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A doutrina da Igreja Cristã
examinada à luz da Palavra
Capítulo 7 - O Espírito Santo
O que aprendemos sobre o
Espírito Santo?
Visto que, como acabamos verificar, a Trindade Divina não é uma trindade
de pessoas, podemos facilmente compreender que o terceiro aspecto, chamado Espírito
Santo, é o que resulta dos dois aspectos anteriores, o que procede dali.
Assim, da união entre o Pai e o Filho, resulta o Espírito, a atuação de
Deus, que é a voz de Deus na consciência humana. Da união entre o Amor e a
Verdade resulta o uso. Da união entre vontade e entendimento resulta a ação.
Da união entre Calor e Luz resulta o influxo de vida que dá toda frutificação
e germinação dos seres criados.
As traduções
infiéis como pontos de apoio de heresias
Quando a Igreja Cristã, representada pelos bispos do Concílio de Nicéia,
se reuniu para combater a pregação de Arius, os pontos formulados foram
tirados de seu próprio entendimento e não de passagens claras da letra da
Palavra de Deus. Daí terem caído em tal heresia sobre uma trindade de
pessoas Divinas, porque o próprio exame cuidadoso da Palavra, sob os auspícios
do Senhor, poderia lhes levar a ver a luz.
Se fosse hoje, porém, esse exame já não seria tão fácil, porque os
tradutores da Bíblia no mundo cristã, de uma maneira geral, tendem a inserir
ou excluir coisas aparentemente insignificantes, no intuito claro de confirmar
a fé em três deuses. O que ocorre freqüentemente é que, quando um tradutor
se depara com uma passagem que claramente ensina a Divindade de Jesus Cristo e
a Unidade de Deus, eles inserem uma palavra, e introduzem, assim, a idéia de
três, porque, para eles, não faz sentido que Jesus seja o próprio Deus. Com
isso, tradutores incautos ou tendenciosos ajuntaram, consciente ou
inconscientemente, sua contribuição para que a heresia se firmasse e se
espalhasse.
Exemplos disso vão ser trazidos na seqüência:
Na saudação dos apóstolos, em suas cartas, encontramos, na atual versão
da Bíblia em português, de João Ferreira de Almeida:
"Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e da do Senhor Jesus
Cristo" (2 Coríntios 1:2).
Ora, essa divisão, da parte de Deus e da [parte] do Senhor Jesus
Cristo introduz duas "partes" como sendo duas origens
diferentes da graça e da paz, e, conseqüentemente, a divisão em pessoas.
Cada uma dessas supostas pessoas aqui, Deus e Jesus Cristo, estaria enviando
sua graça e sua paz aos coríntios.
Já o texto grego realmente diz:
"Graça a vós e paz, de Deus nosso Pai e Senhor Jesus Cristo".
O que dá uma idéia completamente diferente, pois se vê claramente que a
graça e a paz vem de "Deus nosso Pai e Senhor Jesus Cristo", ou
seja "Deus", "Pai" e "Senhor" sendo qualidades
da mesma e única Pessoa, Jesus Cristo. No entanto, como isso não "fazia
sentido", o tradutor separou as qualidades em pessoas distintas, dando
assim mais uma confirmação à doutrina cristã atual e, ainda mais, fazendo
crer que Paulo também pensava como hoje se pensa.
A tradução inglesa "King James" da Bíblia ainda tem o escrúpulo
de grafar o segundo "da" em itálico, para mostrar que a segunda
origem (segunda pessoa) foi inserida, mas no português, nem isso.
A mesma coisa acontece na saudação aos romanos (Romanos 1:7), na primeira
epístola aos coríntios (I Cor. 1:3), aos gálatas (Gál. 1:3), aos efésios
(Ef. 1:2), aos filipenses (Fil. 1:2) e assim por diante.
Esta mudança no texto parece insignificante, mas é suficiente para
confirmar a idéia falsa, estranha ao pensamento dos apóstolos. E quando se
parte do princípio errôneo de que Paulo pensava numa trindade de pessoas,
todas as outras coisas que ele escreve ficam prejudicadas por esse erro.
Por exemplo, quando ele escreveu a Timóteo:
"Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens,
Jesus Cristo homem" (I Tim. 2:5),
a tendência desse pensamento é concluir que uma pessoa está distante,
Deus, e outra pessoa está mais próxima, no meio, Jesus Cristo, para ligar os
homens a Deus. Mas estas palavras de Paulo podem (e devem) ser entendidas
assim, a saber, que só existe um meio pelo qual o Único Deus Se manifesta
aos homens, pelo Seu Humano, Jesus Cristo, assim como alguém só pode ser
conhecido se se conhecer sua aparência humana e nunca sua alma separada do
corpo.
E por que dissemos que essas palavras "devem" ser entendidas
assim: porque só essa interpretação se harmoniza com outras coisas que
Paulo disse a respeito da unidade de Deus, como por exemplo, quando diz que em
Jesus Cristo "habita corporalmente toda a plenitude da
Divindade". (Col. 2:9). Se "toda a plenitude" da Divindade
habita corporalmente em Jesus, não há como se imaginar outra divindade, ou
outra parte dela, fora de Jesus Cristo, porque está, TODA e CORPORALMENTE
nEle. Por isso mesmo o Senhor disse:
"Ninguém vem ao Pai senão por Mim" (João 14:6) e "Quem vê
a Mim, vê o Pai" (14: 9).
Outros problemas com relação a traduções inadequadas e tendenciosas
poderiam ser citados aqui, mas deixaremos de fazê-lo porque o assunto se
estenderiam por demais e, além disso, seria lançar dúvida nas versões da Bíblia
que temos, as quais, exceto por essas singularidades que interessam somente
aos estudiosos, são úteis para nos dar a conhecer a Palavra de Deus.
O
ensinamento real da Escritura Santa, sobre Deus
Há um só Deus, em Quem está a Divina trindade, e o Senhor Deus Jesus
Cristo é este Deus.
"Uma verdade certa e constante é que Deus é Um, e a Sua Essência é
indivisível, e que há uma Trindade. Portanto, porque Deus é um e a Sua Essência
é indivisível, segue-se que Deus é uma só Pessoa. E porque Ele é uma
Pessoa, a Trindade está nessa Pessoa. Que esta Pessoa seja o Senhor Jesus
Cristo, é claro por estas palavras:
"Ele mesmo foi concebido de Deus Pai (Lucas 1:34,35) e assim Ele é
Deus quanto à Alma e a Vida mesma. E por conseguinte, como Ele mesmo o disse,
"o Pai e Ele são Um" (João 10:30).
"Ele mesmo está no Pai e o Pai está nEle" (João 14:10,11).
"quem O vê e O conhece vê e conhece o Pai (João 14:7,9).
"Ninguém vê e conhece o Pai, senão Ele, que está no seio do
Pai" (João 1:18).
"Tudo o que pertence ao Pai é dEle" (João 3:35, 16:15).
"Ele é o Caminho, e a Verdade, e a Vida, e ninguém vem ao Pai senão
por Ele" (João 14:6).
E também:
"Ele tem o poder sobre toda a carne"(João 17:2).
"Ele tem todo o poder no céu e na terra" (Mat. 28:18).
Destas palavras, segue-se que Ele é o Deus do céu e da terra.
Conclusão
Como se procurou demonstrar, a Igreja cristã atual, tanto a Católica
quanto as Evangélicas, em sua concepção sobre Deus, seguem a decisão do
Concílio de Nicéia, de uma trindade de pessoas divinas separadas. Em conseqüência,
a Igreja cristã atual, em relação à Igreja cristã primitiva, regrediu no
conhecimento de Deus, desviou-se da fé simples da Escritura Santa e, por esse
fato, erra também em relação a todos os outros pontos doutrinais. O cristão
de hoje se deixou iludir pelos perigos acerca dos quais os apóstolos Paulo e
Judas alertaram, há muito, em suas epístolas:
"Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da
salvação comum, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já
antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem
em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor
nosso, Jesus Cristo. (Judas, 3,4).
"Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de
filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porque nele habita corporalmente
toda a plenitude da divindade (Colossenses, 2:8,9).
O Senhor Deus Jesus Cristo fez a promessa verdadeira de que, quando Ele
visse como o Consolador, Ele nos guiaria a toda verdade e esse ensinamento O
glorificaria, isto é, faria que Seu Humano fosse reconhecido como Deus (João
16:13,14).
Nós, da Igreja Nova Jerusalém, professamos que temos recebido do Espírito
do Senhor, em Sua Palavra, através da revelação da Verdade, os ensinamento
que exaltam o Seu Nome, o nome do Senhor Jesus Cristo e o glorificam como o Único
Deus, de eternidade Criador, no tempo Redentor, e de eternidade Regenerador,
Ele mesmo sendo o Pai, o Filho e o Espírito Santo na mesma Pessoa Divina.
Assim, a doutrina da verdade genuína da Palavra, que se perdeu em Nicéia
foi-nos novamente dada pela misericórdia de Deus nosso Pai, o Senhor Jesus
Cristo.
, para os cristãos foi reencontrada, como a dracma perdida, e para os pagãos
e incrédulos, pode ser alcançada como a pérola de grande valor.
A Igreja cristã atual, ainda que desviada da fé da Igreja cristã apostólica
primitiva, tem, no entanto, a fé em Jesus Cristo como Filho de Deus. Mas ela
não deve se deter aí, perdida na obscuridade do que considera o mistério
acerca da Trindade. Antes, deve examinar as Escrituras, suplicando os auspícios
do Senhor e com isenção de idéias preconcebidas, para nelas reencontrarem o
que lhes falta, tal qual a mulher diligente que varreu sua casa até encontrar
a sua dracma perdida. E aqueles que nunca se iniciaram na fé cristã, sejam
gentios, sejam os incrédulos, podem nela achar a pérola de grande preço, a
verdade de o Senhor Jesus Cristo é o Próprio Deus que veio ao mundo para nos
redimir e que Ele salva a todos os que nEle crêem.
Somente com essa fé, a verdadeira Igreja cristã, a igreja espiritual,
chamada "Noiva do Cordeiro", a Igreja que não tem fronteiras e nem
denominação, pode ser implantada nos corações de todos.
A missão das sociedades religiosas da "Nova Jerusalém" é
restaurar ao mundo essa visão salvadora, de que "o Senhor Deus Jesus
Cristo reina", de acordo com o que foi ordenado no
Apocalipse 10:11:
"Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas
e reis".
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