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Oração
 
5. Os motivos da oração

 

5.1. O que pedir na oração?

Podemos pedir qualquer coisa a Deus? Deus dá tudo o que pedimos? Podemos dizer, com certeza, que o Senhor atende todas as nossas orações, desde que elas procedam de um coração penitente, humilde e aberto ao Seu Amor. Mas, nas palavras que o Senhor disse:

Mateus 21:22: "Tudo o que pedirdes... crendo, recebereis",

Neste versículo, o verbo "crer", condição para o pedido ser feito, implica em viver aquilo que se crê. Porque a crença sem a vida concordante com ela é uma fé morta. Logo, o Senhor Se referia à crença verdadeira, que se faz acompanhar da obediência ao que ela ensina, uma vida condizente. "Tudo o que pedirdes... crendo... recebereis", que podemos interpretar: Tudo o que pedirmos, desde que tenhamos a fé e a vida de acordo com essa fé, receberemos do Senhor.

Na fé que é viva, o amor e a verdade são recebidos respectivamente na vontade e no entendimento, e aí se conjuntam para formar um homem novo, regenerado por Deus. É a respeito dessa conjunção de amor e fé que o Senhor dizia:

Mat. 18:19 "Se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos céus".

Estas palavras também não podem ser tomadas literalmente, porque então duas pessoas, dois criminosos, por exemplo, poderiam estar de acordo quanto a prática de alguma maldade e orarem por ela a Deus, e Deus teria de lhes atender, dando-lhes condição para perpretarem seu mal. Assim, "dois", aqui, não são duas pessoas, evidentemente, mas dois essenciais da vida que se conjuntam: o amor e a verdade, a crença e a vida, a vontade e o entendimento. Quando há essa concordância no homem, sua oração pode então ser ouvida pelo Pai que está nos céus.

O Senhor disse: "Tudo" e "qualquer coisa". Por causa disso, muitos se decepcionam porque pedem, realmente, "tudo" e "qualquer coisa" que desejam sem levar em conta o uso que isso possa ter, principalmente para a vida eterna. Mas quando o homem se acha nesse estado de concordância de crença e vida, tudo o que ele pedir terá em vista sobretudo as coisas espirituais da regeneração, pois é delas que seu espírito especialmente se ocupa. Ele vê as coisas terrenas e mundanas como realmente são, isto é, meros acessórios às coisas que realmente importam, as da vida futura. Assim, tudo e qualquer coisa que a pessoa pedir a Deus em vista da vida de regeneração, o Senhor realmente concede.

Por exemplo, um entendimento mais claro para se ver a verdade por causa do uso; o poder e a determinação para nos livrarmos dos males que o auto-exame nos indicou em nosso ser, que podem nos desviar da vida de usos; o amor ao próximo e ao Senhor mesmo; enfim, tudo o que contribui para a edificação e o desenvolvimento espiritual, primeiramente da Igreja do Senhor, depois de nosso próximo e por último de nós mesmos.

5.2. Por quem e por que coisas devemos orar a Deus?

Obviamente, devemos orar por nós mesmos, mas é bom e faz parte da caridade espiritual orar pelos outros, por diversos motivos. Oramos não pelas amigas como também pelas inimigas. E também devemos orar pela Igreja do Senhor em geral.

5.2.1. Orar pelo nosso crescimento espiritual e salvação

Mateus 26:41: Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

5.2.2. Orar pela Igreja e pelo estabelecimento Reino do Senhor

Devemos orar pela Igreja do Senhor, para que Seu reino seja estabelecido e prospere na mente natural nossa e de toda a raça humana:

Salmo 122:6: Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam.

Jeremias 29:7: E procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz.

5.2.3. Orar pelo próximo (interceder)

A oração em favor de outras pessoas foi bem expressa nas palavras de Samuel:

1 Sam. 12:23: E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito.

Esta oração é chamada de intercessão, isto é, quando se pede ou intercede a Deus por alguém. Mas sabemos que a intercessão só tem efeito prático se a pessoa por quem nós oramos também está na fé no Senhor e aberta para receber a vida que o Senhor lhe oferece. Caso contrário, para aquela pessoa, a intercessão não será de uso algum. Para nós, porém, a intercessão será sempre benéfica, pois nos eleva acima de nossos próprios interesses e nos faz pensar em nossos irmãos. É um exercício do amor espiritual e nos prepara para que, se for da vontade do Senhor, sejamos úteis instrumentos em Sua mãos para o bem daquele por quem oramos.

5.2.4. Orar pela cura de enfermidades

Por exemplo, quando estamos doentes fisicamente, é confortante que alguém que ore por nós, pois nossa mente se anima e ajuda ao corpo ser curado. A cura, porém, se acontecer, terá vindo somente de Deus, não da pessoa que orou. A oração feita apenas nos ajudará a estarmos preparados a fim de recebermos a bênção da cura.

Tiago 5:14,15: Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.

Mas não devemos fazer disso um costume e, pior ainda, um vício. Devemos saber que o Senhor pode nos curar mesmo sem a presença dos irmãos e sem a unção do azeite, embora estas coisas ajudem a fé debilitada pela doença, como foi dito.

Mas, o que é a cura espiritual verdadeira? Há doenças que atacam o corpo, mas as há piores, que atacam e destróem a alma. É sobre estas, e não tanto sobre aquelas, que devemos especialmente pedir a Deus. Devemos orar pela cura, mas pela verdadeira cura espiritual. As doenças óem a alma. É sobre estas, e não tanto sobre aquelas, que devemos especialmente pedir a Deus. Devemos orar pela cura, mas pela verdadeira cura espiritual. As doenças sobre as quais devemos principalmente orar a Deus são as mazelas da alma e chamam-se pecados. Eles estão descritos, de modo geral, nos Dez Mandamentos, em Êxodo 20.

Há muitos que buscam incansavelmente a cura do corpo, mas negligenciam uma cura muito mais importante: a dos males de seu caráter.

Lucas 12: 4, 5: E digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.

Que o pecado é a doença da alma, vê-se pelo que foi dito no Salmo 41:

Vers. 4: Dizia eu: SENHOR, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.

Isto não quer dizer que o Senhor não Se preocupe com as enfermidades naturais. É claro que Ele sempre Se compadece do enfermo, qualquer que seja. Mas a enfermidade com a qual Ele mais está preocupado será sempre aquela que pode fazer nossa alma perecer pela eternidade e não aquela que, eventualmente, possa nos dar algum sofrimento passageiro.

5.2.5. Orar pelos inimigos

Não que sejamos inimigos para alguém, nem que consideremos alguém nosso inimigo, mas não podemos evitar que algumas pessoas nos desprezem e nos odeiem, e elas nos considerarão inimigos seus. De nossa parte, não as consideraremos assim. Por isso é que por elas devemos orar:

Mateus 5:44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus...

Lucas 6:28 Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.

5.2.6. Orar pelas necessidades materiais

Mas, e quanto às necessidades materiais? devemos orar a Deus pelo sustento do corpo? Sim, embora este não deva ser o motivo habitual nem central de nossas orações, "porque todas estas coisas os gentios procuram", diz o Senhor. As necessidades materiais também estão incluídas quando dizemos: "o pão nosso de cada dia, dá-nos hoje". A razão porque devemos pedir a Ele as necessidades materiais é para confessarmos nossa dependência dEle em todas as coisas, inclusive as materiais, como vindas dEle. E outra razão por que devemos fazer isto é porque assim as crianças aprendem e são iniciadas na fé de que tudo vem dEle. Mas devemos nos lembrar de que a súplica pelas coisas materiais não pode permitir a ansiedade e a solicitude, pois Ele prometeu que se buscássemos primeiro o Seu reino e sua justiça, Ele com certeza nos acrescentaria todas aquelas coisas. Assim, são as coisas espirituais principalmente que devem ser buscadas, porque as materiais Ele acrescentará mesmo que não as peçamos. Assim, oremos pelas necessidades materiais também, mas sem ficarmos angustiados em nossas almas por causa delas.

Mateus 6: 25-34: Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória,fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Isto não quer dizer, porém, que a pessoa que está sendo regenerada não tenha necessidades de coisas materiais e terrenas. É evidente que as tem. Ela apenas não as considera com ansiedade, não põe nelas o seu coração e não as coloca jamais em primeiro plano na vida. Por isso, quase nem ora por elas a Deus, pois sabe que Deus conhece as necessidades e lhe dará tais coisas na medida e no tempo certos.

A oração deve ter por objetivo o que é mais importante para nós, os bens da vida eterna, porque, se buscarmos estes, o Senhor nos dará os bens da vida material na medida em que forem úteis em relação à vida eterna, como também nos privará deles na medida que forem prejudiciais à nossa vida eterna.

Diante disso, as coisas materiais e terrenas, por mais importantes que pareçam, têm relativamente pouca importância, e são como nada. Se estas forem acrescentadas aos bens espirituais, ótimo. Se não, ótimo igualmente, pois Deus sabe o que é melhor para nós e tudo o que Ele faz é bom. Por isso, a atitude que o Senhor nos recomenda quanto às necessidades materiais, que são passageiras, é:

"Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida... Não andeis pois inquietos... De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mat. 6:25,31, 33).

 

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