14.1 - O nome deste quinto e último livro do Pentateuco, Deuteronômio, vem, igualmente do grego, da versão Septuaginta, e quer dizer "a segunda lei", porque parece ser uma repetição das leis que já tinham sido dadas. Em hebraico, o Deuteronômio é chamado "Ellah Hadevarim", ou: "Estas (são) as palavras..."
O livro do Deuteronômio contém a história do que se passou no deserto durante cinco semanas do último ano, o ano quadragésimo, da peregrinação de Israel em direção à terra prometida. Os relatos tratam dos eventos acontecidos entre o dia 1º do 11º mês até ao dia 7º do 12º mês do ano 40 da saída do Egito.
A história é continuada no período de 7 dias após a morte de Moisés. Pois ele morreu aos 120 anos de idade, no dia 1º do mês 12º, logo após ter feito o discurso ao povo nas campinas de Moabe, conforme está registrado no livro que agora iremos examinar.
Os israelitas estavam prestes a entrar na terra de Canaan, e muitos deles não tinham presenciado os muitos eventos passados no deserto, uma vez que toda a geração que contava menos de vinte anos ao sair do Egito havia morrido durante a jornada, com exceção de duas pessoas: Josué e Calebe. Assim, para que ficasse gravado em seus corações um profundo sentido de obrigação para com seu Deus, e para prepará-los para herdar a terra, Moisés então repete as principais ocorrências daqueles quarenta anos, mostra-lhes a absoluta necessidade de temer, obedecer e amar a Deus. Repete os Dez Mandamentos e os explica, bem como as ordenanças relativas a cada um deles, além de dar instruções e leis que não tinham sido dadas antes. Faz solenes promessas de bênçãos para aqueles que guardarem as leis e terríveis ameaças de maldição para aqueles que as ignorarem. Renova a aliança entre Deus e o povo e faz profecias sobre coisas que haviam de acontecer nos últimos tempos. Abençoa as tribos e, depois, tendo contemplado toda a ex-tensão da terra do alto do monte Nebo (ou Pisga), morre em paz, deixando como seu sucessor Josué, filho de Nun.
O livro do Deuteronômio está dividido em 11 seções, segundo a divisão dos massoretas. Tem 34 capítulos e 955 versículos.
Cap.1 - No quadragésimo ano da saída do Egito, os israelitas chegam à margem oriental do rio jordão, na terra dos moabitas. Moisés lhes faz uma recapitulação do que ocorreu no deserto, desde a saída do monte horebe até à chegada em Cades (Cadesh).
Cap.2 - Moisés fala dos edomitas, moabitas e amonitas. Lembra como os filhos de Israel rodearam Seir e foram para o norte. Caminharam até Cadesh. Fala dos gigantes que ali habitavam e da guerra contra Siom e os amorreus.
Cap.3 - Fala como tomaram as 60 cidades de Ogue, rei de Basan. A divisão das tribos e como os gaditas, rubenitas e meia tribo de Manassés pediram para ficar na planície fora da terra. Lembra que o Senhor não lhe permitiu entrar na terra.
Cap.4 - Lembra ao povo a magnificência do Senhor; lembra que o Senhor lhes havia dado os Mandamentos e que, por isso, não deveriam adorar os deuses da terra onde iriam entrar. Fala das cidades que separou para refúgio.
Cap.5 - Moisés continua a exortar o povo a observar os preceitos Divinos; repete os Mandamentos dados em Sinai.
Cap.6 - Repete os Dez Mandamentos e lembra a sua promulgação. Que o povo não tentasse o Senhor como havia feito outrora; que transmitissem aos filhos a memória do livramento da terra do Egito. A guarda da lei seria para eles justiça.
Cap.7 - Adverte o povo quanto à impiedade dos habitantes da terra que iriam tomar; o Senhor os amava, e eles seriam abençoados em tudo e iriam destruir os cananeus. Repete as ordens de exterminar os cananeus e todos os vestígios de sua idolatria.
Cap.8 - Fala da benignidade de Deus nesses quarenta anos em que estiveram no deserto e os exorta veementemente a se lembrarem disso e não desobedecerem.
Cap.9 - Mostra-lhes que estavam prestes a passar o Jordão, e que Deus os trouxera até ali não porque fossem bons, mas porque era Deus de misericórdia.
Cap.10 - Menciona as segunda tábuas da lei, feitas por ordem Divina; fala da escolha dos levitas.
Cap.11 - Continua falando dos bons atos de Deus em favor deles, das bênçãos aos que obedecessem e das maldições que adviriam aos que desprezassem Suas ordenanças. As bênçãos foram pronunciadas no Monte Gerizim, e as maldições no Monte Ebal.
Cap.12 - Manda que sejam destruídos os monumentos idolátricos da terra e fala das ofertas a serem feitas. Alerta novamente quanto aos perigos de se misturarem com as nações cananitas.
Cap.13 - Instruções e ordenanças contra falsos profetas e cidades idólatras.
Cap.14 - Proibição de se flagelarem; recapitulação da distinção de animais puros e impuros.
Cap.15 - Lembra-lhes do sétimo ano, ano de libertação; fala dos deveres de caridade para com os necessitados e como deviam cumprir o ano do jubileu.
Cap.16 - Deviam se lembrar da saída do Egito pela celebração da páscoa; das outras festas e celebrações anuais; do estabelecimento de juízes e oficiais entre eles.
Cap.17 - Idólatras deviam morrer; casos de julgamentos difícil seriam levados a instância superior; do rei, quando o pedissem e que deveres teria.
Cap.18 - Instruções acerca dos levitas e advertência quanto aos costumes cananeus de magia e necromancia. Proíbe advinhações. Faz a grande promessa de um extraordinário Profeta; como distinguir falsos profetas.
Cap.19 - As leis relativas às cidades de refúgio, ao homicida intencional e às testemunhas.
Cap.20 - Leis relativas à guerra. Os que estavam dispensados; das alternativas de paz e tributação para as cidades distantes.
Cap.21 - Sobre como se devia fazer expiação por homicídio de autor ignorado; sobre o casamento com cativas; lei dos primogênitos e acerca do filho desobediente.
Cap.22 - Lei concernente a coisas perdidas; das vestimentas masculinas e femininas; dos diversos pecados de violência contra a mulher e sua reparação ou punição.
Cap.23 - Os que seriam excluídos das assembléias santas da congregação, conforme suas deficiências e origem. Diversas instruções quanto aos costumes, aos empréstimos e votos.
Cap.24 - Leis relativas ao divórcio; da mulher repudiada, do marido recém casado etc.; sobre penhores, roubos e esmolas.
Cap.25 - Leis relativa às punições físicas; da obrigação do irmão de um falecido sem filhos; dos pesos e medidas.
Cap.26 - Leis sobre as primícias da terra, que deveriam ser oferecidas ao levita, ao estrangeiro e à viúva, em louvor ao Senhor.
Cap.27 - As palavras da Lei deveriam ser escritas em pedra e postas no Monte Ebal; homens de todas as tribos que estariam nesse monte e no de Gerizim para abençoar e amaldiçoar.
Cap.28 - As bênçãos para os fiéis e as maldições para os desobedientes.
Cap.29 - Moisés admoesta o povo a seguir os Mandamentos do Senhor, em vista das grandes coisas que eles já tinham testemunhado.
Cap.30 - Mostra-se que Deus teria misericórdia dos que se arrependessem. Era uma lei justa, acessível à obediência deles. Novamente se repetem promessas de bênçãos e castigos.
Cap.31 - Moisés, agora com a idade de 120 anos, entrega uma cópia da Lei que tinha escrito aos sacerdotes, para ficar no tabernáculo e ser lida ao público de sete em sete anos. Josué recebe do Senhor o encargo de guiar o povo.
Cap.32 - O cântico histórico e profético de Moisés; ele sobe ao Monte Nebo, donde pode contemplar a terra prometida.
Cap.33 - Faz-se a bênção profética às doze tribos; a felicidade de Israel.
Cap.34 - Moisés vê a terra prometida do alto do Monte Nebo; morre, e é sepultado pelo Senhor. Os israelitas lamentam sua morte durante trinta dias. Josué assume o comando do povo. Sobre o caráter de Moisés.
********************************