31.1 - O livro chamado "Koheleth"
(de "assembléia" e também "pregador"), traduzido como
Eclesiastes, também tem sido atribuído a Salomão. Mas um grande número de
estudiosos tem conjecturado que este livro foi escrito muito tempo depois da
época de Salomão, talvez já sob a influência da civilização grega. De
acordo com G.Zirkel, que publicou em 1792 um ensaio sobre este livro, o estilo
que se acha ali é semelhante ao dos escritores hebreus mais recentes, como se
vê pelos caldaísmos e helenismos ali existentes. E que, portanto, seria um
livro escrito entre 380 e 130 antes de Cristo. Mas os judeus, de um modo
geral, bem como Jerônimo, crêem ser o livro uma composição de Salomão,
fruto da época em que Salomão ter-se-ia arrependido de sua idolatria, no fim
da vida.
31.2 - O Eclesiastes é uma
produção de excelente qualidade literária, representando muito bem a
sabedoria da antigüidade. No entanto, sua filosofia de vida tem sido
considerada um tanto depressiva e pessimista, o que o torna desconcertante
para um leitor que o compara com os Salmos, por exemplo.
Segundo o autor J.Rodrigues, este é
um livro "de tom muito diverso de todos os do Velho Testamento e que
reflete a desconfiança que avassalava muitos espíritos superiores dos
judeus. O seu autor, pretendendo sempre aderir à fé dos antepassados, não a
considera, todavia, como a base de uma felicidade indubitável. É um
pessimista que não se atreve a dar de todo as costas ao seu teísmo, esteiado
apenas num vago temor de Deus. Em todo livro nota-se vacilação constante,
esta luta do espírito entre o ceticismo e a verdadeira fé a que o escritor
reverte sempre. Se o livro quis representar os conflitos da vida da fé,
conseguiu pelo menos mostrar muitas de suas dificuldades. Não devemos
julgá-lo pelo nosso padrão cristão, mas pelo de uma época de grande
depressão moral e religiosa, e de servidão nacional, como a em que
floresceu".
Um outro comentarista bíblico, M.
Desvoux, publicou, em 1763, um "Ensaio Poético e Filosófico" sobre
o livro. Segundo ele, o autor do Eclesiastes quis demonstrar a imortalidade da
alma, e que é somente sob este prisma que a obra deve ser entendida e
explicada.
31.3 - O livro tem 12 capítulos e
222 versículos.
31.4 - Assuntos do Livro
do Esclesiastes
1 - O crítico M.Desvoux fez o
seguinte sumário deste livro:
"Todo o discurso pode ser
reduzido em três proposições, como seguem...
Cap.1 a 5:12 - "Proposição 1:
Nenhum labor do homem neste mundo pode fazê-lo feliz ou dar-lhe a verdadeira
satisfação da alma.
Cap.5:13 a 6:11 - "Proposição
2: Os bens e as posses terrenos estão longe de nos fazer felizes, e podem
mesmo ser vistos como obstáculos para a nossa paz, nosso repouso e a
tranqüilidade da mente.
Cap.7 a 10:20 -"Os homens nada
sabem o que lhes é vantajoso ou não, visto que ignoram ou não desejam saber
o que lhes deve acontecer após a morte.
Cap.11: 1 a 4 "Inferências
práticas:
"Da primeira proposição=
Devemos dar aos bens terrenos o uso de que são capazes.
Cap.11:5,6 - "Da segunda
proposição: Devemos, em todas as coisas, nos conformar com os desígnios da
Providência e deixar o desenrolar delas com Deus.
Cap.12:7,8 - "Da terceira
proposição: Devemos buscar a felicidade da vida além da morte.
"Conclusão da obra. Fim do
Cap.12"
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