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A doutrina da Igreja Cristã examinada à luz da Palavra

Capítulo 2 -  A Trindade de Pessoas Divinas

 

Por que uma Trindade de pessoas Divinas parece ter base na Bíblia?

Nas Escrituras Santas encontramos, em toda parte, ensinamentos que nos levam a concluir que existe uma só Pessoa Divina, com uma só natureza e essência. Há muitas passagens que dizem que não pode haver mais de um Deus, portanto mais de uma Pessoa Divina. Destacaremos aqui apenas algumas dessas passagens, para ilustração:

"Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:2,3).

"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é Um SENHOR" (Deuteronômio 6:4).

"Porventura não sou Eu, o Senhor? Pois não há outro Deus senão Eu; Deus justo e Salvador não há além de Mim. Olhai para Mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu sou Deus, e não há outro" (Isa. 45: 21,22).

"Todavia, Eu sou o Senhor teu Deus desde a terra do Egito; portanto não reconhecerás outro deus além de Mim, porque não há Salvador senão Eu" (Oséias 13:4).

"Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e Eu sou o último, e fora de Mim não há Deus" (Isaías 44:6).

"Porque o teu Criador é o teu marido; o SENHOR dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; que é chamado o Deus de toda a terra" (Isaías 54:5).

"E o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o SENHOR, e um será o Seu nome" (Zacarias 14:9).

As passagens citadas aqui se encontram no Antigo Testamento, onde o Senhor é chamado Deus e JEHOVAH, nome pelo qual Se deu a conhecer a Moisés. No Novo Testamento existem, semelhantemente, muitas passagens que, como estas acima, ensinam a verdade quanto à absoluta unidade de Deus. Entretanto, no Novo Testamento também se observa que há outras tantas passagens que parecem ensinar algo diferente, ou seja, que existe mais de um ser Divino, mais de uma pessoa Divina. E o que mais nos leva a essa idéia é a constatação dos seguintes fatos:

a) aparece um outro nome, JESUS CRISTO;

b) e também um terceiro nome, Consolador ou Espírito Santo;

c) existe, no Novo Testamento, uma relação bem definida entre um PAI, um FILHO e um ESPÍRITO SANTO;

d) além disso, Jesus mesmo faz referência, muitas vezes, a Seu Pai como Alguém maior do que Ele.

Tomemos algumas passagens como exemplos que parecem confirmar a existência de uma trindade de pessoas:.

"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19).

"E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se Lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre Ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo" (Mateus 3:16,17).

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (João 14:16).

Ensinamentos dessa natureza, do Novo Testamento, introduzem em nossa mente a idéia de duas ou três pessoas. Acresce que, quando recebemos essa idéia das três, lembramo-nos de passagens que, no Antigo Testamento, tinham previsto essa "divisão" quando falaram de um Enviado ou Messias, o Ungido de Deus que viria ao mundo para salvar.

Diante desses fatos, chegamos à conclusão de que a existência de mais de uma pessoa, duas ou três, "parece" estar confirmada pela Bíblia, em particular pelo Novo Testamento. Dissemos "parece", porque não podemos nos esquecer que das muitas outras passagens que ensinam outra coisa, isto é, uma só pessoa Divina.

Vemos, então, que são dois grupos distintos de ensinamentos aparentemente incoerentes. Mas como estão na Bíblia, não podem ser incoerentes entre si, precisando ser entendidos de modo que sejam conciliados. 

 

A Trindade de pessoas é uma interpretação equivocada

Mas a crença numa Trindade de pessoas, além de não ter tido origem na Bíblia, é contra a Bíblia.

Em todas as passagens de passagens que falam de "dois", Pai e Filho, ou três, incluindo o Espírito Santo, nunca se lê o numeral "dois" e "três". Mesmo que dois e até três nomes sejam mencionados, sempre se diz que são um ou se converge para um. Por exemplo, em João 10:30, quando Jesus diz: "Eu e o Pai somos um".

Por conseguinte, ainda que haja referência a nomes diversos no Novo Testamento, a afirmação de Jesus é que Ele e o Pai são Um. E Se Jesus disse isso, nada nos autoriza a dizer que Ele e o Pai são dois ou três. Ele disse: "Somos Um", somente um.

Com um pouco de isenção de mente e de boa fé, chega-se logo à constatação de que a decisão do Concílio de Nicéia foi uma extrapolação do ensinamento da Palavra de Deus, visto que em parte alguma da Palavra se ensina que Jesus e o Pai são dois, ou que um é uma pessoa e outro é outra, ou que sejam duas ou três pessoas distintas, sendo cada uma delas Divina por si.

O que os participantes do Concílio de Nicéia tinham a fazer, a fim de repelir a negação de Araiu, era procurar entender, com a iluminação do Senhor, como é que Jesus e o Pai podem Um só, uma única Pessoa Divina, pois é unicamente isso que Ele afirma.

 

Existe uma Trindade Divina, não de pessoas, mas de atributos de Deus

Se há inúmeras passagens do Novo Testamento que ensinam sobre uma Trindade Divina é porque, de fato, ela existe. Este é um ponto sobre o qual não pode haver dúvida. Sendo assim, não queremos negar aqui a Trindade, absolutamente, mas queremos, sim, confrontar aquela dedução erroneamente elaborada em Nicéia, de uma Trindade composta por pessoas. Para isso, procuraremos examinar a Bíblia, à parte da influência da decisão de Nicéia, e conhecer com simplicidade, por meio de passagens claras, como é essa Trindade Divina e como pode ser corretamente compreendida.

Como premissa para nossa análise, tomemos o que Jesus disse a respeito de algum numeral. Ele disse: "Eu e o Pai somos um".

Seja este o nosso único ponto de partida. São citados dois nomes (Eu e Pai), mas que fazem um, ou como Ele mesmo disse: "Crede-Me que Eu estou no Pai e o Pai em Mim".

Se tomarmos estas afirmações como base, estaremos permanecendo exclusivamente dentro do contexto bíblico e essas verdades se tornam ponto-chave para compreendermos toda a questão. Examinemos, então, todas as outras passagens à luz dessa afirmação de Jesus, e veremos como tudo o mais se torna claro e perfeitamente compreensível.

Para entender como o Pai pode estar no Filho, e ambos fazerem Um, a primeira coisa que devemos fazer é remover da nossa mente a idéia de que eles sejam pessoas separadas, porque não é possível uma pessoa ser outra ou estar na outra. Duas pessoas não ocupam o mesmo espaço, muito menos três.

O Pai, que está em Jesus, deve ser, portanto, alguma coisa que não seja outra pessoa. E o que se enquadra melhor neste requisito é a alma. A alma está no corpo e o corpo está na alma, e os dois fazem uma única pessoa, uma só personalidade.

Nossa alma e nosso corpo são Um, são a nossa pessoa. Quem nos vê, vê a nossa alma, porque a alma se manifesta pela face, pelos olhos, pelos sentimentos visíveis no corpo. O corpo é habitação da alma e a alma dá a vida ao corpo, sem serem no entanto dois, mas um único ser, um único indivíduo, uma única pessoa.

Quando lemos que o Pai está em Jesus, podemos compreender perfeitamente que o Pai, JEHOVAH, é a Alma nEle. O Corpo, ou Filho, é o aspecto da Alma, o Humano material de que Ela Se revestiu para vir ao mundo.

Essa maneira de se pensar em Deus faz a luz se expandir em nossas mentes, e o "mistério da Santíssima Trindade" começa a se dissipar, como a escuridão da noite se dissipa quando brilha a aurora. Esse modo de pensar está em perfeita conformidade com o conceito da Unidade de Deus e não exclui nem contradiz qualquer outro ensinamento, porque todas as passagens da Bíblia ficam compreensíveis e coerentes.

Por exemplo, quando o Senhor diz que o Pai é maior do que Ele (João 10:29 e 14:28) é porque a Alma é superior ao Corpo, pois é a alma que dá vida e governa as ações do corpo. Quando Ele disse que Seu Corpo era um Templo (João 10:19,21), estava Se referindo à morada da Alma Divina em Seu Humano. E assim, por diante. Em suma, todas as passagens em que Jesus aparentemente Se refere a duas pessoas, Ele e Seu Pai, podem ser entendidas segundo essa concepção de corpo e alma, sem que haja necessidade de se ignorar todas as passagens que dizem haver um só Deus.

É somente assim que podemos entender como, no Antigo Testamento, JEHOVAH disse: "Eu sou o primeiro, e Eu sou o último, e fora de Mim não há Deus" (Isaías 44:6), e, no Novo Testamento, Jesus disse: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último" (Apoc. 1:11). E visto que não podem existir dois que sejam "primeiros" e "últimos", confirma-se aí que Se trata da mesma e única Pessoa, mesmo que sob outro nome. Aliás, nem chega a ser outro nome, porque "Jesus" é a forma grega de "JEHOSHUA", que quer dizer: "JEHOVAH salvou". De fato, Jesus é o mesmo JEHOVAH quando veio ao mundo para salvar, como Ele prometera no Antigo Testamento:

"E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e Ele nos salvará; este é o SENHOR, a quem aguardávamos; na Sua salvação gozaremos e nos alegraremos" (Isaías 25:9).

 

 

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