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A doutrina da Igreja Cristã examinada à luz da Palavra Capítulo 4 - A progressão do conhecimento de Deus no tempo do Novo Testamento
Como os discípulos progrediram no conhecimento de Jesus Os que viriam a ser os discípulos e os primeiros cristãos, bem como os fariseus e o povo judeu, no começo do ministério público de Jesus, estavam em completa ignorância quanto ao Seu caráter Divino. Analisando os conceitos que eles tiveram sobre o Senhor, podemos perceber essa progressão em andamento, elevando-se gradualmente ou, no caso dos que O rejeitaram, degenerando-Se em negação e ódio. Mas a progressão, o desenvolvimento da idéia de Deus, para o bem ou para o mal, era constante. No que se segue, faremos uma síntese dessa progressão com diversas pessoas ou grupo de pessoas. Nosso objetivo, com isso, é levar o amigo leitor a refletir quanto a essa mesma progressão na Igreja cristã de hoje: até que ponto ela chegou no conhecimento de Deus? será que parou? retrocedeu? É nosso desejo contribuir para que o Senhor mesmo o ilumine nessas respostas. Lendo o Novo Testamento e fazendo uma compilação dos diversos conceitos que foram formulados sobre Jesus, podemos classificá-los da seguinte maneira: |
|
Graus do conhecimento: |
Como Ele foi chamado: |
Ocorrência nos Evangelhos: |
- |
Jesus desconhecido pelo povo
|
-Ignorado |
-Período anterior ao Seu ministério público |
1o. nível de conhecimento |
Jesus visto como um homem comum |
O
"carpinteiro", pelos da Sua pátria |
Mc. 6:3;
Lc. 4:22 |
2o. nível de conhecimento |
Jesus visto como um Rabi, Mestre |
"Rabi", por André e
Natanael, os demais discípulos e por Nicodemos |
João 1:38; 1:49; 3:2, 26; 4:31, 6:25; 9:2, 11:8 |
3o. nível de conhecimento |
Jesus visto como o Filho de Davi, herdeiro real |
"Filho de Davi", por vários cegos, pela multidão, pela mulher cananéia, pela multidão à entrada triunfal em Jerusalém; |
Mt. 9:27; 13:23; 15:22; 21:9; Mc.10:47, Lc. 18:39 |
4o. nível de conhecimento |
Jesus visto como um Profeta |
"Profeta", pelo povo |
Mt 14:5; 21:46; Jo. 6:14 |
5o. nível de conhecimento |
Jesus visto como o Messias, |
"Cristo, Filho do Deus vivo", por Pedro |
Mt. 16:16; Mc. 8:29 |
6o. nível de conhecimento |
Jesus visto como o Filho de Deus |
"Filho de Deus", pelos demônios e espíritos imundos |
Mt. 4:3,6; 8:29; Mc. 3:11;
Lc. 4:41 |
7o. nível de conhecimento |
Jesus visto e reconhecido como o próprio DEUS que veio ao mundo |
"Senhor meu e Deus
meu", por Tomé |
Jo. 20:28;
I Jo. 5:20; |
Algumas observações sobre o quadro acima: Praticamente não havia dificuldade alguma em se aceitar que Jesus era Mestre e Rabi. Enquanto era considerado assim, as disputas eram somente quanto às opiniões que Ele tinha sobre as diversas questões que Lhe eram apresentadas. A maioria, se não todas as pessoas, facilmente consideraram-No Mestre e Rabi. Este reconhecimento, diga-se de passagem, podia envolver o nível anterior, ou seja, que Ele continuava sendo um homem normal, um carpinteiro de Nazaré e filho de José. Portanto, os escribas, fariseus e doutores da lei O chamavam de "Mestre" e "Rabi" porque, possivelmente, tinham como certo que Jesus não passava de um homem comum (vide João 10:33) e, depois, um impostor e agitador. Os problemas e disputas surgem quando se começa a considerar Jesus como Profeta (nível 4) e, ainda mais, quando passa a ser visto como o Cristo e Messias (nível 5). Um mestre, "rabi" e um profeta poderiam ser meramente humanos, mas o Messias já teria algo de Divino, mesmo que, como se esperava, o Messias ou Cristo fosse um homem comum, descendente de Davi (Mateus 22:42, Marcos 12:35 e Lucas 20:41); assim os escribas ensinavam, pelo que Jesus procurou mostrar que estavam errados, visto que o Messias não poderia ter um homem (Davi) como Pai (Mateus 22:43-46). Mas, como possivelmente os judeus continuaram na expectativa de um Messias terreno, por isso eles aclamaram Jesus como o "filho de Davi", "que vinha em nome do Senhor" (Mateus 21:9), um rei terreno que fosse sacudir o domínio romano para lhes restaurar a antiga glória da nação judaica. O povo, de um modo geral, seguindo o ensinamento e a concepção dos escribas, chegou somente até esse nível de concepção sobre o Senhor: um Messias humano, filho de Davi, herdeiro legítimo do trono. E foi, muito possivelmente, porque o Senhor lhes frustrou essa expectativa, que eles, cinco dias depois dessa ruidosa aclamação triunfal, bradaram que Pilatos O crucificasse. Além disso, os judeus tinham determinado que, se alguém confessasse ser o Cristo, fosse expulso da sinagoga (João 9:22). Todos os ataques que Jesus sofreu dos infernos foram dúvidas quanto a Ele ser o Filho de Deus. Para aceitá-lo como tal, era necessário reconhecer Sua concepção Divina, e que Ele não era, de modo algum, o filho de José, mas de Deus, ao Qual deveriam, por conseguinte, se sujeitar. Desde as primeiras tentações relatadas, no deserto, até à última, já na cruz, Ele foi rudemente agredido por causa de Seu caráter Divino: "E, chegando-se a Ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães". (Mateus 4:3 "E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo"; (Mateus 4:6 "E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças, dizendo..."Se és Filho de Deus, desce da cruz". (Mateus 27:39, 40 Os demônios que Ele expulsou confessavam desde o início que Ele era o Filho de Deus (Mateus 8:29, Marcos 3:11; 5:7; João 6:69) e o Cristo, mas isso faziam não porque quisessem exaltar a Divindade do Senhor. Ao contrário, os demônios percebiam que o processo de aceitação da Divindade de Jesus pelos fiéis devia ser gradual, à medida do amadurecimento dessa fé e em conformidade com as conclusões a que cada um chegasse, ouvindo-Lhe as palavras, vendo os Seus milagres e, sobretudo, rejeitando a doutrina dos fariseus. Diante disso, os demônios e espíritos imundos quiseram atropelar esse processo, precipitando a exposição de uma verdade para a qual o povo ainda não estava preparado. Realmente, os espíritos imundos pretendia lançar o Senhor contra os fariseus e o próprio povo, escandalizando-os por meio de uma verdade dita fora de hora. Os demônios sabiam em que ponto haveria a maior dissensão quanto ao caráter de Jesus, e queriam o quanto antes antecipar os acontecimentos e impedir a obra Divina. Por isso Jesus ordenava sempre que eles se calassem, quando os expulsava. A despeito de toda adversidade, alguns fiéis seguidores prosseguiram em seu conhecimento de Jesus e foram além de O reconheceram como Profeta, Messias e Cristo, Salvador do mundo. Reconheceram-No como Filho de Deus. Destacam-se, dentre esses, a mulher samaritana e os seus concidadãos que, talvez por não estarem sob a influência e a ameaça dos fariseus judaicos, puderam, em pouquíssimo tempo, ter seus olhos abertos para essa verdade, saindo da ignorância até a aceitação integral de que Ele era o Cristo, Salvador do mundo. "Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. (..) Eu sei qu "Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. (..) Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo. (...) Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, e foi à cidade, e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura não é este o Cristo? E muitos mais creram nEle, por causa da Sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo (João 4: 19-42, p). Além dos discípulos e das mulheres que O seguiram, outros, que também chegaram à concepção de que Jesus era filho de Deus foram o centurião romano e os que com ele vigiavam a crucificação, talvez porque, como os samaritanos, não estivessem sob a influência das idéias preconcebidas da doutrina rançosa dos fariseus: "E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus" (Mateus 27:54, Marcos 15:39). Também foi assim com os discípulos, o que se pode ver especialmente por Felipe e Natanael. No começo, tiveram Jesus como Rabi e Profeta e, mais tarde, Cristo e Filho de Deus (Mateus 14:33, João 1:49, Mateus 16:16). Nota-se que, em todos as falas registradas nos Evangelhos, eles chamaram Jesus de "Rabi" e "Mestre" mais no começo de Seu ministério e, à certa altura, provavelmente em meados desse período, praticamente deixaram de chamá-Lo assim. Judas, no entanto, sempre o chamou de Rabi até o fim, talvez porque realmente duvidasse do caráter Divino de Jesus e, por causa disso, não hesitou em entregá-Lo aos sacerdotes (vide Mt 26:25, 49; Mc. 14:45). Mas os discípulos não pararam, porém, ali. Havia a promessa de que, quando viesse o Consolador, este os guiaria a toda verdade, falando-lhes abertamente a respeito de Deus. (João 16:13, 25) Isto se cumpriu, para eles, logo após a ressurreição de Jesus, pois naqueles dias alcançaram finalmente à concepção sublime de que Jesus, o "Homem profeta, poderoso em obras" que andara entre eles, era o PRÓPRIO DEUS! O primeiro que declarou isso foi Tomé. Quando ressurgiu, na tarde daquele domingo, Jesus estava agora no Humano glorificado. Ele tinha ido para o Pai, isto é, Seu Humano agora estava unido plenamente à Alma eterna, o Humano tomado no mundo estava unido a JEHOVAH, a vida mesma. Jesus era "Immanuel", que quer dizer: "Deus conosco". Ele assim Se apresentou aos discípulos segunda vez, no Corpo glorificado. "Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!" (João 20:27,28). É muito importante notar que Jesus não repreendeu a Tomé por tê-Lo chamado de Deus! Ele o faria prontamente, se assim fosse o caso. Jesus não aceitaria ser chamado Deus e igual ao Pai se Ele mesmo não fosse Deus e o Pai. Assim, ao invés de corrigir Tomé, Ele o censurou por ter sido tardio em compreender essa verdade irrefutável. João, o discípulo que na última ceia se reclinara sobre o Seu seio Divino, no seu Evangelho registrou também essa verdade dizendo que Deus, que era a Palavra, tinha-Se feito Carne e habitara no meio deles! Mais tarde, na sua Epístola, reafirmou que Jesus Cristo era o verdadeiro Deus e a vida eterna (I João 5:20). Judas, em sua breve epístola, fez a seguinte referência: "Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo" (3,4)E Paulo (Colossenses, 2:8,9): resumiu essa verdade dizendo que Jesus Cristo "habita corporalmente toda a plenitude da Divindade". Após a Sua ressurreição e completa glorificação, a completa união das essências Humana e Divina, o Senhor falou aos discípulos como Um só Deus, o todo poderoso: "E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra". (Mateus 28:18). Alguém, pensando pela idéia cristã de hoje, poderia ser levado a interpretar essa afirmação dizendo que Deus, o Pai, transferiu à pessoa do Filho todo o poder. Porém, se assim fosse, a outra suposta pessoa Divina ficaria reduzida a nada. O que Jesus dizia, aqui, era simplesmente que, naquele Humano, de que Ele Se revestira no mundo, estava o todo o poder de salvar, porque ali estava a Alma Divina, habitando aquea a Alma Divina, habitando aquele Humano como num Templo preparado e purificado. E após a ascensão do Senhor aos céus, não havia mais dúvida de que Ele era Deus, visível, revelado, perfeitamente compreensível. Por isso, quando Jesus lhes ordenou que batizassem a todos os que cressem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19), eles saíram batizando... em nome de Jesus (Atos 2:38). Eles não estavam desobedecendo à sublime ordem. Era somente porque o "Nome" do Pai, do Filho e do Espírito Santo é "Jesus", pois que Ele mesmo é Pai quanto à função de nos criar, Filho, quanto ao Humano, que nasceu da Alma, e Espírito Santo pela operação atual em nossas mentes e corações. Quando nomes diferentes são dados a uma mesma pessoa, isto pode trazer alguma confusão a quem não a conhece, mas a pessoa em questão não deixa de ser ela mesma e muito menos se torna em duas, por ter sido chamada de outro modo. Temos um exemplo disso no conhecido versículo de Isaías 9:6, que sintetiza os vários nomes de um mesmo Deus: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Isaías 9:6). Só aqui, sete nomes, sete atributos distintos para um só Deus: "Menino", "Filho", "Maravilhoso", "Conselheiro", "Deus Forte", "Pai" e "Príncipe". O "Menino" é o mesmo "Deus forte", que é também "Pai" e "Filho", ao mesmo tempo. |
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