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O Juízo Final - 7 Sétima videoconferência de uma série sobre o opúsculo O Juízo Final e a Babilônia Destruída, de E. Swedenborg
O quarto ponto singular da fé: Os bens devem ser feitos pelo homem como por si mesmo, mas ele deve crer que é pelo Senhor que eles estão nele e são feitos por ele. Vimos anteriormente que a obra Verdadeira Religião Cristã, em seu capítulo introdutório, nos apresenta um sumário da fé que será da Nova Igreja, em seus pontos universais e singulares. Os singulares da fé que se aplicam mais diretamente ao homem são as coisas principais em que ele deve crer, as quais são: 1. Há um único Deus em que está a Divina Trindade, e este Deus é o Senhor Deus Salvador Jesus Cristo. 2. A fé salvífica é crer n'Ele. 3. Os males não devem ser feitos porque são do diabo e vêm do diabo. 4. Os bens devem ser feitos porque são de Deus e vêm de Deus. 5. E os bens devem ser feitos pelo homem como por si mesmo, mas ele deve crer que é pelo Senhor que eles estão nele e são feitos por ele. Já examinamos aqui os três primeiros pontos desse credo. Hoje iremos ver, então, o quarto singular da fé: Os bens devem ser feitos porque são de Deus e vêm de Deus. Duas semanas atrás, quando examinávamos o terceiro ponto, os males não devem ser feitos porque são do diabo e vêm do diabo, tivemos a oportunidade de falar, também, sobre a ordem em que esses doutrinais são apresentados, ou a ordem em que devem ser observados pelo homem. Deixar de fazer os males vem, então, primeiro, para somente então vir, fazer os bens. E vimos que isto é porque, se a pessoa não se abstiver de pensar, querer, falar e fazer os males, a intenção do mal estará reinando em sua mente, quer dizer, na vontade e no entendimento, e tudo, virtualmente tudo, inclusive os bens, que ela vier fazer, estará prejudicado por sua origem, como o fruto que recebe a seiva pelo tronco, de uma raiz má. A passagem mais clara, mais poderosa, da letra da Palavra, que nos mostra essa ordem é a de Isaías 1, versículos 16 e 17, que também lemos aqui e vamos lembrar: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” Essa passagem de Isaías ensina, também, que antes que a pessoa ponha isso em prática, seu culto não é aceito e suas orações não são ouvidas. Mas, depois que ela pratica, então seus pecados são remidos. Assim, esses dois versículos podem ser vistos como uma síntese do que é necessário fazer para que nossa religião seja sã e verdadeira. Mas, outra questão interessante para a qual chamo a atenção dos amigos, aqui, é um simples vocábulo que se encontra nos dois singulares da fé: o “porque”, explicativo. Swedenborg poderia ter escrito somente: “Os males não devem ser feitos” e “Os bens devem ser feitos”. Mas, em vez disso, ele escreveu: “Os males não devem ser feitos PORQUE são do diabo e vêm do diabo” e “Os bens devem ser feitos PORQUE são de Deus e vêm de Deus”. Esse “porque” é essencial e faz toda a diferença, porque justamente distingue entre o bem natural de um bem espiritual. A segunda parte de ambas as frases, que vem depois do “porque” é o que qualifica e dá a essência da ação. Mostra a motivação ou a intenção pela qual uma coisa não deve ser feita e a outra sim. Vimos aqui, há duas semanas, que a pessoa às vezes deixa de fazer o mal por receio de perder sua reputação, ou de ser punida pela lei, ou para não perder alguma vantagem, ou para parecer honesta diante do mundo. Essas razões que ela tem são chamadas de vínculos externos, porque dizem respeito somente à vida do mundo: o que as pessoas vão dizer, o que posso perder fazendo isso etc. Se ela se abstiver dos males somente por causa desses vínculos externos, ela continua, não obstante, praticando os males continuamente em seu espírito, pois a vontade e o pensamento pertencem ao espírito, e o espírito é o homem mesmo. Então, o fato de a pessoa se abster de fazer e falar males com o corpo não quer dizer, necessariamente, que ela se abstém dos males, pois é possível que ela os esteja fazendo em seu pensamento e em seu coração, e isso vale como se ela tivesse feito. Citaremos aqui, novamente, como exemplo disso, o que o Senhor disse a respeito do adultério, em Mateus 5:27, 28: “Ouviste que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Porém eu vos digo que qualquer que atentar para alguma mulher para cobiçá-la, já com ela adulterou em seu coração.” As leis humanas julgam o que fazemos no corpo, mas as leis Divinas julgam o que fazemos em espírito, quer tenhamos também feito também no corpo, quer não. Na obra Doutrina de Vida, n. 108 e 109, lemos o seguinte: “Há homens morais que observam os preceitos da segunda tábua do Decálogo: não fraudam, não blasfemam, não se vingam, não adulteram; e os que dentre eles confirmam que esses são males porque são danosos à causa pública e, por conseguinte, contrários às leis da humanidade, esses exercem a caridade, a sinceridade, a justiça e a castidade. Mas se praticam esses bens e fogem desses males somente porque são males e não ao mesmo tempo porque são pecados, eles são, contudo, meramente naturais. E nos homens meramente naturais a raiz do mal permanece implantada e não é removida. Por isso, os bens que eles fazem não são bens, porque os fazem por si próprios.” “O homem moral natural pode parecer, diante dos homens no mundo, inteiramente semelhante ao homem moral espiritual, mas não diante dos anjos no céu. Diante dos anjos, no céu, ele aparece, se está nos bens, como uma imagem de madeira, e, se está nos veros, como uma imagem de mármore, nas quais não há vida. É diferente com o homem moral espiritual, porque o homem moral natural é um moral externo e o homem moral espiritual é um moral interno; e o externo sem o interno não vive. Vive, é certo, mas não a vida que se chama vida.” Mas, o tema de hoje não é “os bens devem ser feitos”? Por que, então, estamos repetindo o que já vimos, que “os males não devem ser feitos”? Estamos repetindo para mostrar que tanto uma ação quanto outra têm um PORQUE, e são qualificadas por esse “porque”, que é a razão ou motivo pelo qual agimos ou deixamos de agir. Porque, da mesma forma que, se uma pessoa se abstiver do mal por causa dos vínculos externos somente, não os deixa de fazer em espírito, assim também, se a pessoa fizer o bem por razões do mundo e de si, ela não os faz realmente em espírito, e o bem que fizer será apenas o bem natural, sem vida. Vamos esclarecer mais este ponto com Mateus 6:1-4: “Atentai que não façais vossa esmola perante os homens, para que sejais vistos por eles; de outra maneira, não tereis galardão diante de vosso Pai que está nos céus. Portanto, quando deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem nas sinagogas e nas ruas os hipócritas, para serem honrados pelos homens. Em verdade vos digo que já têm seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a tua direita. Para que tua esmola seja em oculto, e teu Pai, que vê em oculto, ele te retribuirá em público.” O bem que é feito por razões do mundo e de si é o que as Doutrinas chamam de bem meritório – a pessoa faz para ter merecimento. O motivo legítimo para fazermos os bens é, portanto, porque eles vêm de Deus e são de Deus em nós, e nenhum mérito temos neles, nem pretendemos ter proveito em fazê-los. Sem esse motivo, o bem que fizermos será como uma fruta bela por fora, mas apodrecida por dentro e comida por vermes. E nós aprendemos nos Escritos de Swedenborg que o Senhor, e os anjos, veem e julgam as intenções da pessoa, porque das intenções dependem os atos. Mas, ouvindo isso, alguém poderia questionar: “Mas a Palavra diz em vários lugares que nós seremos julgados segundo as nossas obras”. Sim, é verdade. Mas as obras são apenas o corpo e a roupagem da intenção. A intenção, por sua vez, é a alma e a qualificadora das obras. Nós, homens e mulheres neste mundo, só podemos – e devemos – julgar as obras que vemos numa pessoa; não podemos julgar as intenções dela, pois não vemos seu espírito. E muitas vezes erramos quando atribuímos intenção a uma pessoa, além de seus atos. Mas os anjos veem as intenções por trás dos atos e nunca erram, pois estão na luz Divina do céu. Então, dizer que seremos julgados segundo nossas obras ou segundo as intenções, dá no mesmo, pois o julgamento é feito no nosso plano espiritual. Por que motivo estou fazendo esse ou aquele bem? Esta é a pergunta que devemos sempre nos fazer. Para parecermos pessoas boas e honradas aos olhos do mundo? Para sermos recompensados, elogiados? Ou porque o bem é de Deus e vem de Deus? Dependendo da resposta que dermos a essa pergunta, o mesmo ato que praticarmos pode ter raízes boas ou más; pode ser inspirado e auxiliado pelos céus ou pelos infernos. O mal e o bem são coisas diametralmente opostas. Quanto mais nos afastamos de determinado mal, mais somos levados por Deus na direção do bem que é oposto àquele mal. Quando fazemos o autoexame e descobrimos em nós males que são pecados contra Deus, mesmo que estejam só na intenção, devemos começar a nos abster daquele mal. E quanto mais o combatemos como se fosse por nossa própria força, mais o Senhor nos leva a amar e a fazer o bem que é oposto àquele mal. Nosso empenho deve ser de não fazer o mal, porque assim poderemos ser instrumentos do bem. Vejamos isto bem claramente explicado na obra Doutrina de Vida: “Quanto mais alguém foge dos homicídios de todo gênero como pecados, mais tem amor para com o próximo. Pelos homicídios de todo gênero se entendem também as inimizades, os ódios e as vinganças de todo gênero, que respiram a morte, porque o homicídio está latente nesses sentimentos como o fogo na lenha sob a cinza; o fogo infernal não é outra coisa; é por isso que se diz: “arder de ódio” e “inflamar por vingança.” Esses são os homicídios no sentido natural. Mas, no sentido espiritual, pelos homicídios se entendem todos os modos, que são variados e em grande número, de se matar e destruir as almas dos homens. E, no sentido supremo, por “homicídio” se entende ter ódio ao Senhor. Como esse bem e esse mal são opostos, segue-se que um é afastado pelo outro. Dois opostos não podem estar juntos, da mesma maneira que não podem estar juntos o céu e o inferno. Quando o homem não está mais no mal do homicídio, mas no bem do amor para com o próximo, então tudo o que ele faz é o bem desse amor, por consequência, é uma boa obra. (67 -72) “Quanto mais alguém foge dos adultérios de todo gênero como pecados, mais ama a castidade. Por “adulterar”, no sexto preceito do Decálogo, entende-se, no sentido natural, não só praticar escortação, mas também fazer obscenidades, dizer lascívias e pensar indecências. No sentido espiritual, porém, por “adulterar” entende-se adulterar os bens da Palavra e falsificar os seus veros. Mas no sentido supremo, por “adulterar” se entende negar o Divino do Senhor e profanar a Palavra. Que quanto mais alguém foge do adultério, mais ama o casamento, ou, o que é o mesmo, quanto mais alguém foge das lascívias do adultério mais ama a castidade do casamento, é porque a lascívia do adultério e a castidade do casamento são dois opostos. Por isso, quanto mais alguém não está em um, mais está no outro, exatamente como foi dito acima” (74-75). “Quanto mais alguém foge dos roubos de todo gênero como pecados, mais ama a sinceridade. Por “roubar”, no sentido natural, se entende não só roubar e assaltar, mas também fraudar e tomar de outrem seu bem sob um pretexto qualquer. Mas por “roubar”, no sentido espiritual, se entende privar os outros dos seus veros da fé e dos seus bens da caridade. No sentido supremo, por “roubar” se entende tomar do Senhor as coisas que Lhe pertencem e atribuí-las a si próprio, por consequência arrogar-se para si justiça e mérito. Que quanto mais alguém foge do roubo como pecado, mais ama a sinceridade, é porque o roubo é também uma fraude e a fraude e a sinceridade são dois opostos. Por isso, quanto mais alguém não está na fraude, mais está na sinceridade. Por sinceridade entende-se também a integridade, a justiça, a fidelidade e a retidão” (80-83). “Quanto mais alguém foge dos falsos testemunhos de todo gênero como pecados, mais ama a verdade. No sentido natural, por “dar falso testemunho” se entende não só ser testemunha falsa, mas também mentir e difamar. No sentido espiritual, por “dar falso testemunho” entende-se dizer e persuadir que o falso é o vero e que o mal é o bem e vice-versa. E, no sentido supremo, por “dar falso testemunho” entende-se blasfemar contra o Senhor e a Palavra. Visto que a mentira e a verdade são dois opostos, segue-se que, quanto mais alguém foge da mentira como pecado, mais ama a verdade. Quanto mais alguém ama a verdade, mais ele quer conhecê-la e é afetado de coração quando a encontra. Nenhum outro vem à sabedoria. (87-89).
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