32.1.1 - As pessoas não costumam ler
os livros proféticos da Bíblia tanto quanto os demais livros. Os livros
contendo a Palavra Divina -de Isaías a Malaquias- também são, de certa
forma, pouco lidos em casa. São tidos como leitura pesada, inadequada para os
jovens. É verdade que os profetas fazem amplo uso de metáforas, símbolos e
parábolas; entretanto, a maior porção de seus escritos é constituída de
afirmações verdadeiras que requerem pouca ou nenhuma explicação. Esses
livros são um retrato vivo da época em que foram escritos. Nenhum livro de
história mostra mais eloqüentemente o curso da decadência e queda de uma
grande nação. Os profetas nos levam às raízes de todas as degenerações
humanas. Estudando seus escritos, entenderemos melhor nosso tempo e saberemos
como evitar a degeneração da raça. O que pode ser mais interessante? mais
instrutivo? Com a cooperação interessada do estudante, o estudo dos Profetas
será mais interessante do que poderíamos imaginar e perfeitamente adequado
para o ensino dos jovens. Eles são documentos vivos.
32.1.2 - É interessante estudar os
profetas e aprender o que pudermos sobre sua época e sobre os povos a quem
pregaram. Isso nos ajuda a entender o cerne de sua mensagem. Porém, com a
leitura continuada de seus livros, concluímos que sua mensagem é universal.
Suas denúncias e promessas são válidas para nós e para as pessoas de todas
as épocas. Desde remotos acontecimentos em Judah emanam promessas para todo o
mundo, especialmente da vinda do Senhor.
32.1.3 - Em nossa Bíblia, os livros
dos Profetas não se acham dispostos cronologicamente. A ordem adotada é
aquela ditada pelo Senhor. A Palavra Divina não nos foi transmitida para nos
ensinar história, mas para guiar-nos no caminho do céu. Portanto, há uma
razão espiritual para os livros dos profetas seguirem, em série, de Isaías
à Malaquias.
32.1.4 - Como já foi visto
anteriormente, o Antigo Testamento hebraico é dividido em três partes, a
saber :
1. A Lei (constituída pelos cinco
livros de Moisés);
2. Os Profetas (que incluem Josué,
Juízes, Samuel, Reis, e os livros de nossa Bíblia, de Isaías à Malaquias,
com exceção de Daniel e Lamentações.
3. Os Escritos (que englobam os
outros doze livros de nossa Bíblia: Rute, Crônicas, etc.
Trataremos agora dos Profetas. Esses
livros estão subdivididos em duas seções: Os Profetas Maiores e os doze
Profetas Menores. Os Profetas Maiores nos revelam o poder salvador da fé; os
profetas menores nos revelam o poder do amor. É difícil compreender essas
generalizações. Contudo é preciso tê-las em mente, pois as indagações
serão respondidas mais tarde.
32.2 - De Isaías a
Malaquias
32.2.1 - Os profetas que encontramos
nas histórias da Bíblia são homens a quem o Senhor transmitiu a Palavra
para que eles a propagassem ao povo. Elias, por exemplo, foi aquele profeta
que viveu em Israel e enfrentou perseguições para transmitir as palavras do
Senhor. Foi ele que desafiou centenas de falsos profetas, os sacerdotes de
Baal, ao oferecer sacrifícios ao Senhor JEHOVAH no Monte Carmelo. Eliseu foi
seu servo e o sucedeu como profeta. Isaías foi profeta em Jerusalém no tempo
do reinado de Ezequias. Outro profeta dessa mesma época foi Miquéias. O rei
Josias recebeu as instruções do Senhor através da profetisa Huldah.
Sofonias era um profeta nos tempos de Josias. Foi também durante o reino de
Josias que o Senhor chamou Jeremias para ser Seu profeta. A história desses
profetas foi registrada por muitos autores nos livros históricos do Antigo
Testamento. Mas muitos deles escreveram, eles mesmos, as suas profecias que
foram depois constituir os vários livros proféticos.
32.2.2 - Os livros dos profetas
formam o último grupo de livros do Antigo Testamento. Primeiro vêm os quatro
livros mais extensos, que, devido à sua extensão, são chamados Profetas
Maiores: Isaías, Jeremias (com as Lamentações), Ezequiel e Daniel. Depois
vêm outros doze livros que, devido ao fato de serem mais curtos, são
chamados de Profetas Menores. Vale a pena aprender seus nomes e a ordem em que
aparecem. Não temos os livros de Elias ou Eliseu ou de Huldah, a profetisa,
mas temos o livro de Isaías e os livros de Miquéias, Sofonias e Jeremias,
que viveram em Jerusalém na época que estamos estudando. Quando o povo de
Judah foi levado cativo para a Babilônia, Jeremias era o grande profeta de
Jerusalém, e Ezequiel e Daniel estavam entre os cativos.
32.2.3 - O Senhor escolheu os Seus
profetas e os Seus discípulos dentre pessoas do povo e lhes deu tarefas e Sua
Palavra para que eles a propagassem. Isaías e Miquéias, por exemplo,
rejeitaram a conduta opressiva dos poderosos e seu falso culto do Senhor,
denunciando seu comportamento diabólico. (Ver Isaías 1:1-20 e Miquéias
6:1-8). Quando comparar os dois profetas, note que ambos usam quase as mesmas
palavras em Is. 2:1-5 e Miq. 4:1-5. (Veja também as profecias sobre a vinda
do Senhor em Isaías 7:14, 15;9:6, 7;11:1-8 e em Miquéias 5:2).
32.2.4 - A palavra
"profeta" designa alguém que faz profecias ou previsões. Estamos
tão habituados a esse conceito, que temos dificuldade de admitir qualquer
outro. Entretanto, "profeta", na acepção usada nas Escrituras,
quer dizer "aquele que prega em prol de" ou "em nome de"
outro. (Veja Êxodo 4:16;7:1).
32.2.5 - Os registros da história do
povo de Israel, no Antigo Testamento, falam da conquista da terra, o
estabelecimento do trono de David e a subseqüente degeneração e queda de
Israel e Judah - puramente história. Eles dramatizam o progressivo
aparecimento das fraquezas da carne que separam um homem de seu próximo. E as
pregações dos últimos profetas, entendidas em seu espírito, revelam os
males que separam o homem de seu Criador. A revelação é feita para
construir o Reino do Senhor na terra e colocar o homem em comunhão com o
Senhor. A palavra dos profetas, voltada para o futuro, significa,
simplesmente, a certeza Divina do poder da Palavra que se vai materializar, de
uma forma ou de outra, na vida dos homens.
32.3 - O estilo dos
livros proféticos
32.3.1 - Da obra do Dr.John Smith, de
Cambleton, um comentarista bíblico do século passado, chamada "A
Summary View and Explanation of the Writings of the Prophets" tiramos a
seguinte observação, que resume muito bem a opinião comum a respeito do
estilo destes livros: "Os escritos dos profetas, os mais sublimes e belos
do mundo, perdem muito de sua utilidade e efeito nas almas dos homens, pelo
fato de não serem plenamente compreendidos. Muitas passagens são um tanto
obscuras até que os eventos as expliquem. Além disso, foram dados em termos
tão figurativos e elevados, e com alusões tão freqüentes aos costumes e
maneiras de tempos e lugares tão remotos, que os leitores comuns não podem,
sem auxílio, ser capazes de entendê-los. Por isso é útil tornar a
linguagem da profecia tão inteligível quanto possível..."
32.4 - Além destes, muitos outros escritores e
comentaristas, bem como estudiosos e leitores dedicados da Bíblia têm
enfrentado dificuldades com o estilo peculiar dos profetas, onde alguns
trechos são literalmente incompreensíveis. Sabemos, porém, que o estilo da
Palavra é muito especial, porque é um estilo Divino. São instruções que
não se limitam à superfície da letra, mas se encerram em níveis cada vez
mais profundos -ou elevados- da verdadeira sabedoria. E, por causa desses
níveis interiores, as expressões literais, que são alegorias ou tipos
simbólicos, podem parecer estranhas enquanto não forem desvendados. Como
vemos no Apocalipse, a Palavra é um livro selado com sete selos que ninguém,
exceto o Cordeiro, foi considerado digno de abrir e revelar o seu conteúdo.
Assim, os textos proféticos foram dados como parábolas cujo significado só
seria desvendado na época certa, para fazer sair a sabedoria ali encerrada,
para uso da renovação da fé cristã.
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