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Uma seleção de tópicos doutrinais ÍNDICE
CARTA AO LEITOR Aos amigos da Nova Igreja, predita pelo Senhor em Daniel, 7:13 e 14; e no Apoc. 21:1, 2. Dizer que há três Pessoas Divinas de toda eternidade, das quais uma é o Pai, a outra o Filho e a terceira o Espírito Santo é o que a sã razão, sob o auspício do Senhor e a luz que d’Ele provém, não reconhece, porque Ele Mesmo é JEHOVAH, que Se fez Humano e do Qual procede todo bem.
Antes de JEHOVAH Deus Se revestir com o Humano, Ele enviava Seus anjos representando-O, como é mostrado claramente na Palavra, quando Ele Diz a Moisés que queria vê-l’O: “Tu não poderás ver minhas faces, pois não pode o homem Me ver e viver.” ( Êxodo, 33. 20 ). Na Palavra, lê-se que JEHOVAH Deus habita em uma luz inacessível; quem, portanto, poderia se aproximar d’Ele, se Ele não habitasse em uma luz acessível, isto é, se Ele não tivesse descido e não tivesse tomado o Humano; e se neste Humano não se tivesse tornado a Luz do Mundo? ( João I, 9; XII, 46 )
A alma de alguém não pode se fazer ver a um outro, travar relações com ele, nem comunicar provas de seu amor, a menos que o faça pelo corpo; como, pois, Deus o poderia, senão pelo Humano que lhe pertence? Mas assim que JEHOVAH Deus se revestiu com o Humano, Ele Se tornou visível; é por isso que o Senhor na Palavra é chamado Deus conosco; e n’Ele o Pai é o Divino A QUO ( do qual tudo procede ), o Filho o Divino humano e o Espírito Santo o Divino Procedente, e estes três essenciais pertencem a uma Única e mesma Pessoa, como a alma, o corpo e o procedente estão no homem. O Senhor Mesmo revelou a Swedenborg: “Até ao presente, não se soube que Deus é Um em Pessoa e em Essência, no Qual está a Trindade, e que este Deus é o Senhor.” ( Divina Providência ).
A divisão de Deus ou da Essência Divina em Três Pessoas, das quais cada uma por si mesma ou separadamente é Deus, conduz à negação de Deus.
A divisão da Trindade Divina em Três Pessoas teve origem no Concílio de Nicéia no ano 325; este Concílio separou o Divino do Senhor de Seu Humano; e separar o Divino do Senhor de Seu Humano ou não reconhecer que o Humano do Senhor é Divino ( pois Jesus Cristo é o próprio JEHOVAH Deus encarnado ) é negar o Senhor; eis a razão pela qual houve no mundo cristão tantas heresias a respeito de Deus, e que perduram até hoje.
Daí se pode ver que Jesus Cristo é o próprio JEHOVAH Deus em uma forma Humana, isto é, feito Homem; pois que Ele Mesmo é o Pai, vê-se por estas passagens: “Um Menino nos nasceu, um Filho nos foi dado; cujo Nome é Deus, Herói, Pai de Eternidade, Príncipe da Paz.” ( Isaías IX, 5 ). Filipe disse: “Senhor, mostra-nos o Pai.” Jesus lhe disse: “Filipe, tens me visto e não me reconhece? Quem me vê, vê o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?” ( João 14:7 a 11; 12:45). Jorge L. Medeiros Daniel, VII, 13 e 14: “Vendo eu estava em visões de noite e eis que com as nuvens dos céus como um Filho do Homem que vinha; e lhe foi dada Dominação e Glória e Reino; e todos os povos, nações e línguas O servirão: a sua Dominação ( será ) uma Dominação do século, a qual não passará, e seu Reino ( um Reino ) que não perecerá.” Apocalipse, XXI, 1, 2, 5, 9, 10: “Eu, João, vi um Céu Novo e uma Terra Nova; e vi a Cidade, a Santa Jerusalém nova, descendo de Deus pelo Céu, adereçada como uma Esposa ornada para seu Marido. E um anjo me falou, dizendo: Vem, eu te mostrarei a Esposa do Cordeiro, o Esposo; e levou-me em espírito sobre uma montanha grande e elevada e me mostrou a cidade grande, a Santa Jerusalém descendo do Céu de junto de Deus.” “Aquele que estava assentado sobre o Trono, disse: Eis, Novas todas as coisas eu faço; e me disse: Escreve porque estas palavras são verdadeiras e certas.” (Arcano Celeste). ARCANO CELESTE PARA A NOVA IGREJA Não há outro Deus diante das minhas faces. O Humano pelo qual Deus Se enviou ao mundo é o Filho de Deus. A razão humana, sob o auspício do Senhor e a luz que d’Ele provém, está convencida de que há uma Divina Trindade, e que esta Trindade está no Senhor Deus Salvador Jesus Cristo, como a Alma, o Corpo e o Procedente estão no homem; e que no Cristo, Deus e o Homem, ou o Divino e o Humano, não são dois, mas estão em uma única Pessoa; e assim como a Alma racional e a Carne são um único homem, do mesmo modo Deus e o Homem são um único Cristo; daí se pode ver que o Humano do Senhor é Divino e que n’Ele Deus é Homem e o Homem Deus. Da doutrina de Três Pessoas Divinas de toda a eternidade, que em si é a Cabeça de todos os doutrinais das Igrejas Cristãs, elevou-se um grande número de idéias indecentes sobre Deus, indignas do mundo cristão, que, entretanto, deve ser e pode ser um Archote para todos os povos e para todas as nações nas quatro partes da terra, naquilo que concerne a Deus e à Unidade de Deus; todos os que habitam fora da Igreja Cristã, tanto os maometanos como os judeus; e além destes, os gentios de qualquer culto que seja, têm aversão aos cristãos unicamente por causa da fé em Três Deuses; os propagadores desta fé o sabem; por isso se abstêm de expor publicamente a Trindade de Pessoas, tal como está nos Símbolos de Nicéia e de Atanásio, porque então os seus ouvintes fugiriam e zombariam deles. A Nova Igreja, que hoje é instaurada pelo Senhor ( Apocalipse, XXI, 1, 2 ), é um novo estado de espírito diante de Suas Revelações; estado esse em que cai por terra a doutrina da Igreja precedente, que adora um Deus sob Três Pessoas, o que é adorar Três Deuses. O ponto essencial da Doutrina da Nova Igreja é que JEHOVAH Deus Criador do Universo desceu e tomou o Humano. (Arcano Celeste). REVELAÇÃO DOS ARCANOS CELESTES PELO SENHOR A EMANUEL SWEDENBORG SWEDENBORG, nascido em Estocolmo, Suécia ( 1688 - 1772 ): Ele declara que conversou com muitos do Mundo Espiritual em espírito, estando o corpo fixo no mesmo lugar e algumas vezes fora do corpo, tanto com os que pertenciam à Europa, como com os que pertenciam à Ásia e à África, e que esteve na presença dos que se acham nos planetas de outros mundos fora de nosso sistema solar, e que então estavam presentes e perto dele; que teve conversas com os que viveram há um grande número de séculos, com os que existiam antes do dilúvio e com os que viveram depois do dilúvio, com os que viveram no tempo do Senhor e com um de Seus Apóstolos, e com muitos que viveram nos séculos seguintes; e que todos lhe pareceram como homens de uma idade média, e lhe disseram que ignoravam o que é a morte, que sabem somente o que é a danação, que é a morte ou ignorância espiritual; que o Senhor Se revelou a ele, e que depois continuamente apareceu e aparece diante de seus olhos como Sol; que desde tantos anos que fala com espíritos e anjos, nenhum espírito ousou e nenhum anjo quis lhe dizer coisa alguma, nem com mais forte razão instruí-lo sobre alguma doutrina segundo a Palavra, mas que o Senhor só o instruiu e o ilustrou; que assim que lhe foi dado pelo Senhor falar com os espíritos e com os anjos, lhe foi descoberto que o homem não pensa nem quer por si mesmo, mas, que é pelo Senhor, se é o bem, e pelo inferno se é o mal; e que a experiência e a demonstração foram feitas sobre eles mesmo; que descobriu depois este arcano a espíritos, dizendo-lhes, que pensa interiormente, e que percebe o que influi em seu pensamento exterior, se o influxo é do Céu ou se é do inferno; que rejeita este e recebe aquele; e que sempre lhe parece, como a eles, pensar e querer por si mesmo. Obs: É um fato digno de nota que o que marcou o início dos Escritos de Swedenborg foi a famosa aparição do Senhor a ele, em abril de 1745, quando então, pela Divina Misericórdia do Senhor, ele esteve em intercâmbio permanente com os habitantes do Mundo Espiritual, a saber, os anjos e os espíritos, e lhe foram revelados arcanos até então escondidos. Gostaria de acrescentar algo: foi referido “( Arcano Celeste )” no final dos textos no sentido de Revelação, pois ARCANOS CELESTES é o nome de uma das Obras Teológicas de Swedenborg. Além disso, tão importante é a questão da Divina Trindade no que se refere ao Senhor, que os quatro primeiros textos numerados após este texto de apresentação (o qual leva o nome deste trabalho) tratam especialmente deste assunto. ( Jorge Medeiros ) JEHOVAH DEUS DESCEU E SE FEZ HOMEM O Senhor, falando na presença de Seus discípulos, sobre a consumação dos séculos, que é o último tempo da Igreja, no fim das predições sobre os estados sucessivos dessa Igreja quanto ao amor e à fé, diz: “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências do céu serão comovidas. E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu, e então todos os povos da terra chorarão, e verão o Filho do homem, que virá sobre as nuvens do céu com poder e grande glória. E enviará os Seus anjos com trombetas e grande voz, e ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” ( Mateus, 24: 29 - 31). Aqueles que entendem essas palavras segundo o sentido da letra, crêem simplesmente que todas essas coisas devem ocorrer como estão descritas naquele sentido, no último tempo, que é chamado Juízo Final; isto é, que não apenas o sol e a lua escurecerão, e as estrelas cairão do céu, mas que o sinal do Filho do homem aparecerá no céu e Ele próprio será visto nas nuvens, acompanhado de anjos com trombetas; e ainda, de acordo com aquelas previsões, todo o universo visível haverá de perecer, e depois disso, haverá de surgir um novo céu e uma nova terra. Desta opinião é a maioria das pessoas da atual Igreja. Mas os que têm essa crença não conhecem os arcanos que se escondem em cada uma das particularidades da Palavra. Com efeito, nas particularidades da Palavra está o sentido interno, no qual são compreendidas não as coisa naturais e do mundo, que são tratadas no sentido da letra, mas as coisas espirituais e celestes. Isto se dá não só com a significação geral de muitas expressões, como também com cada uma dessas expressões. Pois a Palavra é escrita inteiramente por correspondências, para que em cada uma de suas particularidades esteja o sentido interno. Qual vem a ser esse sentido, é o que se pode depreender de tudo que sobre o assunto é dito e mostrado nos ARCANOS CELESTES, e, ainda, nas citações que, ali, aparecem reunidas na explicação SOBRE O CAVALO BRANCO, DE QUE SE FALA NO APOCALIPSE. É segundo esse sentido que terão de ser entendidas as coisas de que fala o Senhor, nas palavras acima citadas, sobre Sua Vinda nas nuvens do céu. Assim, pelo “sol” que deve ficar escurecido, é significado o Senhor quanto ao amor. Pela “lua” o Senhor quanto à fé. As “estrelas” significam os conhecimentos do bem e da verdade ou do amor e da fé. “O sinal do Filho do homem no céu”, a manifestação da Verdade Divina; por “tribos da terra”, que lamentarão, a falta de tudo o que pertence à verdade e ao bem ou à fé e ao amor; “a Vinda do Senhor nas nuvens do céu com poder e grande glória”, a Sua presença na Palavra, e a revelação; por “nuvens do céu” o sentido da letra da Palavra; e por “glória” o sentido interno da Palavra; os “anjos com trombeta e grande voz” significam o céu, que é a fonte da Divina Verdade; por “ajuntar os escolhidos desde os quatro ventos de uma à outra extremidade dos céus” é entendido o Novo Céu e a Nova Igreja, compostos daqueles que têm a fé no Senhor e vivem segundo seus preceitos. Por causa da significação dessas palavras do Senhor, deve-se entender que, no fim da Igreja, quando não mais houver o amor e a fé, o Senhor abrirá o sentido interno ou espiritual da Palavra e revelará os arcanos do céu.
É uma Divina Verdade que o próprio JEHOVAH Deus, Ele Mesmo, desceu e Se fez Homem; as heresias no mundo cristão a respeito de Deus chegaram a tal ponto, que nada resta de espiritual na Igreja de hoje, erigida e fundamentada sob Três Pessoas Divinas de toda a eternidade, das quais cada uma é Deus e Senhor; aprouve então ao Senhor Se revelar a mim e me fazer saber o sentido espiritual da Palavra, e assim dissipar, o tanto quanto possível, as trevas que ainda imperam sobre este assunto. (Arcano Celeste).
Antes de expor a obra que segue, é preciso que se saiba quem o Deus do Céu
é, pois todo o resto depende disto:
No Céu, o Divino do Senhor é o amor para com Ele e a caridade para com o
próximo. O Divino do Senhor faz o Céu. 1. ) Até ao presente ninguém tinha sabido coisa alguma do Mundo Espiritual onde estão os Espíritos e os Anjos e para o qual vão todos os homens depois da morte. 2. ) Tinha-se igualmente ignorado que nesse Mundo há um Sol, o qual é puro Amor procedendo de JEHOVAH Deus, que está no meio desse Sol. 3. ) Que procede desse Sol um Calor que em sua essência é o Amor e uma Luz que em sua essência é a Sabedoria. 4. ) Que, por conseguinte, todas as coisas que estão nesse Mundo são Espirituais, afetam o homem Interno e constituem sua Vontade e seu Entendimento. 5. ) Que JEHOVAH Deus por Seu Sol não somente produziu o Mundo Espiritual e todas as coisas espirituais desse Mundo, que são inumeráveis e substanciais, mas também o Mundo Natural e todas as coisas naturais deste Mundo, que são também inumeráveis, mas materiais. 6. ) Ninguém até ao presente soube a diferença que há entre o Espiritual e o Natural, nem mesmo o que é o Espiritual em sua essência. 7. ) Nem que há três graus de Amor e de Sabedoria, segundo os quais os Céus Angélicos (celestial, espiritual e natural) foram postos em ordem. 8. ) Nem que a Mente humana foi distinguida em outros tantos graus, e isso, para que possa depois da morte ser elevada a um dos três Céus, o que se faz segundo sua vida e ao mesmo tempo segundo sua fé. 9. ) Nem enfim, que todas estas coisas não podiam, quanto a um único ponto, existir senão pelo Divino Ser, que é o Primeiro e o Princípio donde procedem todas as coisas. Estes conhecimentos e pelos quais, entretanto, o homem deve subir e conhecer o Divino Ser, têm faltado até ao presente. Foi dito que o homem sobe, mas entende-se que ele é elevado por Deus; pois o homem tem o Livre-Arbítrio de adquirir Conhecimentos; e conforme os adquire pela Palavra, por meio do Entendimento, aplaina o caminho pelo qual Deus desce e o eleva. É preciso que se saiba que o Céu é Céu segundo este Deus Único, que é o Deus do Céu e da Terra; e que ESTE DEUS É JESUS CRISTO, QUE É JEHOVAH O SENHOR, DE TODA ETERNIDADE CRIADOR, NO TEMPO REDENTOR E PELA ETERNIDADE REGENERADOR, que é assim ao mesmo tempo o Pai, o Filho e o Espírito Santo e que é isto o Evangelho que deve ser pregado. Ao que precede acrescentarei este fato muito digno de ser referido: uma vez me foi dado falar a Maria; ela passava um dia e foi vista no Céu acima da minha cabeça em vestimenta branca que se assemelhava à seda; e se tendo detido um pouco, ela disse que havia sido a Mãe do Senhor porque Ele nasceu dela, mas que tendo sido feito Deus, Ele se tinha despojado de todo Humano que provinha dela e que, por esta razão ela O adorava como seu Deus e não queria que ninguém O reconhecesse por seu Filho porque todo Divino estava n’Ele ( isso foi publicado no ano de 1771 na DOUTRINA DA VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ, volume I e II ). (Arcano Celeste). Não há Três Pessoas da Trindade e sim, um só Deus ( o mundo cristão adora um Deus sob Três Pessoas, o que é adorar Três Deuses ); no Céu, é reconhecido o Trino Divino do Senhor ou Trindade Divina. A Trindade Divina, Deus Pai, Filho e Espírito Santo, está no Senhor, e n’Ele o Pai é o Divino A QUO ( do qual tudo procede ), o Filho o Divino Humano, e o Espírito Santo o Divino Procedente. No homem há semelhante trindade ( trindade humana ): a alma, o corpo e o procedente, e estes três essenciais pertencem a uma única e mesma pessoa; o mesmo se dá em relação ao Senhor, só que n’Ele ela é uma Trindade Divina.
A Trindade de Pessoas vem do Concílio de Nicéia ( ano 325 ), que separou o Divino do Senhor de Seu Humano, de onde saiu, por conseguinte, a origem do dogma das Três Pessoas da Trindade. Da Trindade Niceana e ao mesmo tempo Atanasiana saiu a fé que perverteu toda a Igreja Cristã; daí resulta que esta fé é a abominação da desolação e a aflição tal como não houve e que não haverá, que o Senhor tinha predito em Daniel, nos Evangelhos e no Apocalipse; depois isto, que se um Novo Céu e uma Nova Igreja não fossem fundados pelo Senhor, nenhuma carne seria salva. Da Trindade de Pessoas, das quais cada uma, em particular, é Deus, segundo o Símbolo de Atanásio, se elevaram sobre Deus grande número de idéias discordantes e heterogêneas, que são fantasias e abortos. Tal feto paralítico nasceu de não se ler a Palavra sob o auspício do Senhor; e quem quer que não leia a Palavra sob este auspício, a lê sob o auspício da própria inteligência; e esta é como um pássaro noturno nas coisas que estão na luz espiritual, tais como são os essenciais da Igreja; tal homem não vê os veros mais do que uma toupeira; e se os vê, dobra-os em favor de sua fantasia e assim perverte e falsifica os santos da Palavra.
A Redenção foi uma Obra puramente Divina; esta Redenção mesma não podia ser feita senão pelo próprio JEHOVAH Deus encarnado, isto é, feito Homem; por isso o Senhor na Palavra é chamado Deus conosco. A Paixão da cruz foi a última tentação que o Senhor sofreu como Grandíssimo Profeta; e ela foi o meio da glorificação de Seu Humano, isto é, da União com o Seu Divino, mas não foi a Redenção ( a Redenção começou no Mundo Espiritual no ano de 1757, ao mesmo tempo em que o Julgamento Final que então foi feito; depois dessa época esta Redenção continuou até hoje, e isso porque hoje é o Segundo Advento do Senhor, e ela foi a subjugação dos Infernos e a ordenação dos Céus; e por uma e outra, a preparação para uma Nova Igreja espiritual. Se a subjugação dos Infernos, a ordenação dos Céus e a instauração de uma Nova Igreja constituíram a Redenção, é porque sem essas três operações, nenhum homem poderia ser salvo, e os Anjos não poderiam subsistir no estado de integridade; elas se seguem mesmo em ordem, pois é preciso primeiro que os Infernos sejam subjugados antes que um Novo Céu Angélico possa ser formado; e é preciso que este Céu seja formado antes que uma Nova Igreja possa ser instituída nas terras; pois os homens no Mundo foram de tal modo conjunto aos Anjos do Céu e aos Espíritos do Inferno, que fazem um de uma parte e de outra nos interiores das mentes; depois, não há um só Anjo ou Espírito que não tenha antes sido homem, pois o Céu e o Inferno procedem do Gênero Humano, oriundo da Terra ou dos planetas habitados, e aí foram reunidos desde a Criação. Ao que precede ajuntarei algo digno de nota: tão grande é o poder dos Anjos pelo Senhor no Mundo Espiritual que, se eu tornasse conhecido tudo que testemunhei a esse respeito, desafiaria toda crença. Qualquer objeção que deva ser removida porque é contrária à Ordem Divina, os Anjos a derrotam ou derrubam meramente por um esforço da vontade e um olhar; a respeito disso, ver o que foi mostrado no TRATADO DO CÉU E DO INFERNO, parágrafos 228 à 233 ). A crença de que a Paixão da cruz foi a Redenção mesma, é o erro fundamental da Igreja; este erro, junto ao erro sobre as Três Pessoas Divinas de toda eternidade, de tal modo perverteu a Igreja toda, que nada resta de espiritual nela; eis porque houve no mundo cristão tantas heresias, e porque as há ainda. Aprouve então ao Senhor revelar o Trino Divino de um só Deus: o Senhor é o Deus do Céu e o Criador de todas as coisas ( Ele é a Ordem ), Ele Se fez Humano ( Divino Humano ), d’Ele procede todo bem. No Céu, o Divino do Senhor é o amor para com Ele e a caridade para com o próximo. O Divino do Senhor faz o Céu.
Até ao presente não se soube que Deus é Um em Pessoa e em Essência, no Qual está a Trindade, e que este Deus é o Senhor, e que a religião mesma é reconhecer Deus e fugir dos males como pecados. (Arcano Celeste). A Divina Providência é o Governo do Divino Amor e da Divina Sabedoria do Senhor. O próprio do homem é o amor de si e em conseqüência o amor do mundo, ou o amor do mundo e em conseqüência o amor de si; o amor de si é tal que considera a si só, e olha os outros ou como vis ou como de nenhuma importância; se considera alguns como alguma coisa, é só enquanto o honram e o reverenciam.
Intimamente neste amor está escondido aquele que quer se tornar grande e, se é possível, se tornar rei, e se então o puder, se tornar Deus; tal é o próprio do homem, porque ele, considerado em si mesmo, é o amor de si; é tal que se adora a si mesmo, e não é favorável senão aquele que o adora; um outro alguém semelhante, ele o odeia, porque quer ser adorado só. O amor de si é tal, que quer ser senhor do mundo, por conseqüência Deus; daí vem que em todo mal por sua origem está escondido o amor de si. Que o reconhecimento da natureza só aí está escondido também, é porque o amor de si fechou a janela de seu teto, pela qual se descobre o Céu, e também as janelas dos lados, para não ver e não ouvir que o Senhor só governa tudo, que a natureza em si mesmo é morta, que o próprio do homem é o inferno e que, por conseguinte, o amor de si é o inferno no homem; e então, as janelas estando fechadas, ele está nas trevas; e raciocina amigavelmente em favor da natureza contra Deus e em favor do próprio de si contra a Divina Providência. Os que reconhecem Deus e Sua Divina Providência são como os Anjos do Céu, que sentem repugnância em ser conduzidos por si mesmos, e gostam de ser conduzidos pelo Senhor; o índice de que são conduzidos pelo Senhor, é que amam o próximo. (Arcano Celeste). Deus é Onipresente desde os primeiros até os últimos de Sua Ordem, pelo calor e a luz do Sol do Mundo Espiritual, no meio do qual Ele está; por este Sol foi feita a Ordem e pela Ordem Ele espalha o calor e a luz que penetram no Universo desde seus primeiros até seus últimos; e produzem a vida que está no homem e em cada animal e também a alma vegetal que está em cada germe sobre a Terra, e os dois influem em cada uma das coisas e fazem com que cada indivíduo viva e cresça segundo a Ordem introduzida nele por criação; e como Deus não é extenso e, entretanto, enche todas as extensões do Universo, Ele é Onipresente, pois está em todos os espaços sem espaço e em todos os tempos sem tempo; por conseguinte, o Universo, quanto à essência e à Ordem, é a plenitude de Deus.
A Onipresença Divina pode ser ilustrada pela admirável presença dos anjos e dos espíritos no Mundo Espiritual; como não há espaço nesse mundo, mas somente aparência de espaço, o anjo ou o espírito podem estar em um instante em presença um do outro desde que venham a uma mesma afeição do amor e, por conseguinte, a um pensamento semelhante, pois estas duas coisas fazem a aparência do espaço; que haja lá tal presença de todos é o que se tornou para mim evidente, pelo fato de que eu podia ver aí africanos e indianos próximos uns dos outros, embora estejam separados por tantos quilômetros sobre a Terra; e que, além disso, pude me achar na presença dos que estão nos planetas de outros mundos fora de nosso sistema solar (no Céu Astral há tantas Terras sobre as quais há homens, bestas, pássaros e vegetais; é o que foi mostrado em um opúsculo escrito de acordo com o que vi: OPÚSCULO SOBRE OS GLOBOS HABITADOS); é por meio de tal presença, não de lugar, mas de aparência de lugar, que eu conversei com os Apóstolos, com Papas, Imperadores e Reis defuntos, com os instauradores da Igreja de hoje, Lutero, Calvino, Melanchton e com outros de países afastados; quando existe tal presença para os anjos e para os espíritos, o que não deve ser no Universo a presença Divina que é infinita? Se tal é a presença para os anjos e para os espíritos, é porque toda afeição do amor e todo pensamento do entendimento estão no espaço sem espaço e no tempo sem tempo, pois cada um pode pensar em um irmão, em um parente ou em um amigo, que está nas Índias e então tê-lo como presente diante de si; pode igualmente ser afetado de amor por eles segundo uma recordação. Por estas coisas que são conhecidas do homem, a Onipresença Divina pode, de alguma sorte, ser ilustrada; pode também sê-lo pelos pensamentos humanos, pelo fato de que quando alguém lembra na memória as coisas que viu em viagem por diferentes lugares, ele os tem como presentes. Ainda mais, a vista do corpo imita esta mesma presença; ela não nota os objetos distantes senão pelos intermediários que servem, por assim dizer, de medida; o Sol mesmo estaria perto do olho e mesmo como no olho, se os intermediários não mostrassem que ele está a uma grande distância; que isso seja assim, é o que fizeram observar em seus livros os que escreveram sobre a Ótica. Tal presença existe tanto para a vista intelectual como para a vista corporal do homem porque seu espírito vê por seus olhos, mas não existe coisa semelhante para a besta porque as bestas não têm vista espiritual. Daí pode-se ver que Deus é Onipresente desde os primeiros até os últimos de Sua Ordem. Ao que precede gostaria de acrescentar algo: pelo Universo é entendido um e outro mundo, o Espiritual e o Natural; Deus não criou o Universo do nada, pois nada se faz do nada; mas a criação foi feita pelo Sol do Mundo Espiritual ( o Senhor aparece como Sol acima dos Céus; o Sol Espiritual é o círculo mais próximo que cerca o Senhor, círculo que emana de seu Divino Amor e ao mesmo tempo de sua Divina Sabedoria; o Senhor produziu de Si Mesmo o Sol Espiritual, e por este Sol todas as coisas do Universo; o Sol do Mundo Espiritual não aparece se levantando, nem se deitando, nem descrevendo uma circunferência; mas permanece fixo no Oriente em um grau médio entre o zênite e o horizonte; é distante dos anjos como o sol do mundo é distante dos homens; é um fato digno de nota que quando Deus Se fez Homem o Sol do Mundo Espiritual adquiriu um brilho mais forte ); Ele o criou segundo seu Divino Amor por sua Divina Sabedoria; o fim único da criação do Universo foi o Céu Angélico formado do Gênero Humano. (Arcano Celeste). O Divino do Senhor é o amor para com Ele e a caridade para com o próximo. O Divino do Senhor faz o Céu. Crê-se hoje que a Caridade consiste unicamente em fazer o bem, que assim a primeira coisa da caridade é fazer o bem e a segunda não fazer o mal; mas é inteiramente o inverso; a primeira coisa da caridade é não fazer o mal; e a segunda é fazer o bem, pois a Lei Universal no Mundo Espiritual, por conseguinte, também no Mundo Natural, é que, tanto alguém não quer o mal, tanto quer o bem, assim, tanto se afasta do inferno de onde sobe todo mal, tanto se volta para o Céu de onde vem todo bem. Quem é que pode, entre dois exércitos, combater com uma tropa de atiradores e apoiar um e outro? Quem é que pode estar no mal contra o próximo e, ao mesmo tempo, no bem para com ele? Será que então o mal não se esconde no bem? Ainda que o mal que se esconde não se mostre nas ações, sempre acontece que se manifesta em muitas circunstâncias, quando se presta atenção. No mal está o homem que despreza o próximo comparando-o a si mesmo, que o considera como inimigo, se não lhe é favorável e se não lhe presta homenagem; ainda mais no mal está aquele que, por causa disso, odeia o próximo e o persegue; e ainda mais aquele que, por causa disso, arde em vingança contra ele e deseja ardentemente a sua perda. Daí se pode perceber que quem está no mal não vê bem nenhum à frente, pois os males são como nuvens escuras que obliteram a luz do sol; pela mesma razão rejeita o amor para com o Senhor e a caridade para com o próximo, pois o mal é a sua vida.
No que tange a Caridade, amar o próximo não é, considerado em si, amar a pessoa, mas é amar o bem na pessoa. (Arcano Celeste). A REDENÇÃO FOI UMA OBRA PURAMENTE DIVINA A FÉ DO NOVO CÉU E DA NOVA IGREJA NA FORMA UNIVERSAL é esta: Que o Senhor de toda a eternidade (ab eterno) que é JEHOVAH, veio ao Mundo para subjugar os infernos e glorificar Seu Humano, que sem isso nenhum mortal teria podido ser salvo, e que aqueles que crêem n’Ele são salvos. Diz-se: Na forma Universal, pois é isto o Universal da fé; e o Universal da fé é o que deve estar em todas e cada uma das coisas da fé. É um Universal da fé que Deus é Um em Essência e em Pessoa, no qual está a Divina Trindade; e que o Senhor Deus Salvador Jesus Cristo é este Deus. É um Universal da fé que nenhum mortal teria podido ser salvo se o Senhor não tivesse vindo ao Mundo. É um Universal da fé, que Ele veio ao Mundo para afastar o homem do Inferno; e que Ele o afastou por combates contra ele e por vitórias alcançadas sobre ele; assim Ele o subjugou e o repôs na ordem e sob Sua obediência. É um Universal da fé, que Ele veio ao Mundo para glorificar Seu Humano, que Ele tomou no Mundo, isto é, para uni-lo ao Divino A QUO ( do qual procedia ); assim Ele mantém pela eternidade o Inferno na ordem e sob Sua obediência. Como isto não podia se fazer senão pelas tentações admitidas em Seu Humano até a últimas de todas, e que esta última foi a Paixão da cruz, é por isso que Ele a sofreu. Da parte do homem, o Universal da fé é que ele creia no Senhor, pois por crer n’Ele, se faz com Ele uma conjunção pela qual há Salvação: crer n’Ele é ter confiança que Ele salva; e como não há senão o que vive bem que possa ter confiança, resulta daí que por crer n’Ele é entendido também viver no bem. A FÉ DO NOVO CÉU E DA NOVA IGREJA NA FORMA SINGULAR é esta: Que JEHOVAH Deus é o Amor Mesmo e a Sabedoria Mesma, ou que Ele é o Bem Mesmo e o Vero Mesmo; e que Ele Mesmo quanto ao Divino Vero, que é a Palavra e que era Deus em Deus, desceu e tomou o Humano, no propósito de repor na ordem todas as coisas que estavam no Céu, todas as coisas que estavam no Inferno e todas as coisas que estavam na Igreja porque então a potência do Inferno levava vantagem sobre a potência do Céu; e que nas Terras, a potência do mal levava vantagem sobre a potência do bem; e que em conseqüência uma danação geral estava à porta e iminente. JEHOVAH Deus, por Seu Humano que era o Divino Vero, afastou esta Danação que ia acontecer; e assim remiu os Anjos e os Homens. Em seguida, em Seu Humano uniu o Divino Vero ao Divino Bem ou a Divina Sabedoria ao Divino Amor; e assim voltou ao Seu Divino, no qual estava de toda a eternidade, ao mesmo tempo com e no Humano Glorificado. É o que é entendido por esta passagem em João: “A Palavra estava em Deus e Deus era a Palavra; e a Palavra carne foi feita.” (1:1 e 14). Segundo isto é evidente que sem a vinda do Senhor ao Mundo ninguém poderia ter sido salvo. Acontece o mesmo hoje; se, portanto, o Senhor não viesse de novo no Divino Vero que é a Palavra, ninguém também poderia ser salvo.
Da parte do homem os Singulares da fé são: A Igreja Cristã desde o tempo do Senhor, tinha percorrido suas idades, da Infância à extrema Velhice; sua infância foi a época em que os Apóstolos viviam e pregavam em todo o Mundo o Arrependimento e a Fé no Senhor Deus Salvador; que eles tenham pregado esses dois pontos, vê-se por estas palavras nos Atos dos Apóstolos: “Paulo atestava aos Judeus e aos Gregos o Arrependimento para com Deus e a Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo.” ( 20:21 ).
É um fato memorável, que o Senhor convocou, há alguns meses, Seus doze discípulos, que são agora Anjos e os enviou a todo o Mundo Espiritual, com ordem de aí pregar de novo o Evangelho porque a Igreja que o Senhor tinha instaurado por eles, está hoje de tal modo consumada, que apenas subsistem dela alguns restos ( isso aconteceu no dia 19 de junho de 1770 e foi publicado no ano de 1771 na DOUTRINA DA VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ, volume I e II ); e que isso aconteceu porque se dividiu a Divina Trindade em Três Pessoas, das quais cada uma é Deus e Senhor; e que daí, decorreu um frenesi em toda a Teologia; e assim na Igreja que do nome do Senhor é chamada cristã; diz-se frenesi porque as mentes humanas foram por isso arrastadas a tal delírio que não se sabe se há um único Deus ou se há três; não há senão um na linguagem da boca, mas há três no pensamento da mente; a mente está, portanto, em oposição com a boca ou o pensamento com a linguagem; desta oposição resulta que não se reconhece nenhum Deus; o Naturalismo que reina hoje não tem outra origem.
Faz disso, se quiseres, o exame: Quando a boca diz um e a mente pensa em três, não acontece que dentro, no meio do caminho, um expulsa o outro, e isso reciprocamente? Daí o homem apenas pensa de outro modo sobre Deus, e se o pensa, é a não ser segundo a palavra nua de Deus, sem nenhum sentido que envolva um conhecimento de Deus. A idéia de Deus, com toda noção que possa haver dela, foi assim dissipada, e é necessário que o que foi dissipado seja restabelecido, o que acontece quando a razão humana, segundo a Palavra e a luz que dela provém, está convencida de que há uma Divina Trindade e que esta Trindade está no Senhor Deus Salvador Jesus Cristo, como a Alma, o Corpo e o Procedente estão no homem; e que no Cristo, Deus e o Homem, ou o Divino e o Humano, não são dois, mas estão em uma única Pessoa; e assim como a Alma racional e a Carne são um único homem, do mesmo modo Deus e o Homem são um único Cristo; daí se pode ver que o Humano do Senhor é Divino e que n’Ele Deus é Homem e o Homem Deus. Ao que precede é necessário que se acrescente o seguinte: a Nova Jerusalém, que é a Nova Igreja ( Apocalipse, XXI, 1, 2 ), não é um lugar específico; ela é um novo estado de espírito diante das Revelações do Senhor; estado esse em que cai por terra a doutrina da Igreja de hoje, que adora um Deus sob Três Pessoas, o que é adorar Três Deuses; e o ponto mais essencial da Doutrina da Nova Igreja é que JEHOVAH Deus Criador do Universo desceu e tomou o Humano ( o conhecimento sobre o Senhor ultrapassa em excelência todos os conhecimentos que existem na Igreja e todos que estão no Céu ).
Que pela Nova Jerusalém seja entendido a Nova Igreja que hoje é instaurada pelo Senhor, vê-se no APOCALIPSE REVELADO, parágrafos 880 e 881. Esta Nova Igreja é a coroa de todas as Igrejas que até aqui houve na terra, porque adorará um único Deus visível, no qual está Deus invisível, como a alma está no corpo. É preciso ter por certo que, do Senhor procede continuamente uma Esfera Divino-Celeste de amor para com todos que abraçam a doutrina de sua Nova Igreja e que, do mesmo modo que as crianças no mundo em relação a seu pai e à sua mãe, Lhe obedecem, se ligam a Ele e querem ser alimentadas, isto é, instruídas por Ele. Quem poderia saber tais coisas, se o Senhor não tivesse aberto a vista a alguém e não lhe tivesse dado a faculdade de penetrar no Mundo Espiritual? De outra forma, estas coisas e outras muito dignas de serem conhecidas pelos homens, não teriam ficado eternamente escondidas? (Arcano Celeste).
O CÉU: O Céu faz o corpo do Senhor; na sua maior efígie, é a forma da Ordem
Divina. O Céu Angélico é como a cabeça da Igreja nas terras, o Senhor sendo
a Alma mesma de um e de outro. Todos os que estão no Céu foram homens.
Formar o Céu Angélico com o Gênero Humano foi o objetivo ou o fim da
criação. O Céu Angélico foi coordenado em sociedades segundo todas as
variedades do amor do bem; é disposto em sua forma, e contido nela, segundo
o Divino Amor pela Divina Sabedoria. Todo o Céu sob o aspecto do Senhor é
como um único homem. Há uma completa correspondência entre o Céu e o homem.
Há três Céus: o supremo ou terceiro, o médio ou segundo, e o ínfimo ou
primeiro; são distintos entre si segundo os três graus do amor e da
sabedoria; são como a cabeça, o corpo e os pés no homem; o Céu supremo faz a
cabeça, o Céu médio faz o corpo, e o primeiro ou último Céu faz os pés.
O INFERNO: Todos os que estão no inferno foram homens. O inferno foi formado
de homens que, afastando-se de Deus, se tornaram depois da morte diabos e
satanases; assim composto de todos aqueles que, desde a criação do mundo, se
afastaram de Deus pelos males da vida e pelos falsos do entendimento. O
inferno consiste em miríades de miríades de espíritos; foi dividido em
inúmeras sociedades segundo todas as variedades do amor do mal. O inferno
inteiro, diante de Deus, é como um único homem monstruoso. Os que estão no
inferno não reconhecem Deus, mas reconhecem como deuses aqueles que
ultrapassam os outros em poder. Os diabos e satanases no inferno são assassinos espirituais com os quais estão conjuntos aqueles que, no mundo, violam e prostituem as santidades da Igreja. O homem que nega Deus é excluído da comunhão com os Anjos do Céu, e se põe em comunicação com os satanases do inferno. O amor de si e o amor do mundo constituem o inferno; lá estão todos os que se amaram e amaram o mundo acima de todas as coisas. O inferno está abaixo das terras do Mundo Espiritual, que também são de origem espiritual, e está assim não na extensão, mas na aparência da extensão; consiste em cavernas que são eternas prisões. A fumaça vista no inferno sai dos falsos confirmados pelo raciocínio, e o fogo é a cólera se arrebatando contra os que contradizem. O fogo do inferno é o fogo do ódio e da vingança. Ninguém nasce para o inferno; o homem mesmo é que se entrega ao inferno. (Arcano Celeste). O CÉU E O INFERNO PROCEDEM DO GÊNERO HUMANO A Divina Providência do Senhor tem por fim um Céu proveniente do Gênero Humano. Que o Céu não seja formado de alguns anjos criados desde o começo, e que o Inferno não venha de algum diabo que criado anjo de luz tenha sido precipitado do Céu, mas que o Céu e o Inferno provenham do Gênero Humano - o Céu dos que estão no amor do bem e no entendimento do vero, e o Inferno dos que estão no amor do mal e no entendimento do falso -, é aquilo de que tive o conhecimento e a prova por um comércio de longa duração com os anjos e os espíritos ( sobre este assunto, ver o que foi mostrado no TRATADO DO CÉU E DO INFERNO, parágrafos 311 a 316 ).
Ora, pois que o Céu provém do Gênero Humano, e é a coabitação com o Senhor pela eternidade, segue-se que o Céu é para o Senhor o fim da Criação; e, pois, que é o fim da Criação, é o fim da Divina Providência do Senhor. O Senhor criou o Universo não para Ele, mas para aqueles com os quais Ele deve estar no Céu; pois o amor espiritual é tal que quer dar o que é seu a outrem, e tanto quanto o pode, tanto está em seu Ser, em sua Paz e em sua Beatitude; o amor espiritual tira isso do Divino Amor do Senhor, que é assim em um grau infinito; segue-se daí que o Divino Amor, e, por conseguinte, a Divina Providência, tem por fim um Céu, que se compõe de homens tornados anjos e que se tornam anjos, aos quais o Senhor possa dar todas as beatitudes e todas as felicidades que pertencem ao amor e à sabedoria, e as dar por Ele mesmo neles; e não pode fazer de outro modo, porque sua imagem e sua semelhança estão neles por criação; a sua imagem neles é a sabedoria, e a sua semelhança neles é o amor, e o Senhor neles é o amor unido à sabedoria e a sabedoria unida ao amor; ou, o que é o mesmo, o bem unido ao vero e o vero unido ao bem. Todavia, como se ignora o que é o Céu no comum ou em muitos, e o que é o Céu no particular ou em algum, e também o que é o Céu no Mundo Espiritual, e o que é o Céu no Mundo Natural, e como, entretanto, é importante que se o saiba, pois que o Céu é o fim da Divina Providência, isto pode ser ilustrado nesta ordem: I. O Céu é a conjunção com o Senhor. II. O homem por criação é tal, que pode ser conjunto cada vez mais de perto ao Senhor. III. Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais se torna sábio. IV. Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais se torna feliz. V. Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais distintamente lhe parece que se pertence, e mais nota claramente que pertence ao Senhor (a respeito disso, ver o que foi mostrado no TRATADO DA DIVINA PROVIDÊNCIA, parágrafos 27 à 45 ). Ao que precede é necessário acrescentar estes fatos dignos de serem referidos: não há Reencarnação; a crença de muitas pessoas na Reencarnação foi permitida pela Divina Providência do Senhor, porque senão a idéia de que o homem vive depois da morte teria perecido totalmente; todo homem depois da morte vai a princípio para o Mundo dos Espíritos, e aí é preparado ou para o Céu ou para o Inferno; não há aí Purgatório; o Purgatório é uma fábula inventada pelos católico-romanos. (Arcano Celeste).
Pelo espírito do homem, no concreto, não é entendida outra coisa senão sua mente, pois é a mente que vive após a morte e que então é chamada espírito; quando, portanto, o corpo é rejeitado, o que acontece após a morte, ela está em plena forma humana e então entra no Mundo dos Espíritos, que ocupa o meio no Mundo Espiritual, entre o Céu e o Inferno.
Pois que pelo espírito do homem é entendida a sua mente, é por isso que pela
expressão estar em espírito, algumas vezes empregadas
na Palavra, é entendido o estado da mente separado do corpo, e como nesse
estado os Profetas viram coisas que existem no Mundo Espiritual, eis porque
se chama Visão de Deus; este estado era então para eles tal qual é para os
próprios espíritos e para os próprios anjos no Mundo Espiritual; neste
estado o espírito do homem quanto à vista, pode ser transportado de um lugar
para outro, ficando o corpo no mesmo lugar. É neste estado que eu mesmo
tenho estado durante 26 anos, com a diferença de que aí, eu estava em
espírito e, ao mesmo tempo, no corpo; e só algumas vezes fora do corpo.
SOBRE O AMOR DE SI E O AMOR DO MUNDO O AMOR DE SI: Considerado em si mesmo, o amor de si é o ódio; quando é dominante, é oposto ao amor para com o Senhor. Os males dos que estão no amor de si são em geral o desprezo pelos outros, a inveja, a inimizade contra os que não são favoráveis, a hostilidade que daí provém, os ódios de todo gênero, as vinganças, a astúcia, as velhacarias, a desumanidade, a crueldade; e onde há tais males, há também o desprezo por Deus e pelos bens e os veros que vem de Deus.
O AMOR DO MUNDO: O amor do mundo consiste em querer atrair para si a riqueza
dos outros, seja por qual for o meio, e em cobiçá-la; o amor do mundo não é
oposto ao amor celeste no mesmo grau que o amor de si; quando é dominante, é
oposto ao amor em relação ao próximo. O amor do mundo é de uma grande
variedade, e tanto pior quanto mais se volta para a avareza; os que estão no
amor do mundo desejam ardentemente possuir tudo o que ele encerra, e são
tomados de pesar e de inveja, se há tesouros encerrados com outros. (Arcano
Celeste). A AMIZADE ENTRE OS MAUS É UM ÓDIO INTESTINO ENTRE ELES O homem Interno nos maus é conjunto aos diabos no Inferno; e nos bons, é conjunto aos Anjos no Céu. O Inferno está, por seus amores, nos prazeres de todos os males, isto é, nos prazeres do ódio, da vingança, do massacre, nos prazeres do roubo e da pilhagem, nos prazeres da censura e da blasfêmia, nos prazeres de negar a Deus e de profanar a Palavra; estes prazeres estão escondidos nas cobiças sobre as quais o homem não reflete; por estes prazeres os infernais brilham como tições inflamados; é isso que é entendido na Palavra pelo Fogo infernal. Ao contrário, os prazeres do Céu são os prazeres do amor em relação ao próximo e do amor para com Deus. Como os prazeres do Inferno são opostos aos prazeres do Céu, há entre eles um grande Intervalo, no qual influem de cima os prazeres do Céu, e de baixo, os prazeres do Inferno; no meio deste Intervalo está o homem enquanto vive no mundo, a fim de que esteja no equilíbrio, e assim, em um estado livre de se voltar para o Céu ou para o Inferno; é este Intervalo que é entendido pelo Abismo imenso estabelecido entre os que estão no Céu e os que estão no Inferno ( Lucas, XVI, 26 ). Por estas explicações pode-se ver o que é a amizade entre os maus, isto é, que, quanto ao homem Externo, é um charlatanismo, uma pantomima e um fingimento de moralidade, com o fito de estender suas redes e espreitar a ocasião de gozar os prazeres de seus amores de que arde seu homem Interno; o medo da lei, por conseguinte, o medo de perder sua reputação e sua vida, é o único freio que os detêm e suspende seus atos, por isso sua amizade é como uma aranha no açúcar, uma víbora no pão, um filhote de crocodilo em um bolo de mel e uma serpente sobre a relva. Tal é a amizade dos maus com quem quer que seja; mas entre os maus confirmados, como são os ladrões, os bandidos e os piratas, ela é familiar, enquanto que com uma mente unânime cobiçam a pilhagem, pois então eles se abraçam como irmãos, se divertem nos festins, com danças e cantos, e conspiram a perda dos outros; mas cada um, interiormente em si, olha para seu companheiro como um inimigo; é mesmo o que um bandido velhaco vê em seu companheiro, e o que ele teme. Por isso é bem evidente que entre essa gente não há amizade, mas ódio intestino. (Arcano Celeste). OBRAS TEOLÓGICAS DE EMANUEL SWEDENBORG As DOUTRINAS CELESTES DA NOVA JERUSALÉM( A) Por ele publicadas: Datas: (01) Arcanos Celestes, 1747/53 (02) Terras no Universo, 1758 (03) O Céu e suas maravilhas e o Inferno, 1758 (04) O Juízo Final, 1758 (05) Doutrina Celeste, 1758 (06) O Cavalo Branco do Apocalipse, 1758 (07) Doutrina do Senhor, 1763 (08) Doutrina da Sagrada Escritura, 1763 (09) Doutrina de Vida, 1763 (10) Doutrina da Fé,1763 (11) Continuação do Juízo Final, 1763 (12) Divino Amor e Divina Sabedoria, 1763 (13) Divina Providência,1763 (14) Apocalipse Revelado, 1766 (15) Amor Conjugal, 1767 (16) Exposição Sumária da Doutrina da Nova Igreja,1769 (17) Interação do Corpo e da Alma, 1769 (18) A Verdadeira Religião Cristã, 1771 ( B) Obras Póstumas: (01) A Palavra Explicada, 1745/47 (02) Índice da Bíblia,1747/53 (03) Diário Espiritual, 1757/59 (04) Apocalipse Explicado, 1759 (05) Doutrina da Caridade,1759 (06) Sobre o Senhor,1759 (07) O Cânon da Nova Igreja,1759 (08) O Credo de Atanásio,1760 (09) Sentido Interno dos Profetas e Salmos,1761 (10) A Palavra Segundo a Experiência, 1762 (11) Sobre o Juízo Final, 1762 (12) Várias Coisas sobre o Mundo Espiritual, 1762 (13) O Divino Amor e a Divina Sabedoria, 1762/1763 (14) Cinco Narrações Memoráveis, 1766 (15) Confirmações da Escritura, 1769 (16) Apêndice à Verdadeira Religião Cristã, 1770 (17) Nove Questões sobre a Trindade, 1771
(18) Convite à Nova Igreja, 1771 Sites: www.doutrinascelestes.com.br www.swedenborg.com.br E-mail: doutrinascelestes@gmail.com***************** |