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O Juízo Final - 5

Quinta videoconferência de uma série

sobre o opúsculo O Juízo Final e a Babilônia Destruída, de E. Swedenborg

 

 

I. O terceiro ponto singular da fé: Os males não devem ser feitos porque são do diabo e vêm do diabo.

II. Importância e necessidade da penitência dos males.

III. Autoexame e confissão de males como pecados.

 

Em nossas reuniões anteriores estivemos estudando a respeito do Juízo Final e, também, a respeito de doutrinas fundamentais da Igreja, conforme são expostas nas obras de Swedenborg. Vimos: a) que o dia do juízo não deve e não pode ser entendido como o fim do mundo; b) que procriações do gênero humano jamais cessarão; c) que o céu e o inferno procedem do gênero humano; c) que todos os que viveram e morreram, desde o começo da criação, estão no mundo espiritual; d) por isso, é lá que deve ser feito o juízo, e não na terra; e) e vimos que o juízo ocorre no fim da igreja, quando não há mais caridade e, por conseguinte, fé.

Também vimos, paralelamente, a) que a ideia a respeito de Deus é a principal de todas as ideias; b) que há um só Deus, em quem está a Trindade, e o Senhor Jesus Cristo é esse Deus; c) que a fé que salva é crer n’Ele

Dando continuidade, hoje veremos que os males não devem ser feitos porque são do diabo e vêm do diabo.

E o que são os males?

Sabemos que o ser humano nasce com o entendimento nulo e vazio, diferentemente dos animais irracionais, que já nascem dotados de todo conhecimento de precisam, pelo instinto. Isto se deve a que o homem tem racionalidade e liberdade, e seu entendimento deve ser formado pelas noções que ele livremente adquirir do que é certo e errado. Quanto mais verdadeiras forem as noções que ele adquirir, mais seu entendimento será são, e mais o indivíduo será humano. Os conceitos de bem e mal, dependem, portanto, da instrução pela qual a pessoa cultiva seu entendimento.

Existe uma linha de pensamento que afirma que o bem e o mal são conceitos relativos; o que é bem para um pode não ser bem para outro. Nessa relatividade, o homem pode considerar que o bem é aquilo que para ele é agradável ou vantajoso, o que lhe satisfaz, e o mal é aquilo que contraria sua satisfação. Mas, se numa sociedade humana, cada um definir assim o que é bom para si, e viver de acordo com isso, o resultado será o caos. Pagar impostos, por exemplo, não pareceria um bem, ao passo mas apropriar-se das coisas alheias, sim, porque isso satisfaz a sua cobiça.

Concluímos, então, que os conceitos de bem e mal não podem ser relativos ou individuais, mas têm de ser absolutos, coletivos e compartilhados por toda a sociedade, para que haja convivência harmônica dos indivíduos. O que é bom para o grupo deve ser bom do mesmo modo para o indivíduo, e o mal da mesma forma.

É por isso que existem as leis civis, para que a sociedade não se desintegre pelo egoísmo ou pela anarquia, porque as ambições de riqueza e domínio de cada destruiriam não só a sociedade, mas toda a humanidade. E para que o homem não vagueie na incerteza do que é de fato o bem e o mal, Deus lhe deu os Dez Mandamentos, que estabelecem conceitos absolutos de bem e mal. Sobre isso, lemos na obra Doutrina de Vida (53): “Qual é o povo, em todo este globo terrestre, que não sabe que é um mal roubar, cometer adultério, matar e dar falso testemunho? Se os povos o ignorassem e não procurassem por leis prevenir tais ações, seria o fim para eles, porque sem essas leis as sociedades, as repúblicas e os reinos pereceriam.

“Quem, pois, pode presumir que o povo israelita tenha sido mais estúpido que todos os outros, ao ponto de ignorar que essas ações fossem males? Pode-se, pois, ficar admirado que tais leis, universalmente conhecidas em toda a terra, hajam sido promulgadas da montanha do Sinai com tantos milagres, por JEHOVAH Mesmo. Mas escuta: Essas leis foram promulgadas no meio de tantos milagres, a fim de que se soubesse que eram leis não somente civis e morais, mas também espirituais; e transgredi-las era não só fazer mal ao concidadão e à sociedade, mas também pecar contra Deus. Eis porque tais leis, pela promulgação que delas fez JEHOVAH da montanha do Sinai, tornaram-se leis de religião; porque é evidente que tudo o que JEHOVAH Deus ordena, Ele o ordena para que seja coisa de religião, para que seja feita em vista d'Ele Mesmo e por causa da salvação do homem.”

Eles estão acima do arbítrio do homem, e servem para ensinar que males são esses que devem ser evitados por serem pecados. Independentemente de a pessoa aceitá-los ou obedecê-los, os Mandamentos Divinos são leis para serem seguidas e há consequências para quem as infringir, porque da obediência deles depende o bem espiritual do ser humano. Por necessidade da Ordem, Deus outorga as Leis e não pode sujeitá-las ao bel prazer do homem. É como a lei da gravidade. Ela existe, quer queiramos, quer não. Somos livres para ignorá-la, mas certamente sofremos consequência quando a infringimos.

Os males são, portanto, uma infração aos Mandamentos Divinos. Sobre a necessidade de afastar os males lemos em VRC (520, 521, 522): Todo mal, se não é afastado, permanece no homem, e o homem, se permanece em seus males, não pode ser salvo”. “O homem nasce inclinado aos males de todo gênero; e, se não os afasta em parte pela penitência, permanece neles, e o que permanece neles não pode ser salvo…. O mal hereditário não vem de outra parte senão dos pais; não o mal mesmo, que o homem comete na atualidade, mas a inclinação para esse mal... Esta inclinação e esta tendência para os males, transmitidos pelos pais aos filhos e aos descendentes, são quebradas unicamente pelo novo nascimento que o Senhor dá e que é chamado regeneração”.

“Os males devem afastados antes que os bens possam ser recebidos.”

A vida espiritual começa no homem quando ele recebe as verdades da Palavra e, pela prática delas, recebe os bens da caridade. As verdades podem ser recebidas a qualquer tempo; basta que haja desejo de conhecê-las. Quando há afeição pela verdade, Deus concede que nossa mente seja elevada até à luz do céu para ver e compreender a verdade. E quando a verdade é reconhecida como tal, ela se torna a nossa fé.

Dissemos que as verdades podem ser recebidas a qualquer momento ou estado da mente porque elas podem entrar no entendimento e estar junto com as ideias ilusórias e até falsas que a pessoa tenha. Com os bens, no entanto, não é assim. Os bens não podem ser recebidos em qualquer momento ou estado, isto é, antes que os males sejam afastados. Os males devem ser afastados primeiro, para que os bens sejam recebidos. E quanto mais os males são afastados, mais os bens podem ser recebidos. E o oposto também é verdadeiro: quanto mais a pessoa permite os males dominarem sua vontade, menos ela pode receber os bens de Deus. E sem os bens Divinos não há vida espiritual, mas morte. A recepção dos bens é um e novo nascimento da mente, pois é um novo modo de pensar e um novo modo de agir. É esse novo nascimento que o Senhor citou a Nicodemos:

“Em verdade, em verdade te digo, que aquele que não tornar a nascer, não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode o homem nascer, sendo já velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo, que aquele que não nascer de água e de Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido de carne é carne, e o que é nascido de Espírito é Espírito. Não te maravilhes de que te disse: Necessário vos é tornar a nascer”. João 3:3-7 (ARe)

A necessidade de os males serem afastados primeiro, para que os bens sejam recebidos, foi ilustrada assim em VRC 511: “Alguém pode pôr ovelhas, cabritos e cordeiros nos campos ou nas florestas, onde há bestas ferozes de toda espécie, antes de ter expulsado estas bestas? E alguém pode dispor em jardim uma terra cheia de espinheiros, de sarças e de urtigas, antes de ter arrancado essas plantas nocivas? ... Dá-se o mesmo com os males no homem.”

Os males são afastados por meio da penitência.

Esse termo, ‘penitência’, é muito utilizado nas obras de Swedenborg, mas, por causa das várias acepções que tem nossa língua, precisamos defini-lo no contexto de nossa doutrina, e começamos dizendo o que não é penitência. Não é essa punição ou pagamento de pena, ou fazer um sacrifício ou uma compensação, como entendem em geral os católicos. Não se paga pelos pecados cometidos.

Penitência também não é o simples arrependimento ou a contrição da mente, porque o mero sentimento de pesar não significa necessariamente que o mal foi afastado ou que não será cometido novamente. O remorso é útil se levar a um mudança de hábito, mas, sozinho, nada produz para a vida espiritual.

Além disso, o termo ‘arrependimento’ é às vezes confundido com vergonha. Vemos que, quando alguém é apanhado em flagrante em um crime, muitas vezes se diz arrependida; mas, em geral, o que ela realmente sente é vergonha e humilhação por ser descoberta, pois, se não fosse apanhada, continuaria a praticar o crime sem sentimento algum de pesar.

Então, o que é penitência? Lemos em VRC 510 que “Os atos de penitência são todos os que fazem com que o homem não queira mais os males, que são pecados contra Deus, e, por conseguinte, não os faça mais.” É um conjunto de atitudes e ações que a pessoa toma e pratica a fim de afastar-se dos males. Em geral, são os seguintes: a) examinar-se, b) ver os males que há em sua vontade e seu pensamento; c) reconhecer-se culpado por causa deles, d) confessá-los ao Senhor, e) suplicar o auxílio do Senhor e f) abster-se daí em diante de praticar aqueles males por serem pecados contra Deus.

O conhecimento do pecado é provido pelo ensinamento religioso, desde a infância, e também pelas leis civis da justiça, que ensinam coisas semelhantes às do Decálogo, “pois o mal do pecado não é outro senão o mal contra o próximo, e o mal contra o próximo é também o mal contra Deus, mal que é o pecado.” “Todavia, o conhecimento do pecado nada faz, se o homem não examina os atos de sua vida, e não vê se fez algum pecado em segredo ou em público.... O homem se examina segundo seus conhecimentos do pecado, e descobre em si algum mal particular, e se diz: Este mal é um pecado; e pelo temor da pena eterna se abstém dele.” (VRC 525).

Cumpre saber que o autoexame é para identificar em si os males e não para procurar a própria bondade. E “é examinar não somente os atos de sua vida, mas também as intenções da vontade. É porque o entendimento e a vontade fazem os atos; com efeito, o homem fala pelo pensamento, e age pela vontade, por isso a palavra é o pensamento falante, e a ação é a vontade atuante; e como é daí que vêm as palavras e as ações, segue-se indubitavelmente que é o pensamento e a vontade que pecam quando o corpo peca; e mesmo o homem pode fazer penitência dos males que fez, pelo corpo, e não obstante pensar e querer o mal; mas é como se cortasse o tronco de uma árvore má, e se deixasse na terra a raiz, de onde esta árvore má cresceria de novo, e se estenderia em torno; mas é diferente quando a raiz é arrancada também, e isso se faz no homem quando ao mesmo tempo ele examina as intenções de sua vontade e afasta os males pela penitência.”

 O modo do auto exame é explicado bem claramente em VRC 532: “O homem examina as intenções de sua vontade, quando examina seus pensamentos, pois é neles que as intenções se manifestam; assim, quando seus pensamentos são levados para as vinganças, os adultérios, ou roubos, os falsos testemunhos e as cobiças por esses males, e também para as blasfêmias contra Deus, a Palavra santa e a Igreja, etc., ele quer estes males e os tem em intenção. Se, entretanto, dirige sua atenção para estes males, e examina se os faria supondo que não tem a temer a lei nem a perda de sua reputação, e se depois do exame pensa que não os quer porque são pecados, faz uma penitência verdadeira e interior; e, sobretudo, se resiste e se abstém, quando está no prazer destes amores e ao mesmo tempo na liberdade de os fazer; aquele que faz isso várias vezes, percebe como desagradáveis os prazeres dos males quando eles voltam, e enfim os condena ao inferno; é isto o que é entendido por estas palavras do Senhor: “Aquele que quer achar sua alma a perderá, e aquele que tiver perdido sua alma por causa de Mim a encontrará” (Mateus 10:39). Aquele que afasta os males de sua vontade por esta penitência, é semelhante ao que arranca de seu campo no tempo conveniente o joio semeado pelo diabo, donde resulta que as sementes que foram .postas pelo Senhor Deus Salvador encontram um húmus livre, e dão uma abundante seara (Mateus 13:25 a 31)”. (VRC 532)

A confissão de males.

O pecado é a doença da alma, pois enfraquece, aleija e destrói a vida espiritual exatamente como as doenças fazem com o corpo, e levam enfim à morte. Que o pecado seja a doença da alma vê-se pelo Salmo 41:4: “Eu dizia: Senhor, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.” Quando a pessoa vai ao médico para se tratar de alguma enfermidade, o médico lhe pede exames para que possa fazer o diagnóstico correto. Isto vai mostrar que enfermidade exatamente ela tem e que remédio ele vai receitar. Depois, se ela tomar o remédio conforme a prescrição, pode ficar curada daquela doença. De nada adiante se a pessoa disser ao médico: “Estou todo doente, doutor. Quero ser curado”, mas não relata os sintomas e não se submete aos exames necessários. Assim também, de nada adianta uma confissão genérica: “Sou pecador, Senhor; perdoa-me”, porque essa confissão genérica não identifica nenhum pecado que deva ser afastado.

“A confissão só de boca, como um reconhecimento geral de que se é pecador, nada faz. Só a confissão dos lábios de que se é pecador não é a penitência”. (VRC 516). “A penitência não é possível, a não ser que o homem saiba, não somente de uma maneira universal, mas ainda nos menores detalhes, que é pecador, o que ninguém pode saber, se não se examina, não vê os males em si, e não se condena por estes, males”. (VRC 513).

É diferente, porém, quando a pessoa reflete e se examina, procurando saber o que ela faria numa situação hipotética em que não precisasse temer a punição da lei, ou a perda da reputação, ou a perda do ganho, em outras palavras, se fosse absolutamente livre para agir, não importa quais fossem as consequências. Nesse caso, em plena liberdade, para onde seu pensamento a dirige, o que ela teria intenção de fazer? É assim que ela conhece as inclinações de seu proprium, sua real vontade. Ela descobre o que nela reside por trás da aparência de civilidade e de moralidade que a vida no mundo impõe. E, ao descobrir suas intenções reais, ela deve focalizar sua atenção em duas ou três dessas intenções do mal de cada vez e determinar que são esses os males que ela deverá combater como pecado contra Deus, no campo de combate interior do pensamento.

Essas intenções, agora manifestas claramente no pensamento, serão os inimigos de dentro a serem expulsos e renegados por serem pecados contra Deus. É o velho homem que deve ser crucificado, para que um novo surja.

É claro que essa reflexão e essa descoberta das intenções reais depende de uma certa capacidade de introspecção, e nem todos têm entendimento para fazer isso. “Há alguns que não podem se examinar, por exemplo, as crianças, os meninos e as meninas antes de terem atingido a idade em que se goza da intuição; semelhantemente os simples, que não têm qualquer reflexão; depois também todos aqueles que não têm o temor de Deus; e além destes alguns doentes do espírito e do corpo.” (VRC 527). Neste caso, as doutrinas ensinam uma fórmula mais simples de penitência: basta que, quando alguém notar em seu pensamento a cobiça para praticar determinado mal, dizer: “Eu quero isso e tendo para isso, mas, como é um pecado contra Deus, não o farei”.

Esta é a penitência efetiva, e é uma luta que não é fácil a princípio, porque, afinal de contas, está-se combatendo a própria e velha natureza, o império do egoísmo, os hábitos há muito estabelecidos e, talvez, profundamente enraizados. Por isso, em alguns casos, essa luta para abster-se do mal pode durar até anos, dependendo da profundidade do enraizamento da malícia na vontade. Trata-se de uma luta diária contra si mesmo. Por isso o Senhor falou em Lucas 9:23, diz: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.”

Mas, à medida que persiste nesse combate, a luta vai-se tornando menos árdua. Aos poucos, aquele determinado pecado que parecia impossível de vencer, se torna menos atraente, menos “tentador”. E com a persistência, a pessoa começa a sentir menos atração por aquele mal, que se torna para ela um desprazer e, finalmente, a pessoa tem aversão àquilo. Esse processo ocorre porque, cada vez que a pessoa combatia o mal no pensamento consciente, o Senhor o estava erradicando interiormente na vontade. O homem agiu como por si mesmo, mas foi o Senhor quem, de fato, agiu por Ele e triunfou sobre o mal.

Falando, ainda, sobre a confissão (VRC 538), “é preciso que a confissão seja feita diante do Senhor Deus Salvador, e que haja então suplicação por socorro e por força para resistir aos males. Que é preciso se dirigir ao Senhor Deus Salvador, é porque Ele é o Deus do Céu e da Terra, o Redentor e o Salvador, a quem pertence a Onipotência, o Onisciência, a Onipresença, a Misericórdia mesma e ao mesmo tempo a Justiça, e porque o homem é Sua criatura, e a Igreja seu aprisco.

“Há dois deveres que o homem deve cumprir depois do exame, é a Suplicação e a Confissão. A Suplicação será que o Senhor tenha piedade, dê o poder de resistir aos males de que se arrependeu, e conceda a inclinação e a afeição para fazer o bem, pois que sem Ele o homem nada pode fazer (João 15:5).

“A confissão será ver, conhecer e reconhecer seus males, e se ter por um miserável pecador. Diante do Senhor não é necessária a enumeração dos pecados, nem suplicar pela sua Remissão; que não haja necessidade da enumeração dos pecado, é porque o homem os examinou e os viu em si, e por conseguinte eles estão presentes no Senhor, porque estão presentes no homem; o Senhor o dirigiu mesmo no Exame, Ele lhos fez descobrir, e lhe inspirou uma profunda dor, e com esta dor o desígnio de desistir deles e de começar uma nova vida.

“Se diante do Senhor não deve ser feita suplicação para a remissão dos pecados, eis as razões: A primeira, é que os pecados não são anulados, mas são afastados, e são afastados conforme o homem em seguida renuncia a eles e entra em uma nova vida; pois há inumeráveis cobiças que são ligadas como em pelotão a cada mal, e que não podem ser afastadas em um momento, mas que o são progressivamente, à medida que o homem se deixa reformar e regenerar.

“A segunda razão, é que o Senhor porque é Misericórdia mesma, redime todos os seus pecados, e não imputa nenhum só a, quem quer que seja, pois Ele disse: “Eles não sabem o que fazem”; não obstante eles não foram por isso retirados. Quando Pedro lhe perguntou quantas vezes devia perdoar a seu irmão as suas faltas, se seria até sete, Ele lha respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mateus 18:21, 22); se o homem deve perdoar assim, com quanto mais forte razão o Senhor?.

“Aqueles que não se examinam, mas não obstante renunciam aos males porque são pecados fazem também Penitência; e esta Penitência tem lugar naqueles que fazem pela Religião as obras da Caridade. Entretanto todos os que fazem o bem pela religião, não somente os cristãos, mas também os pagãos, foram aceitos pelo Senhor, e são adotados depois da morte; pois o Senhor disse: “Tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era estrangeiro e me recolhestes; nu, e me vestistes; doente, e me visitastes; estava na prisão, e fostes me ver. E disse: Quando o fizestes a um destes menores dos meus irmãos a Mim o haveis feito. Vinde, benditos do meu Pai, possuí como herança o Reino, preparado para vós desde a fundação do Mundo” (Mateus 25: 34 e segs.). (VRC 535, 536).

Finalmente, concluímos com este conselho de Swedenborg ao leitor: “Tu, meu amigo, foge do mal e faz o bem, e crê no Senhor de todo teu coração e de toda tua alma; e o Senhor te amará, e te dará o amor para fazer e a fé para crer; e então pelo amor farás o bem, e pela fé, que é a confiança, tu crerás; e se perseverares assim, far-se-á uma conjunção recíproca, e esta é a conjunção perpétua, que é a salvação mesma e a vida eterna mesma.” (VRC 484).


 

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Atualização: Dezembro, 2022 - doutrinascelestes@gmail.com -