril de 1745 que ele teve uma marcante experiência. Numa noite em Londres, após ter tido duas visões estranhas, coisa que ele nunca experimentara antes, viu um espírito, que ele reconheceu ser o Senhor Jesus Cristo. Este lhe falou da necessidade de uma pessoa para servir como instrumento pelo qual Deus iria fazer revelações de Si Mesmo aos homens, de modo semelhante ao que fizera nas visões bíblicas do Velho Testamento. Disse também que explicaria a Swedenborg o sentido oculto ou espiritual existente nas Sagradas Escrituras e, a partir dali, abriria os seus olhos para a realidade do mundo espiritual.

Desde então, ele passou a ver e ouvir coisas espantosas jamais vistas e ouvidas por nenhum homem em estado de vigília. A principio, ficava apavorado quando espíritos e anjos falavam com ele audivelmente. Mas depois, de 1745 até sua morte em 1772, esteve 27 anos em contínua comunicação com os dois planos da existência simultaneamente, em companhia de anjos e espíritos, ouvindo-os falar e falando igualmente com eles.

Fac-símile do livro Principia

Os dois anos seguintes a esta primeira experiência ele passou aprofundando seu já vasto conhecimento da Bíblia. Escreveu umas 3000 páginas de um comentário desse estudo e preparou um extenso Index Biblicus que usou depois em todas as obras teológicas. Ao mesmo tempo, registrava diariamente suas magníficas experiências espirituais, tidas durante o sono ou em estado de plena vigília; essas anotações foram publicadas postumamente em seis volumes chamados "Diário Espiritual".

Entre 1748 e 1756 publicou, anonimamente, a primeira obra teológica, os "Arcanos Celestes", 7000 páginas explicando o sentido oculto do Gênesis e do Êxodo junto com suas experiências no mundo espiritual. Ele agora se chamava apenas "um servo do Senhor".

Em 1757 publicou um livro sobre suas viagens a outros planetas habitados no universo. Depois, escreveu oito volumes explicando o sentido espiritual do livro do Apocalipse; outros volumes sobre temas diversos como a "Divina Providência", a "Sabedoria Angélica", "As Doutrinas da Fé, da Vida, da Caridade, da Escritura Santa e do Senhor". Mas a sua obra mais conhecida é "O Céu e o Inferno", em que descreve a natureza do espírito humano, suas faculdades, o estado do homem durante e após a morte do corpo e sua entrada na realidade espiritual. Sobre esta obra, especificamente, daremos alguns detalhes mais adiante.

Há várias ocorrências a respeito das experiências de Swedenborg que foram conhecidas e muito comentadas em toda parte na Europa, naquela época; elas servem de testemunho de suas faculdades excepcionais e da certeza de sua comunicação com o plano espiritual. Vejamos alguns exemplos. O primeiro, da faculdade de vis&atila certeza de sua comunicação com o plano espiritual. Vejamos alguns exemplos. O primeiro, da faculdade de visão fora do corpo, quem relata é o grande filósofo Immanuel Kant, numa carta dirigida a uma amiga:

"No fim do mês de setembro, num sábado, cerca de 4 horas da tarde, Swedenborg, vindo da Inglaterra, aportou em Gotemburgo e foi convidado por William Castel para uma reunião em sua casa com mais quinze pessoas. À tarde, às seis horas, Swedenborg, que havia saído, voltou ao salão pálido e consternado, dizendo que, naquele instante, irrompia-se um incêndio em Estocolmo, e que o fogo se estendia com violência para a sua casa. Estava muito inquieto e saiu várias vezes. Disse que a casa de um de seus amigos, cujo nome citou, estava reduzida a cinzas, e que a sua própria estava em perigo. Às 8 horas, depois de uma nova saída, disse com alegria: Graças a Deus, o incêndio extinguiu-se na terceira porta antes da minha"

Esta notícia emocionou muito a sociedade... No domingo pela manhã, Swedenborg foi chamado pelo governador, que o interrogou a respeito. Ele descreveu exatamente o incêndio, o seu começo, o seu fim e a sua duração. No mesmo dia, a notícia se espalhou por toda a cidade, que se emocionou ainda mais por ter o governador lhe dado atenção.

Na segunda feira, à tarde, chegou um mensageiro com notícias enviadas... de Estocolmo no momento do incêndio. Nessa cartas, o incêndio era descrito exatamente como fora dito por Swedenborg. Na quarta feira de manhã, chegou ao governador o correio real com a narração do incêndio, das perdas que tinha causado e das casas que tinha atingido, sem que houvesse a menor diferença entre essas indicações e as que Swedenborg havia dado. De fato, o incêndio havia sido extinto às 8 horas". Convém lembrar que Gotemburgo fica a mais de 400 quilômetros de Estocolmo, e que naquela ocasião não havia sequer telégrafo.

O segundo fato que a citar aconteceu em 176l e é de natureza diferente, pois se trata de informação trazida do mundo espiritual. A viúva de um embaixador holandês em Estocolmo, Sra. De Marteville, sabendo da faculdade que Swedenborg tinha de falar com espíritos, achou que ele poderia auxiliá-la a resolver um caso que a incomodava muito. É que um artífice de prata tinha apresentado a essa senhora uma grande dívida por um serviço feito para o falecido marido pouco antes de sua morte. Ela tinha certeza de que o marido havia pago aquela conta, mas não conseguia achar o recibo. Swedenborg concordou com pedido dela de avistar-se com o marido no mundo espiritual. Poucos dias mais tarde, Swedenborg trouxe-lhe a informação pedida: Ele havia realmente encontrado o falecido embaixador e falado com ele sobre o assunto. Disse que ele mesmo, o próprio falecido, iria dizer a ela onde o recibo estava. Realmente, oito dias depois, a Sra. De Marteville sonhou com o marido: este lhe disse para procurar num local secreto de uma escrivaninha. Ela assim fez e lá encontrou, não só o recibo, mas umas jóias que julgava perdidas. Na manhã seguinte, Swedenborg veio ã casa da viúva e, a, antes que ela lhe dissesse algo, contou-lhe que, na noite anterior, novamente havia falado com o embaixador no mundo espiritual, e que este tinha interrompido a conversa com Swedenborg para falar com a esposa sobre o recibo perdido.

O terceiro incidente ficou conhecido na Suécia como "o segredo da rainha". No outono de 1761, o Conde Ulric Scheffer convidou Swedenborg a vir ao palácio real a fim de visitar a rainha Louisa Ulrica, pois ela estava curiosa para conhecê-lo. Essa rainha era irmã de Frederico, o Grande, rei da Prússia, e casada com o rei da Suécia Frederic Adolfo. Tinha ouvido falar do caso do recibo da Sra De Marteville e, céptica, resolvera por Swedenborg à prova.

A rainha pediu a Swedenborg que indagasse ao irmão dela, o príncipe Guilherme, falecido em 12 de junho de 1758, o que este dissera a ela no momento de sua despedida em Potsdam, quando ela partira para a Suécia. Tratava-se de um assunto de tal modo confidencial, que ninguém mais, senão ela e o irmão falecido, tinha conhecimento.

Alguns dias mais tarde, Swedenborg veio à residência real com alguns exemplares de seus Escritos paraara oferecer à rainha e, na presença de um senador, fez a ela minuciosa narração da conversa que tivera com o irmão, repetindo com precisão as palavras ditas. Isto causou uma impressão tão profunda na rainha, que ela teve um desmaio.

Eventos como esses eram comuns na vida de Swedenborg e serviam para espalhar sua fama. Mas ele não se importava com a notoriedade. De fato, achava que um excessivo interesse com relação às faculdades de que fora dotado poderia desviar o foco de atenção da finalidade real de seus Escritos.

Escolhido para descrever a natureza do espírito, Swedenborg foi levado pessoalmente a ter experiências tão inusitadas e diversas, que até hoje o homem comum sequer tem noção de que existem. Da obra acima citada, "O Céu e o Inferno", tiraremos alguns exemplos:

1º)- o estado constante em que viveu, por 28 anos, numa experiência única até então e, ao que se sabe, até hoje, de se manter consciente nos dois planos da existência ao mesmo tempo em pleno estado de vigília, no qual ouvia homens e espíritos e falava com uns e outros;

b)- a experiência de ser conduzido quanto ao espírito, dentro do plano natural, para outros lugares e cidades, como a experiência testificada do incêndio de Estocolmo;

c)- de ser conduzido quanto ao espírito, ainda dentro do plano natural, para outros planetas habitados no universo e falar com os habitantes dali;

d)- de ser conduzido quanto ao espírito para fora do plano natural, às dimensões espirituais superiores e inferiores, chamadas céus e infernos;

e)- e, ainda, a experiência rara de ser fisicamente transportado para outro lugar sem que se tenha noção disso, pois a consciência fica no plano espiritual. Este estado foi experimentado por alguns dos profetas bíblicos, do qual diziam terem "sido levados pelo Espírito" para outro lugar. Sobre isto, Swedenborg escreveu: "enquanto dura esse estado, não se reflete de modo algum sobre o caminho, mesmo quando ele fosse de muitas milhas; não se reflete também sobre o tempo, mesmo quando ele fosse de muitas horas ou de muitos dias; e não se experimenta fadiga alguma; então é-se também conduzido, por caminhos que nós mesmos ignoramos, até ao lugar designado, sem enganos" (CI 441).

f)- e, finalmente, a chamada experiência de quase morte em que foi deliberadamente introduzido a fim de descrevê-la, retendo, no entanto, plena consciência. Dedicou um capítulo inteiro de "O Céu e o Inferno" para descrever as etapas do processo porque passa o espírito humano na morte e em sua ressurreição ou entrada na vida eterna (CI 445-452).

Ao descrever todas essas experiências e expor os ensinamentos daí alcançados, Swedenborg se porta de forma categórica; seu estilo é positivo e direto, sem explicações vagas ou incertezas. Não deixa dúvidas quanto ao caráter da Pessoa Divina, a quem chama o Divino Humano, o Senhor Deus Jesus Cristo. Usa a terminologia mais simples possível para descrever as coisas espirituais. Por exemplo, chama de anjos os seres espirituais elevados, e espíritos demoníacos aqueles que atentam contra o bem-estar do ser humano. Chama de céus as regiões espirituais onde o homem se realiza na prestação de usos, que é a felicidade mesma, e infernos onde o espírito se inflama em cobiças e se vê frustrado por não mais conseguir realizá-las. Se essa terminologia é emprestada da religião, é porque a abertura dos planos espirituais só se tornou possível mediante a instrução que a religião recebem como revelação.

Falando das experiências de Swedenborg, não seria justo deixar de mencionar que, quando as descreveu em suas numerosas obras, o objetivo que ele que elas não fossem vistas como fins em si mesmas, mas como meios de se alcançar, por meio delas, a sabedoria de um modo de vida mais humano e, assim, mais celeste. Como ele repetiu centenas de vezes em todos os seus trabalhos, tais coisas foram descritas para que, como disse no prefácio de seu "Céu e Inferno" "a ignorância possa ser assim esclarecida e que a incredulidade possa ser dissipada. Se hoje é concedida uma tal revelação imediata, é porque ela é o que é significado pela Vinda do Senhor" (CI 1).

Em outras palavras: as revelações em sua obra, que para nós parecem espantosas, para ele apenas conduziam a um fim: a abertura para a raça humana de uma fonte de conhecimento das verdades acerca da existência espiritual. Essas verdades, que tinham sido conhecidas pelos antiqüíssimos da Idade de Ouro e de Prata, se perderam depois pelos enganos e pelo mero materialismo. Mas agora, como a raça humana chegava a um certo amadurecimento intelectual, fazia-se necessário abrir outras portas, de acordo com o que o Senhor Jesus havia dito aos Seus primeiros discípulos: "Ainda tenho muitas coisas que vos dizer, mas vós não podeis suportá-las agora". Chegava o tempo em que Ele iria podia voltar novamente, agora como o Espírito da Verdade, revelar-Se no sentido espiritual das Escrituras e guiar-nos ao conhecimento de toda verdade, verdades para uma nova era da raça humana, um novo conceito de vida e de amor ao próximo.

Os ensinamentos de Swedenborg dão assim, novos conceitos acerca de Deus, da existência humana, da vida do espírito, e tudo mais. Por se haver adiantado e distanciado em muito do pensamento religioso de seu tempo (e, na verdade, ao pensamento de hoje), as obras de Swedenborg sofreram - e ainda sofrem - censura e discriminação, de um lado, por parte dos pseudo-cientistas, que, por não entenderem, não admitem a hipótese da harmonia ou fusão do conhecimento científico com o da revelação divina de um Deus infinitamente Humano, sábio e amoroso. Por outro lado, da parte dos líderes tradicionais cristãos, por terem receio da abertura dos mistérios da fé, talvez porque sabem que assim perderão o pretenso monopólio das verdades espirituais.

A teologia exposta por Swedenborg juntamente com o relato das experiências tão vivas no plano espiritual desconcertam muitos religiosos, os que, teoricamente, mais deviam saber sobre o espírito e a vida após a morte, pois que estas coisas foram dadas muitos desses indivíduos, sentindo-se ameaçados, reajam contra essa nova abertura da revelação e, especialmente, contra o autor, fazendo circular boatos difamadores a respeito de sua sanidade. Em decorrência disso, também a sua reputa&c reputação anterior de grande cientista e filósofo ficou comprometida.

Mas Swedenborg continuou a escrever e a trabalhar como antes, sem se importar com as críticas, convicto de que sua obra seria para um futuro distante, com a serenidade dos que sabem o que estão fazendo, serenidade que o acompanhou até a sua morte física, em 29 de março de l772, a qual ele também tinha previsto com semanas de antecedência.

Maiores informações a respeito de E. Swedenborg podem ser vistas no site www.swedenborg.com.br

 

 PÁGINA PRINCIPAL

Atualização: Dezembro, 2022 - doutrinascelestes@gmail.com