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O Juízo Final - 10

Décima videoconferência de uma série

sobre o opúsculo O Juízo Final e a Babilônia Destruída, de E. Swedenborg

 

O Livro do Apocalipse

Entre as várias obras de sua literatura teológica, Swedenborg escreveu dois livros destinados exclusivamente a explicar o último livro da Bíblia, o Apocalipse. Os assuntos do Apocalipse foram abordados em várias outras obras do autor, como a que estivemos estudando, sobre o Juízo Final, mas, dedicadas ao Apocalipse como um todo, foram duas. A primeira foi chamada por ele de “Explicação sobre o Apocalipse” (os primeiros tradutores para o inglês preferiram Apocalypse Explained). Essa obra ficou inacabada, talvez por ter ficado muito volumosa, e não chegou a ser publicada pelo autor, mas postumamente. Nós a traduzimos para o português entre 2009 e 2015, em seis volumes, num total aproximado de 2700 páginas, mas sem previsão ainda de publicação. Parece que o autor decidiu refazer o projeto para escrever uma obra mais sucinta, que veio a ser o “Apocalipse Revelado”. Esta ele a publicou em 1766, em Amsterdã. Para o português, foi traduzida pelo finado Rev. José Lopes de Figueiredo e publicada em dois volumes, em 1985, com um total de 1012 páginas.

Nessas duas obras, Swedenborg explica o sentido espiritual presente no livro do Apocalipse, assim como se dá com os demais livros da Palavra, que se encontram na Bíblia. Ele explica o conteúdo de cada versículo e, na maioria dos casos, cada palavra.

Na primeira obra, não publicada, que ficou conhecida como Apocalipse Explicado, além dessa explanação de cada palavra ou frase, ele faz referências confirmatórias a outras ocorrências dessas mesmas palavras e frases em outros livros da Bíblia, razão pela qual a obra acabou tão volumosa, por essa explanação exaustiva.

Na segunda obra, o Apocalipse Revelado, que está disponível em nosso idioma, temos basicamente as mesmas explicações, que são assuntos suficientes para um estudo de longa duração, sem ainda podermos esgotar o que está explícito e implícito nessa obra.

Como havíamos tratado do Juízo Final em nossas videoconferências anteriores, pareceu-nos, então, útil e interessante fazer um apanhado bem resumido do simbolismo existente no Apocalipse, que é uma correspondência com o sentido espiritual. Obviamente, um material publicado em 1012 páginas não poderia ser resumido aqui em uma hora de forma minimamente satisfatória, mas, mesmo assim, tentaremos mostrar, num ligeiro esboço, o que o livro do Apocalipse realmente trata.

No prefácio do Apocalipse Revelado, o autor diz o seguinte:

“Muitos têm trabalhado arduamente para explicar o Apocalipse, mas, como o sentido espiritual da Palavra foi ignorado até agora eles não puderam ver os arcanos que ali se encontram ocultos, porque somente o sentido espiritual os revela. Por isso, os explicadores têm conjeturado muitas coisas, aplicando a maior parte de seu conteúdo aos estados dos impérios e também misturando coisas concernentes às matérias eclesiásticas. Mas o Apocalipse, assim como toda a Palavra, não trata, em seu sentido espiritual, de coisas mundanas, mas sim de coisas celestes; por conseguinte, não trata de impérios nem reinos, mas do céu e da Igreja.

“Cada um pode ver que o Apocalipse não pode ser explicado a não ser pelo Senhor somente; de fato, cada palavra dele contém arcanos que não podem jamais ser conhecidos sem uma ilustração especial, e, assim, sem uma revelação; pelo que aprouve ao Senhor abrir a vista de meu espírito e instruir me. Portanto, não creias que eu tenha tomado alguma coisa de mim mesmo ou de algum anjo, mas do Senhor somente. O Senhor disse também a João, por intermédio do anjo: “Não seles as palavras da profecia deste livro.” (Apocalipse 22,10). Pelo que é entendido que elas devem ser manifestadas.” (AR, prefácio).

E, continuando, no primeiro paragrafo do livro ele diz assim:

“1. Até agora se ignorou o que é o sentido espiritual. No opúsculo DOUTRINA DA NOVA JERUSALÉM SOBRE A ESCRITURA SANTA (números 5 a 26), mostrou se que esse sentido está em cada uma das coisas da Palavra e que, sem ele, a Palavra não pode ser compreendida em multas passagens. Esse sentido não se mostra no sentido da letra, porque ele está ali como a alma está no corpo. É notório que há um Espiritual e um Natural e que o Espiritual influi no Natural e se torna visível e sensível em formas que são alcançadas pela vista e pelo tato e que o Espiritual sem essas formas não é percebido senão como afeição e pensamento, ou como amor e sabedoria, que pertencem à mente. Que a afeição e o pensamento, ou o amor, cuja propriedade é ser afeiçoado, e a sabedoria, cuja propriedade é pensar, sejam espirituais é coisa sabida. Sabe se que estas duas faculdades da alma se apresentam no corpo em formas que se chamam órgãos dos sentidos e órgãos motores, Sabe se, também, que eles (as faculdades da alma e os órgãos dos sentidos) fazem um, de tal modo que, enquanto a mente pensa, a boca enuncia o que está sendo pensado, bem como, logo que a mente quer, o corpo executa imediatamente o que é desejado. Daí é evidente que há uma perfeita união dos espirituais e dos naturais no homem. Acontece o mesmo em todas e em cada uma das coisas do mundo. Aí há o espiritual, que é o íntimo da causa, e há o natural, que é o seu efeito, e os dois fazem um. O espiritual não se mostra no natural, porque aquele está neste como a alma no corpo e como o íntimo da causa no efeito, como já foi dito. Ocorre o mesmo com a Palavra. Que ela seja espiritual em seu íntimo, porque é Divina, é o que ninguém pode negar, mas como o espiritual não se mostra no sentido da letra, que é natural, é por isso que o sentido espiritual foi ignorado até agora, e ele não podia ser conhecido antes que as verdades reais fossem reveladas pelo Senhor, porque o sentido espiritual está nessas verdades. É por isso que o Apocalipse não foi compreendido até agora. Mas para que não reste dúvida alguma que tais coisas estão nele contidas, cada particularidade vai ser explicada e demonstrada por passagens semelhantes, tomadas da Palavra. A seguir a explicação e a demonstração.

Fizemos, então, um sumário do sumário, digamos assim, dos assuntos dos 22 capítulos do Apocalipse conforme nos foram explicados na obra em questão. Eu não vou ler aqui todo o sumário, por causa de sua extensão, mas sugiro que os interessados façam download deste artigo completo pelo link que o Rev. Johnny disponibiliza. Então, somente para termos uma ideia, vejamos o resumo dos três primeiros capítulos:

No Capítulo 1, no sentido literal, João expõe a revelação de Jesus Cristo; descreve a visão de sete castiçais de ouro e, no meio deles, da pessoa do Senhor Jesus Cristo, Seus olhos, cabelos, vestes, pés, e a espada que saía de Sua boca. Ele Se apresenta a João e explica o que é significado pelas sete estrelas e sete castiçais.

No sentido espiritual, também resumidamente, o capítulo 1 é que esta revelação vem do Senhor, somente, e ela é recebida por aqueles que devem ser de Sua Nova Igreja, a qual é a Nova Jerusalém, e que reconhecem o Senhor como o Deus do céu e da terra. O Senhor também é descrito quanto à Palavra.

“2. (VERSÍCULO 1) A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO significa as predições pelo Senhor sobre Ele Mesmo e sobre Sua Igreja, tal qual ela será em seu termo e tal qual ela vai ser depois, tanto nos Céus como na terra. Pela “Revelação de Jesus Cristo” são significadas todas as predições que, por virem do Senhor, são chamadas Revelação de Jesus Cristo. Que elas sejam relativas ao Senhor e à Sua Igreja é o que ficará patente pelas explicações. No Apocalipse não se trata dos estados sucessivos da Igreja e muito menos dos estados sucessivos dos reinos como alguns acreditavam até agora, mas trata se, desde o começo até o fim, do último estado da Igreja nos céus e na terra, e então do juízo final e, depois disso, da Nova Igreja, que é a Nova Jerusalém. Que esta Nova Igreja seja o objetivo dessa obra é patente. Por isso as coisas que são mencionadas antes tratam do estado da Igreja tal como ele é imediatamente antes dessa Nova Igreja. Mas em que série se trata dela pode se vê lo pelo conteúdo de cada capítulo e mais distintamente pela explicação de cada versículo.”

Conteúdo de cada versículo – (AR, pag. 29)

No capítulo 2, o Senhor manda que João escreva cartas, que são endereçadas aos anjos de sete igrejas então existentes na Ásia Menor, a saber, ao anjo da igreja de (1) Éfeso, dizendo, em suma, que ele deixara o seu primeiro zelo e caridade. Ao de (2) Esmirna, avisando-o das aflições que lhe haviam de sobrevir, com a promessa da coroa da vida aos vencedores. Ao de (3) Pérgamo, que ele tinha sido complacente com os que seguiam a doutrina de Balaão e dos nicolaítas. Ao de (4) Tiatira, que ele consentia que a mulher Jezabel profetizasse. A cada uma dessas admoestações se seguem promessas.

No sentido espiritual, essas igrejas não são as igrejas antigas da Ásia, que até já desapareceram, mas sistemas de vida e crença das pessoas das igrejas cristãs. Cada igreja representa uma das sete modalidades ou qualidades de vida (ou doutrina) no que concerne à crença religiosa. Assim, Éfeso, representa os que consideram principalmente as verdades da doutrina e não os bens da vida. Esmirna, os que estão nos bens quanto à vida e nos falsos quanto à doutrina. Pérgamo, os que põem tudo da Igreja nas boas obras e nada nas verdades. Tiatira, os que estão na fé derivada da caridade, bem como os que estão na fé separada da caridade. Todos eles são chamados à Nova Igreja, que é a Nova Jerusalém.

No capítulo 3 são endereçadas cartas aos anjos das igrejas de (5) Sardes, a quem desperta para maior vigilância e solicitude, doutra maneira ameaça vir a ele como o ladrão da noite. De (6) Filadélfia, dizendo que os judeus virão e adorarão diante de seus pés. E de (7) Laodicéia, que é repreendido por sua mornidão e a vanglória pelas riquezas.

No sentido espiritual, Sardes são os que estão em um culto morto, no qual não há caridade nem fé. Filadélfia, os que estão pelo Senhor nas verdades provenientes do bem. Laodicéia, os que creem, ora segundo eles mesmos e ora segundo a Palavra e, assim, profanam as coisas santas. Mesmo estes, como os anteriores, são chamados à Nova Igreja do Senhor.

E segue, nessa linha, o sentido literal resumido e a sua explicação segundo o sentido espiritual dos demais 19 capítulos, que não vamos ler agora, mas está no artigo que pode ser baixado.

Capítulo 4.

A segunda visão, um trono real no céu aberto e a glória de Deus, que se assentava sobre o trono; vinte e quatro anciãos coroados e assentados ao redor do trono, com trovões, relâmpagos e lâmpadas ardentes. Um mar de vidro, e quatro animais com muitos olhos e asas. O cântico dos quatro animais e vinte e quatro anciãos.

Sentido espiritual em resumo

Trata-se da ordenação e da preparação de todas as coisas no céu para o Juízo que deve acontecer pela Palavra e segundo a Palavra; depois, trata-se do reconhecimento de que a Senhor é o único Juiz.

Capítulo 5.

A visão do livro selado, que nenhuma criatura, nem no céu nem na terra, podia abrir, mas o Leão da tribo de Judá se declara digno para isso e toma o livro de sua mão, pelo que os quatro animais com os vinte e quatro anciãos louvam sua dignidade. Uma multidão de anjos, com seu cântico, também reconhece. Igualmente todas as criaturas, no céu e na terra.

Sentido espiritual em resumo

O Senhor em Seu Divino Humano fará o juízo pela Palavra e segundo a Palavra, porque Ele Mesmo é a Palavra; isso é reconhecido por todos nos três céus.

Capítulo 6.

1 Abre-se o 1º selo e vê-se um cavalo branco e o cavaleiro vencedor; o 2º, um cavalo vermelho e seu cavaleiro que tira a paz da terra; o 3º um cavalo preto e seu cavaleiro com uma balança na mão; o 4º selo, um cavalo amarelo e seu cavaleiro, a morte. O 5º selo, visão das almas debaixo do altar que clamam a Deus. O 6º selo, grandes sinais no céu e na terra, com o que os homens se apavoram e querem se esconder da ira do Cordeiro.

Sentido espiritual em resumo

O exame daqueles sobre os quais deve ser feito o Juízo Final, qual tinha sido seu entendimento da Palavra e, por conseguinte, qual tinha sido o estado de sua vida. Primeiramente, exame dos que estavam na verdade segundo o bem, depois, os que estavam sem o bem; os que desprezavam a verdade, e os que estavam inteiramente devastados quanto ao bem e à verdade. Trata, também, do estado dos que estavam guardados pelo Senhor na terra inferior por causa dos maus; eles deviam ser libertados no tempo do Juízo Final. Trata, ainda, do estado daqueles que estavam nos males e, por conseguinte, nas falsidades, e do que devia ocorrer com eles no dia do Juízo Final.

Capítulo 7.

 João vê quatro anjos, com poder de fazer dano à terra pelo reter dos ventos; e outro anjo que lhes impede, até que fossem assinalados os 144.000 servos de Deus; visão de uma multidão inumerável de todas as nações que estavam diante do trono e do Cordeiro, louvando a Deus. Quem são os que apareciam em vestidos brancos.

Sentido espiritual em resumo

Trata se daqueles que estão e estarão no céu cristão. Primeiramente, trata se de sua separação de junto dos maus. Depois dessa separação, trata se daqueles que estão no amor ao Senhor e, por conseguinte, na sabedoria, pelos quais são formados os céus superiores. Em seguida, trata se daqueles que estão, pelo Senhor, na caridade e na fé da caridade, porque combateram contra os males, e pelos quais são formados os céus inferiores.

Capítulo 8.

Abre-se o 7º selo, e segue-se silêncio no céu. Vêm sete anjos com sete trombetas. Um anjo traz incenso sobre o altar, depois lança o incensário à terra. O primeiro anjo toca a trombeta, e o segundo, e seguem coisas horríveis. A terceira trombeta e uma estrela chamada Absinto cai do céu nas águas. A quarta trombeta e a terça parte do sol da lua e das estrelas se escurece.

Sentido espiritual em resumo

Aqui se trata da qualidade daqueles que estão na fé só, na Igreja dos Reformados. Este capítulo compreende: Preparação do céu espiritual para a comunicação com eles; exame e manifestação deles quanto aos seus interiores na fé; exame daqueles que estão nos exteriores dessa fé; sua qualidade quanto ao entendimento da Palavra; e os que estão nas falsidades e, por conseguinte, nos males (versículos 12 e 13).

Capítulo 9.

A quinta trombeta, e cai do céu uma estrela que tem a chave do abismo; dali sobe fumaça como a de uma fornalha, e da fumaça saem gafanhotos, que ferem os homens que não têm o selo de Deus. O nome de seu rei, Abadom. A sexta trombeta, e se soltam os quatro anjos junto ao rio de Eufrates, e grande multidão dos de cavalo aparece, que mata a terça parte dos homens. Mas nem assim os homens se convertem de sua idolatria e outros pecados.

Sentido espiritual em resumo

Este capítulo trata do exame e da manifestação do estado de vida, na Igreja dos Reformados: a) os que são chamados doutos e sábios segundo a confirmação da fé separada da caridade e da justificação e salvação por essa fé só; os que não são doutos e sábios daquele modo e estão na fé só, e vivem à sua vontade; os que nada sabem, exceto que a fé é tudo aquilo que pode salvar o homem e que não há outra coisa além da fé.

Capítulo 10.

Um anjo desce do céu com um livrinho aberto na mão e brada com grande voz que não haveria mais tempo, depois que as sete trombetas haviam tocado. Dá o livrinho aberto ao apóstolo, que o come; em sua boca era bem doce, mas em seu ventre, amargo. Declara depois ao apóstolo que importava que outra vez profetizasse.

Sentido espiritual em resumo

Trata se, ainda, do exame e de tornar manifesto (o estado) daqueles que estão nas Igrejas dos Reformados no que se refere ao que eles acreditam quanto ao Senhor ser o Deus do céu e da terra, como Ele mesmo ensinou em Mateus 28; 18, e ser o Seu Humano Divino.

Capítulo 11.

Ordem para João medir o templo. Duas testemunhas recebem poder para profetizar e enviar pragas sobre seus inimigos. A besta que sobe do abismo e mata as testemunhas, mas, depois de três dias e meio, ressuscitam e sobem ao céu, A sétima trombeta e os reinos se reduzem a Deus e Cristo, e o templo de Deus no céu se abre.

Sentido espiritual em resumo

Trata se, ainda, do estado da igreja dos Reformados, constituída por aqueles que, estando interiormente na fé só, são contra os dois essenciais da Nova Igreja, a saber, que o Senhor, só, é o Deus do céu e da terra e que o Seu Humano é Divino, e que se deve viver segundo os preceitos do Decálogo. Estes dois essenciais foram pregados diante deles. Mas foram inteiramente rejeitados. Eles foram ressuscitados pelo Senhor. Os que rejeitaram pereceram. Pelo Novo Céu foi manifestado o estado na Nova Igreja.

Capítulo 12.

A visão de uma mulher parturiente e um dragão vermelho que queria lhe devorar o filho. Mas o filho é arrebatado para o trono de Deus, e a mulher foge para o deserto. Faz-se batalha no céu entre Miguel e o dragão, e o dragão é vencido. Segue-se um cântico no céu. O dragão persegue a mulher que recebe asas de águia para fugir. O dragão lança após ela rios de água, que a terra traga. E o dragão faz guerra contra os demais de sua semente.

Sentido espiritual em resumo

Aqui se trata da Nova Igreja e de sua doutrina. Pela "mulher" aqui é entendida a Nova Igreja e pelo "filho" que ela concebeu a sua doutrina. Trata se, também, daqueles que, na Igreja de hoje, creem, segundo (sua) doutrina, numa trindade de pessoas, na dualidade da pessoa de Cristo e na justificação pela fé só. Esses são entendidos pelo "dragão". Depois, trata se da perseguição da Nova Igreja por eles, por causa da doutrina da Nova Igreja e de sua defesa pelo Senhor, até que de um pequeno número ela cresça e (se transforme) em muitos.

Capítulo 13.

Visão de uma besta com sete cabeças e dez chifres. Uma das cabeças, ferida de morte, se cura. Toda a terra adora a besta e o dragão por quarenta e dois meses. A besta blasfema de Deus e de seus santos, e guerreia contra eles e vence a todos cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro. Outra besta sobe da terra, tendo dois chifres e fazendo as obras da primeira besta. Faz grandes sinais e engana os moradores da terra, impondo-lhes um sinal, nome ou número, 666.

Sentido espiritual em resumo

Continua se, neste capítulo, a tratar do dragão e são descritas a doutrina e a fé entendidas por ele; como são essa doutrina e essa fé entre os leigos, e depois como são entre os sacerdotes. Descreve se a "besta que subia do mar" como essa doutrina e essa fé entre os leigos. Descreve se a "besta subindo da terra" como essa doutrina e essa fé entre os sacerdotes. Depois se trata da falsificação da verdade da Palavra por estes.

Capítulo 14.

Visão do Cordeiro no monte de Sião, com seus 144000 assinalados. Cantam um cântico novo; são virgens que seguem ao Cordeiro. Um anjo voa pelo céu anunciando o evangelho eterno. Outro anjo profetiza a queda da grande Babilônia. Um terceiro ameaça os que adoram a besta ou recebem seu sinal. Aparece um sobre uma nuvem, com coroa na cabeça e foice na mão. Outro anjo, também com foice, para vindimar os cachos da terra, e os lança no lagar da ira de Deus, de onde são sangue até os freios dos cavalos.

Sentido espiritual em resumo

Descrição do novo céu cristão. Anúncio sobre a vinda do Senhor e então a Nova Igreja. Exortação para que se retirem da fé separada da caridade, em que está a Igreja de hoje. Exame dos que estão nessa fé e manifestação de que suas obras são más.

Capítulo 15.

Visão de sete anjos com as últimas pragas; e um mar de vidro, junto ao qual estavam os vencedores da besta, com harpas; eles louvam a Deus e a seus juízos. O templo no céu se abre, donde saem sete anjos vestidos de vestidos resplandecentes, que recebem de um dos quatro animais salvas cheias da ira de Deus; o templo se enche da fumaça da glória de Deus.

Sentido espiritual em resumo

Preparação para descobrir o último estado da Igreja e para pôr em evidência os males e as falsidades em que estão os homens da Igreja, dos quais foram separados os que confessaram o Senhor e viveram de acordo com os Seus preceitos.

Capítulo 16.

Os anjos começam a derramar suas salvas, sobre a terra, no mar, nos rios e a quarta sobre o sol. A quinta, sobre o trono da besta, a sexta, sobre o grande rio Eufrates. Três espíritos imundos como rãs saem para congregar aos reis da terra para a batalha do grande dia. A sétima salva se derrama no ar, e tudo chega ao fim, inclusive a Babilônia, que cai. Uma grande saraiva cai sobre os homens, que por isso blasfemam de Deus.

Sentido espiritual em resumo

Neste capítulo, os males e as falsidades que estão na Igreja dos Reformados são descobertos pelo influxo procedente do céu. Nos clérigos. Nos leigos. Em seu entendimento da Palavra. Em seu amor. Em sua fé. Em seus raciocínios interiores. Em todas as coisas reunidas e que lhes pertencem.

Capítulo 17.

Um anjo mostra a João a grande meretriz, Babilônia, assentada sobre uma besta vermelha, que tem sete cabeças e dez chifres. Descreve-se sua rouba e seu caráter. O mistério da besta é explicado, o de suas sete cabeças, do oitavo rei que havia de seguir e dos dez chifres, que são tantos reis que tomam sua potência da besta; combatem com o Cordeiro, sendo vencidos. O mistério das águas sobre as quais a meretriz está assentada e quem é a meretriz.

Sentido espiritual em resumo

Sobre a religiosidade católico-romana descreve-se: A maneira como ela falsificou a Palavra e, por conseguinte, perverteu todas as verdades da Igreja; como se tinha falsificado e pervertido naqueles que estavam sujeitos à sua dominação; que (ela falsificou e perverteu) menos naqueles que não se submeteram à sua dominação. Sobre os reformados, descreve-se: Que eles se subtraíram do jugo de sua dominação. Sobre a dominação ainda da religiosidade católico-romana.

Capítulo 18.

Um anjo anuncia a queda da Babilônia. O povo é exortado a dela. E ainda que ela se glorie, seu castigo é iminente. Os reis pranteiam a queda dela, assim como os que vendiam nela suas mercadorias preciosas. Também os pilotos e nautas. Um anjo lança uma grande pedra no mar e declara que nenhuns instrumentos de alegria serão mais ouvidos nela, porque enganara a todos, e o sangue dos santos nela se achou.

Sentido espiritual em resumo

Continuação sobre a Religiosidade Católico Romana: Por causa das adulterações e profanações das verdades da Palavra e consequentemente da Igreja, ela perecerá. Sobre os chefes supremos na ordem eclesiástica; quais eles são e de suas lamentações. Sobre os inferiores naquela ordem. Sobre os leigos e o vulgo, que estão sob sua obediência. Sobre a alegria dos anjos por ela ter sido repelida. Sobre sua destruição no mundo espiritual por não haver nela reconhecimento algum da verdade, nem indagação, nem ilustração, nem recepção e, por conseguinte, não haver conjunção alguma da verdade e do bem, a qual faz a Igreja.

Capítulo 19.

Louvor no céu por causa do juízo da grande meretriz. Uma voz do trono anuncia que as bodas do Cordeiro são vindas, e sua Noiva se preparou, e bem-aventurados os que a estas bodas são chamados. O apóstolo é repreendido por querer adorar o anjo. Nova visão: de um cavalo branco e seu cavaleiro é descrito. Ele pisa o lagar da ira de Deus e é o Rei dos reis. Outro anjo chama todas as aves para comerem a carne dos capitães e de todos os outros na grande matança dos que se ajuntaram para fazerem guerra contra o Cavaleiro do cavalo branco. A besta é lançada no lago do fogo juntamente com o falso profeta, e os seus companheiros são mortos à espada.

Sentido espiritual em resumo

Glorificação do Senhor pelos anjos do céu, porque a religiosidade católico-romana foi repelida no mundo espiritual, em consequência do que eles vieram na luz e na sua felicidade. Proclamação da vinda do Senhor e de uma Nova Igreja procedente d'Ele. Abertura da Palavra quanto ao sentido espiritual para essa Igreja. Chamada de todos para essa Igreja. Resistência daqueles que estão na fé separada da caridade. Sua expulsão e sua danação.

Capítulo 20.

Um anjo com a chave do abismo prende Satanás por mil anos. Os santos se assentam sobre o trono e reinam com Cristo mil anos. Os outros morrem. Felizes os que têm parte na primeira ressurreição. Passados mil anos, Satanás é solto e outra vez engana os povos, e desperta Gog e Magog para a guerra. Eles cercam a cidade amada, mas o fogo os devora. O diabo é lançado no lago do fogo. Visão de um trono branco, e um assentado sobre ele. Os mortos comparecem diante de Deus, e os livros são abertos, e cada um é julgado segundo suas obras. A morte e o inferno são lançados no lago do fogo, juntamente com todos os que não estão escritos no livro da vida.

Sentido espiritual em resumo

Remoção daqueles que são entendidos pelo "dragão". A seguir, elevação da terra inferior daqueles que adoraram o Senhor e fugiram dos males como pecados. Julgamento daqueles que nada tinham de religião no culto. Danação do dragão. Juízo universal sobre os restantes.

Capítulo 21.

Visão de um novo céu e uma nova terra, e da nova Jerusalém, ataviada como a uma Noiva. Deus promete que será o Deus deles, e limpará de seus olhos toda lágrima. Mas os outros são ameaçados de danação no lago de fogo. Um anjo mostra a João a Nova Jerusalém, sua glória, seu muro com doze portas, segundo os nomes dos filhos de Israel, seus doze fundamentos, segundo os nomes dos doze apóstolos, seu comprimento e largura. Sua matéria de ouro, seus fundamentos de doze pedras preciosas e portas de doze pérolas. Seu templo, que é Deus mesmo e o Cordeiro; a glória de Deus no lugar do sol e lua, Seus moradores bem-aventurados e também os reis mesmos. Suas portas estão sempre abertas, mas ninguém que faz imundície entra nela.

Sentido espiritual em resumo

Neste capítulo se trata do estado do céu e da Igreja depois do Juízo Final. Depois desse Juízo, por meio do novo céu, haverá uma Nova Igreja na terra, a qual adorará o Senhor, só. A conjunção dessa Igreja com o Senhor. Sua descrição quanto à inteligência derivada da Palavra. Quanto à doutrina que dela procede. Quanto a toda sua qualidade.

Capítulo 22.

O rio de água da vida e a árvore da vida. A conclusão, e se testifica da verdade e firmeza destas visões e profecias. João recebe ordem de não selar as palavras deste livro. Cristo declara que ele é o Alpha e o Ômega, e diz bem-aventurados os que guardam seus mandamentos, e mal-aventurados os que cometem abominações. E testifica que enviou seu anjo para fazer esta revelação à sua igreja. A Esposa deseja a vinda de Cristo. E conclui-se esta revelação com ameaças contra os que haviam de acrescentar alguma coisa a ela, ou dela tirar. Cristo testifica outra vez que cedo havia de vir. E João conclui seu livro com a saudação apostólica.

Sentido espiritual em resumo

Esta Igreja é ainda descrita quanto à inteligência proveniente das Divinas Verdades pelo Senhor. O Apocalipse foi manifestado pelo Senhor e deve ser revelado em seu tempo. Sobre a vinda do Senhor e Sua conjunção com aqueles que creem n’Ele e vivem segundo os Seus preceitos. As coisas que foram reveladas devem ser absolutamente guardadas. Os esponsais.

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Para avançar um pouco mais na compreensão espiritual do Apocalipse, vejamos agora alguns significados dos objetos, pessoas ou eventos tratados. Cumpre notar que esses significados do Apocalipse são os mesmos em toda a Palavra de Deus, desde o livro de Gênesis, passando pelos livros históricos, proféticos e dos Salmos, no Antigo Testamento, e os Evangelhos, no Novo. São as mesmas significações, numa constância e coerência admiráveis, o que atesta a autoria Divina da Palavra.

Vemos, então, por exemplo, que o sol, a lua e as estrelas no firmamento significam, respectivamente, o amor, a fé e os conhecimentos da verdade. A terra significa o nosso homem externo ou natural, e o céu é nosso homem interno ou espiritual, nosso uranos, onde estão o amor, a fé e as cognições da verdade. O calor e a luz são o influxo do Divino amor e da Divina sabedoria. A água representa a verdade em seus diversos estados ou origens, acumulada como no mar significa a memória, bom ou mal; fluindo como os rios é a instrução da verdade; no poço, de onde deve ser tirada, é a verdade encerrada na Palavra que deve ser obtida pela leitura e pela pesquisa, para satisfazer a sede do saber; na nuvem, acima, é a verdade que foi sublimada e se tornou nossa consciência; quando ela chove de lá é a percepção ou ditame da consciência, que nos orienta quanto ao que é justo e bom; como inundação ou dilúvio são verdades que se transformaram em falsidades, e elas se transformam em falsidades quando são proferidas com um propósito mau. A água que mata a sede é a instrução que responde a dúvida e dissipa a ignorância; a água que lava é a instrução que é posta em prática para purificar nossa vontade e limpá-la do mal.

E assim se dá também com outros objetos, como a montanha, que é a preponderância do amor, seja bom ou mal; os caminhos, que são os pensamentos; as cidades, que são os modos de vida ou as doutrinas; as casas, que é a pessoa inteira, interior e exterior. Os animais como o boi, a ovelha e o cordeiro representam as afeições da vontade, os pássaros são os pensamentos do entendimento; o cavalo representa o entendimento da verdade. Também os números, na letra da Palavra, são significativos, e representam as qualidades ou adjetivos e advérbios dos substantivos citados. “Tal como os nomes, assim também os números: na Palavra ocorre muitas vezes o número ternário, bem como o septenário, e em toda parte esses números significam alguma coisa santa ou sagrada.” (AC 482) “Por "seiscentos e sessenta e seis" é significada toda a verdade... falsificada, por ser "o número da besta". É esse o significado, porque seis significa a mesma coisa que três multiplicado por dois; "três" significa o pleno e tudo e se diz das verdades (nº 505); e "dois" significa o casamento da verdade e do bem. Sendo "seis" o produto dos dois números, multiplicados um pelo outro, significa, portanto, todas as verdades do bem na Palavra, aqui, entretanto, falsificadas.” AR 610.

Como se vê, o livro do Apocalipse não trata de matérias terrenas, nem de eventos naturais, nem do universo físico. Não trata de sete igrejas organizadas que existiram na Ásia, e nem mesmo de igrejas formalmente organizadas hoje, mas do modo de vida, do comportamento e da atitude que os cristãos têm em relação a Deus, em relação ao próximo e em relação a si mesmos. Os meus princípios de vida e a minha vida, em decorrência desses princípios, são a minha doutrina real, a minha religião. A coisa que eu ponho como prioridade em minha vida, que eu privilegio ou amo acima de todas as demais, é o meu objeto de adoração, por conseguinte, o deus para mim, e a minha religiosidade real é consequência disso.

Quando somos contemplados por Deus e pelos anjos e bons espíritos que nos acompanham, quanto ao que somos no que diz respeito à nossa religião, não somos vistos como católicos, batistas, assembleianos, espíritas ou luteranos, mas como somos, uma daquelas sete qualidades de crença e vida representadas pelas sete igrejas do Apocalipse. É assim que a mensagem da Palavra de Deus é um livro sempre atual, que transcende o tempo e as coisas terrenas, caso contrário seria uma mensagem vazia, ultrapassada e em sua maior parte inútil. Isto é o que ela é, se considerada somente pelo sentido literal.

Em um momento ou outro de nossa vida, podemos ir de um estado espiritual para outro, dependendo do que fizermos com nossa fé: obedecendo ou negligenciando, praticando ou ignorando. Podemos ir de Sardes para Laodicéia, ou de Filadélfia para Pérgamo, e assim por diante. São estados espirituais, são situações que enfrentamos em relação ao bem e à verdade, contrapondo ao mal e à falsidade. Ou decisões que tomamos que dão prioridade ao altruísmo, o serviço, a utilidade, ou ao egoísmo e a uma vida inútil e nociva. Assim somos vistos por Deus, que nos olha de dentro, do íntimo de nosso ser. E em cada estado em que nos encontramos, espiritualmente falando, Ele enxerga em nós algo positivo, mas, também, nos exorta sobre o lado negativo, destrutivo de nossa vida espiritual, de nosso uso. E, em todas os estados ou todas as situações possíveis de vida, Ele tem uma palavra de promessa, de ânimo e de exortação a que reflitamos, reconheçamos nosso estado, e sigamos o caminho melhor, que nos leva à bem-aventurança na eternidade.

Nenhum ser humano é condenado por antecipação, mas para todos o amor do Senhor tem a mão estendida para salvar, para melhorar, para socorrer. E nem os que rejeitam a Deus são condenados por Ele, porque Deus não condena ninguém, mas cada um é condenado por seus próprios atos, porque cada mal traz consigo a sua pena. As condenações mencionadas no Apocalipse não são de pessoas, mas de sistemas de crença e vida, ou doutrinas. Por exemplo, a Babilônia, como vimos, é o desejo de dominar inspirado pelo egoísmo, usando as coisas da religião. Quando fala desse mal, o Senhor adverte, “Saí dela, povo Meu, para que não sejais participantes de seus pecados, e para que não recebais de suas pragas.” (18:4). O mal representado por Babilônia foi julgado e condenado, e nós somos alertados a nos abstermos desse mal. Quem, todavia, se apega a esse mal, é condenado junto com o mal. Então, o julgamento Divino condena indubitavelmente o mal na pessoa, mas a misericórdia Divina salva poderosamente a pessoa que se abstiver do mal. Deus não pode obrigar a criatura a humana a se abster do mal, mas provê todas as oportunidades possíveis para ela faça isso, se e quando desejar.

 

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Atualização: Dezembro, 2022 - doutrinascelestes@gmail.com -