31a.1 - Este livro é chamado também
de "Cântico dos Cânticos" por causa de seu título hebreu: "Shir
Hashshirim", que melhor traduzido é "A Ode das Odes", talvez
numa referência às outras composições poéticas de Salomão, que teriam
sido 1.005, sendo esta a mais excelente. Uma confirmação de que o autor dos
"Cantares" seria mesmo Salomão é o fato de o estilo ser semelhante
ao da parte de Eclesiastes que leva o seu nome.
31a.2 - Esta obra fala da celebração
de um casamento em tons joviais e ricos em simbolismo. É considerado o
epitalâmio (espécie de cântico nupcial) da união entre Salomão e a filha
de Faraó. Mas, se se deve tomar ao pé da letra as palavras desta ode, é
difícil que o casamento aí celebrado seja com a filha de Faraó, porque,
além do fato de Salomão ter tido 300 esposas e 700 concubinas, o texto fala
da jovem noiva como sendo negra (traduzido por "morena" em
português). Teria sido, nessa suposição, a união entre Salomão e a rainha
etíope que veio visitá-lo? (II Crônicas 8).
31a.3 - O fato é que muitos
comentaristas acham que esta ode é toda simbólica, não falando realmente de
um casamento natural. Daí muitos cristãos desenvolveram a hipótese de que
aí é uma celebração do casamento entre Cristo e a Sua Igreja.
"Orígenes chegou a escrever
uma obra de dez volumes a respeito deste único lies chegou a escrever
uma obra de dez volumes a respeito deste único livro. No início da Era
Cristã havia muitas interpretações diferentes dessas odes, e não se
admitia discussão quanto às formas de interpretar. Em meados do século V
de nossa era, um notável exegeta da Antioquia, Teodoro de Mopsueste, foi
excomungado no quarto concílio ecumênico de Constantinopla por ter
sustentado que este livro se ocupa tão somente de amores terrenos; e mil
anos depois, Calvino perseguiu a Castellio, em Genebra, por este ter
demonstrado que o "Cântico" não deveria figurar entre os livros
canônicos do Velho Testamento (J.C.Rodrigues, "Estudo Sobre o Velho
Testamento", pág.412-3).
Um grande número de eruditos
cristãos, como o comentarista Adam Clarke e outros, acreditam que essa
hipótese de uma alegoria entre Cristo e a Igreja realmente não tem
fundamento, especialmente por causa dos termos usados no livro, de certa forma
inadequados para uma tal representação. O livro seria, na verdade, apenas
uma poesia romântica que foi incluída no cânon devido a uma veneração
antiga aos escritos do rei mais sábio de todos os tempos. Um exame cuidadoso
e isento de opiniões preconcebidas apontará para esta conclusão.
31a.4 - Os "Cantares" têm
oito capítulos e 117 versículos.
31A.5 - Assuntos dos
"Cantares"
31a.5.1 - Os oito capítulos foram
divididos pelo Dr.Mason Good (tradutor inglês que viveu no século passado)
em doze idílios distintos. A respeito do tema, assim fala J.C.Rodrigues:
"O livro é, sem dúvida, uma
coleção de poemas, talvez soltos, mas sem dúvida com certa unidade, os
mesmos caracteres aparecendo sempre até o fim. São todos eles poemas de
amor terrestre, de pessoas que se vão casar ou já casadas e sem a mínima
indicação religiosa. É um brilhante esforço literário. ... Todos os
críticos extasiam-se diante das muitas belezas do Cântico. te das muitas belezas do Cântico. ... Tudo no
livro é um primor, como composição artística, cujo grande mérito nos
faz esquecer, às vezes, a questão sobre a sua canonicidade" (Obra
citada).