7.1. Orar em função dos outros à nossa volta
Orar para os outros à nossa volta. Um problema com a oração feita em
voz alta e em público é que a presença das pessoas à nossa volta não
pode deixar de influir negativamente na espontaneidade oração que fazemos.
Quando oramos em público e em voz alta, temos a tendência de escolher
melhor as palavras, dizer algumas coisas para mostrar aos outros que temos fé,
e não dizermos outras, que realmente estão em nossos corações, porque os
outros nos poderiam julgar mal. Uma oração assim não é livre nem
verdadeira. Mas há pessoas que se comprazem imensamente em orar
publicamente, porque oram "bem", sabem dizer palavras que causam
grande efeito nos ouvintes. Estas pessoas, na realidade, não oram a Deus.
Elas oram para serem vistas (e ouvidas):
Mateus 6:5: E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se
comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem
vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
7.2. Orar insistindo com Deus
Repetir insistentemente nossas súplicas é prova apenas de falta de
confiança em Deus. Isto fazemos não somente quando repetimos vezes
seguidas as mesmas palavras a Deus, mas também quando, no pensamento,
ficamos depois inquietos, preocupados com o problema que já entregamos a
Deus em oração. Pois muitas vezes oramos sobre alguma dificuldade, dizemos
que confiamos no Senhor, mas depois, no pensamento, continuamos atormentados
pelo problema e ansiosos pela solução. Isto é insistente repetição também.
Se já oramos, e sabemos que o Senhor nos ouviu, devemos descansar o espírito
e esperar com confiança a providência dEle.
Mateus 6:7: E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,
que pensam que por muito falarem serão ouvidos
É incrível, mas muitos pensar que Deus atende por ser importunado. Ou,
o que é a mesma coisa, achar que Deus pode mudar de idéia e atender,
conforme se insiste com Ele.
Lucas 18: 1-8: E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar
sempre, e nunca desfalecer, dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que
nem a Deus temia, nem respeitava o homem. Havia também, naquela mesma
cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça
contra o meu adversário.
E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda
que não temo a Deus, nem respeito os homens. Todavia, como esta viúva me
molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me
importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não
fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite,
ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Alguns, interpretando erroneamente a parábola do juiz iníquo, acreditam
que se deve insistir com Deus, até que Ele atenda. Mas isto é um erro
grosseiro, mesmo na compreensão literal da parábola. Por que o Senhor
contou a parábola do juiz para dizer que, se até um indivíduo ímpio e
cruel acaba atendendo aos pedidos, quanto mais Ele, que é bom, não
atenderia as nossas súplicas. De fato, Ele responde até com pressa, se for
o caso: "Digo-vos que depressa lhes fará justiça".
Portanto, Ele não estava comparando Seu modo de agir ao do juiz, como as
pessoas interpretam, mas apenas repetindo a mesma lição já havia dito em
outra passagem:
Mt 7:11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos
filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe
pedirem?
7.3. Orar dando ordens a Deus
Muitos oram dando ordens a Deus, com a absurda e arrogante atitude de que
Deus está ao seu serviço. Orar não é impor nosso pedido a Deus, mas
apresentar a Ele nossas necessidades, sabendo que Ele é Quem sabe realmente
de que necessitamos.
Orar é suplicar com humildade, com submissão, como foi visto no começo
deste estudo. É sujeitarmo-nos à vontade soberana dEle. Pois Ele mesmo,
quanto ao Humano, se submetia à Alma Divina quando orava e não impunha Sua
vontade natural sobre Sua vontade Divina.
Mateus 26:39 E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu
rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice;
todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
Nunca devemos nos esquecer disto: nós somos a criatura e Ele é o
Criador. Nós obedecemos, e Ele governa. Por isso, nós humildemente
pedimos, e Ele atenderá, se aquilo vier a ser bom para nós. Afastemos da
prática atual de muitos cristãos evangélicos, que se esqueceram de quem são
no relacionamento com o Senhor e oram dando ordens a Deus, ou então dizem
"não aceito" isto ou aquilo, porque "não aceitar" é,
às vezes, ser insubmisso e rebelde.
Isa 45:9 Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros
cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a
tua obra: Não tens mãos?
Isa 29:16 Vós tudo perverteis, como se o oleiro fosse igual ao barro, e
a obra dissesse do seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do
seu oleiro: Nada sabe.
Nós somos o barro e Ele o Oleiro. O cristianismo de hoje ensina o crente
a dizer: "Senhor, eu não aceito!...", mas o Senhor mesmo, na
Palavra, dizia o contrário disso: "Meu Pai, se é possível,
passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas
como tu queres". ]
7.4. Pretender a solução de todos os problemas
Pensar que todos os nossos problemas serão resolvidos pela oração é
outro erro, porque há problemas sem solução. Há, de fato, situações
difíceis e problemáticas que, ainda que oremos pela solução delas, o
Senhor não pode, resolvê-las, pelo menos durante algum tempo. Isto
acontece porque, às vezes, Ele tem justamente naquela situação negativa
para nós um desígnio ou um propósito para nossa proteção ou para nosso
crescimento espiritual. Por isso, Ele não pode remover a situação
aflitiva sem causar um prejuizo ou impedir que, por aquela aflição,
alcancemos o crescimento que Ele visa para nós. Lembremo-nos do que Paulo
falou:
2 Cor. 12:7-10: E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações,
foi-me dado um espinho na carne... Acerca do qual três vezes orei ao Senhor
para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o
meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas
minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto
prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições,
nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou
forte.
7.5. Orar com atitude soberba
Com soberba de que somos melhores que outros que não estão na mesma fé
ou na mesma vida que nós:
E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo
que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo,
para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé,
orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os
demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este
publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto
possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia
de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não
aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer
que a si mesmo se humilha será exaltado.
7.6. Conclusão
Finalmente, devemos orar e depois confiar que o Senhor proverá tudo o
que nos concerne.
Salmo 37:3-5: Confia no SENHOR e faze o bem; habitarás na terra, e
verdadeiramente serás alimentado. Deleita-te também no SENHOR, e te
concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao SENHOR;
confia nEle, e Ele o fará.