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Estudo Bíblico "A Escritura Santa" - Parte 5.21 - O Sentido Espiritual
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Parte 5 - O Sentido Espiritual da Palavra

Capítulo 76- Introdução ao Sentido Espiritual 

76. "As palavras que Eu vos pronuncio são espírito e são vida"

76.1- Esta parte do curso é dedicada àqueles que foram criados na fé cristã e que, sentindo afeto por sua religião, têm trabalhado pelo progresso dela. A esses perguntamos: "Não sentis que há, ainda, muitas questões que ficaram sem resolver? O afeto por vossa religião será motivo bastante para que não continueis buscando mais luz?"

76.2- O consolo que vossos pais encontraram na crença que abraçaram e o terno cuidado com que vos transmitiram esse afeto, para que ameis a religião em que nascestes, não é motivo, absolutamente, para desfalecerdes na investigação de toda a Verdade que provém de Deus. Se os apóstolos do Senhor, em fiel obediência às instruções dos escribas e sacerdotes, tivessem deixado de procurar a Verdade, a Igreja Cristã jamais se teria fundado. Se os pagãos tivessem seguido fielmente os ensinamentos que receberam na meninice, a Igreja Cristã não se teria estendido sobre a terra.

76.3- O fato mais importante, entretanto, é este: os próprios Evangelhos indicam que haveria de chegar o tempo em que uma nova luz seria dada. O Senhor mesmo declarou:

"Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Porém, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que tiver de vir" (João 16:1 2-13).

"Chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai" (João 16:25).

76.4- Não julgais haver muitas coisas difíceis de entender nos Evangelhos? Coisas que ninguém vos explicou ainda? Conheceis, por exemplo, o que existe de verdadeiro - o que é de importância fundamental para o cristão - sobre a natureza da Trindade Divina? Muitas pessoas acreditam que tais coisas não são ensinadas, porque não as podemos compreender. Mas o Senhor nos ensina que, se não compreendermos as palavras que ouvimos, elas de nada valerão:

"Ouvindo alguém a palavra do reino e não a entendendo, vem o maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração" (Mateus 13:19).

Com quantas pessoas isto sucede? Conclui-se das palavras do profeta Jeremias que não é da vontade de Deus que haja carência de compreensão:

"Eu vos darei pastores segundo meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência" (3:15).

Deus é "Deus de luz" e nos dá compreensão. Aqueles que não nos encorajam a buscar conhecimentos e inteligência não nos ensinam a Palavra de Deus.

76.5- Quando criou o homem, Deus lhe deu dois grandes dotes: a capacidade de amar e a capacidade de entender. Se essas duas faculdades não se voltam para Deus, elas se atrofiam e o homem deixa de ser a imagem e a semelhança de Deus. O entendimento sem o amor é frio, formal e sem vida; o amor sem o entendimento é sentimental, cheio de emoção e necessita de verdade e de luz. Esses dois grandes dotes de Deus devem ser unidos em nós, para podermos adorá-Lo em espírito e em verdade.

76.6- Apesar de muitas passagens obscuras e incompreensíveis dos Evangelhos (e da Bíblia em geral), os que têm olhos para ver poderão discernir a mão Divina nesses livros santos. Alguém pode dizer: "Reconheço que os Evangelhos são celestialmente inspirados, mas isso não significa que todas as palavras que neles figuram sejam de Deus". A essa pessoa responderemos: "Amigo, se Deus é amor e deseja revelar-Se à humanidade, certamente o fará de modo Divino".

Essa revelação - obra Divina da maior importância - não poderia ser realizada de maneira imperfeita e fragmentária. O missivista que escreve a pessoas que ama quer que a carta dê idéia exata de seus sentimentos. Se alterasse a carta, não ficaria o missivista indignado? Não lançaria ele mão de todos os recursos de que dispusesse para que a carta verdadeira chegasse às mãos das pessoas queridas?

76.7 - Se imaginarmos que os Evangelhos são cartas de Deus, poderemos admitir que Ele permitisse a adulteração dessas cartas? O Senhor mesmo dizia que Ele ensinava por parábolas, e que muitas coisas sobre as quais falava seriam explicadas futuramente: "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora..." "Chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai" -(João 16: 25). Portanto, os Evangelhos foram escritos de acordo com Sua Vontade, e a compreensão deles depende apenas de nosso grau de percepção do Espírito de Verdade.

76.8 -Se compreendermos os Evangelhos como procedentes de Deus, teremos de admitir a mesma origem para o Antigo Testamento? Essa história do povo hebreu, com suas descrições de batalhas, de crueldades e de ignorâncias será mesmo a Palavra de Deus? Esses escritos curiosos, cuja autenticidade tem sido negada, e que, de vez em quando, se referem a JEHOVAH como um Deus cruel e parcial, podem ser aceitos como revelações Divinas?

76.9 -A resposta só pode ser afirmativa, leitor amigo. Não se pode aceitar o Novo Testamento e negar o Antigo. Estes dois Testamentos têm tanta relação entre si, que não podem ser separados. Se o Antigo Testamento for negado, o Novo não terá base onde repousar. Não há ensinamento mais veemente do Senhor Jesus Cristo do que aquele em que declara que a Lei e os Profetas são a Palavra de Deus:

"Não cuideis que vim destruir a Lei e os Profetas; não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um iota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido" -(Mat. 5:17-18).

76.10 - Muitas coisas fez Jesus para dar cumprimento às profecias, como Ele mesmo diz ao se dirigir aos apóstolos depois da ressurreição:

"Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na Sua glória? E começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que d'Ele se achava em todas as Escrituras" -(Lucas 24:25-27).

76.11 - Quando mais considerarmos o assunto, mais se tornará evidente que a Lei e os Profetas foram dados a fim de revelar as características e o comportamento do Messias que havia de vir. Todo o Antigo Testamento é uma imensa parábola, como diz o salmista:

"Abrirei a minha boca numa parábola; proporei enigmas da antigüidade" -(Salmo 78:2).

Antigo Testamento é, por assim dizer, o primeiro ato de um drama Divino, representado pelo povo israelita, no qual se prepara o advento do Messias. O Novo Testamento é o segundo ato desse drama, nele figurando Jesus Cristo como personagem principal.

76.11 - Se, ao invés de elevarmos nossas mentes e procurarmos compreender as coisas veladas, nos obstinarmos na interpretação literal desse drama Divino, certamente seremos assediados pela dúvida e mergulharemos nas trevas sem esperança. Nossa fé se debilitará e não poderemos alcançar o "espírito" a que se referia Paulo na Segunda Epístola aos Coríntios:

"O qual nos faz também capazes de ser ministros dum novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica" (II Cor.3:6).

(Extraído das obras "O Livro Selado com Sete Selos, Th.Pitcairn; e A Natureza do Espírito e do Homem", Rev. Ch.Giles)

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