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Oração
Como conclusão, vemos que Deus só ouve a oração quando não há dolo da parte do homem. Por "dolo" entende-se o mal praticado de propósito deliberado. Quando se arrepende e deixa de praticar o mal, esse mal deixa de ser doloso. Embora o homem ainda tenha culpa, isto pode ser perdoado por Deus, porque a pessoa não está mais presa ao mal e muito menos praticando-o de propósito. Ela é inocente daquele mal. A inocência é, portanto, a condição para que a oração seja atendida. Por isso a oração de uma criança, que está na inocência de sua ignorância, é ouvida mais do que a de um adulto: Lemos no Livro Diário Espiritual (2435), de E. Swedenborg, a seguinte experiência: "SOBRE AS ORAÇÕES DAS CRIANÇAS. 2435. Foi-me dado aprender pela experiência que as orações das crianças são ouvidas mais plenamente no céu do que as orações de adultos, e ainda mais do que (as orações) daqueles fecharam o caminho de seus interiores pelo pensamento das coisas naturais e coisas da memórias, e muito mais ainda do que (as orações) daqueles que são cegos e que assim não têm fé, pois com eles o acesso para o céu está fechado... 28 de junho de 1748".
A humilhação do homem diante do Senhor é a primeira coisa da oração. A humilhação vem do reconhecimento de seu próprio estado, de suas fraquezas e defeitos. Dizemos "humilhação" e não "humildade", porque humilhação e humildade não são a mesma coisa. Humilhação é um estado em que a pessoa vê sua própria condição de injusta e pecadora, envergonha-se diante de Deus por causa disso, considerando -se, como criatura humana que é, miserável, condenada e desvalida sem a misericórdia de Deus. Esse estado da mente é como uma prostração aos pés do Senhor. Humilhar-se é uma necessidade porque, desta maneira, o orgulho e a enganosa grandeza do homem são removidos, para que o coração se abra e o Senhor entre. 2 Crônicas 7:14: E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. Quando se humilha diante de Deus, a pessoa se abate a si própria, para que o Senhor, somente, seja engrandecido. Nesta atitude, a pessoa não se considera justa aos próprios olhos, tampouco se considera superior aos outros: Lucas 18:9-14: E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado. Como se vê, a atitude de humilhação do publicano, que "nem ainda queria levantar os olhos ao céu", porque se considerava pecador, foi o que o tornou justo, pois em sua humilhação o seu ego foi removido e o Senhor pôde Se aproximar e o exaltar, erguê-lo do chão. A atitude do publicano foi mais importante do que todos os atos "de justiça" praticados pelo fariseu. Este, o fariseu, fazia tudo o que a sua religião prescrevia, mas em seu orgulho, achava que o fazia por si mesmo e que, por causa de seus atos, merecia algum valor acima dos outros e algum mérito diante de Deus. A atitude do fariseu foi o oposto da humilhação diante de Deus: o orgulho por sua própria justiça. Verdadeira Religião Cristã 233: "Foi-me permitido falar após sua morte com vários homens que tinham acreditado que brilhariam no céu como estrelas porque, segundo o que diziam, tinham considerado a Palavra como santa e a tinham lido muito freqüentemente, e tinham reunido várias passagens dela, pelas quais tinham confirmado os dogmas de sua fé, e tinham adquirido, por isso, a reputação de homens instruídos, o que os fazia crer que seriam Miguéis ou Rafaéis. Mas vários dentre eles foram examinados e reconheceu-se que alguns tinham agido pelo amor de si, a fim de serem honrados como primazes da Igreja; e outros, pelo amor do mundo, a fim de adquirem riquezas. "Quando foram examinados também sobre o que sabiam da Palavra, descobriu-se que nada sabiam do vero real da Palavra, mas que sabiam unicamente o que se chama vero falsificado... Foi-lhes dito que tinham tido por fim a eles mesmos e ao mundo quando liam a Palavra, e não o vero da fé e o bem da vida. E que, quando se tem por fim a si mesmo e ao mundo, a mente, lendo a Palavra, fica ligada a si mesma e ao mundo; por conseguinte, pensa segundo o próprio. E o próprio do homem está na obscuridade quanto a tudo o que pertence ao céu e à Igreja. Neste estado, o homem não pode ser tirado de seu próprio pelo Senhor, nem ser elevado à luz do céu, nem receber influxo algum do Senhor pelo céu. "Vi também estes admitidos no céu e, quando se descobriu que eles não tinham vero algum, foram expulsos, mas não obstante permanecia neles o orgulho de ter mérito. Foi completamente diferente com os que tinham estudado a Palavra pela afeição de saber o vero porque é vero e porque serve aos usos da vida, não somente da sua própria, mas da do próximo. Eu os vi elevados ao céu, e assim à luz onde está o Divino Vero; e então, ao mesmo tempo, exaltados na sabedoria angélica, em sua felicidade em que estão os anjos do céu". O estado de humilhação, em que a pessoa se abate assim até ao pó, não é por causa de algum prazer que Deus tenha de ver o homem ser assim humilhado. De fato, a humilhação não agrada a ninguém, e também não é agradável a Deus. Mas ela existe e é necessária para dar ao homem o reconhecimento de sua real situação e, assim, poder conduzir ao estado seguinte, que é o da confissão de pecados. 2.3. Quando se confessam os pecados Reconhecer os próprios males ou confessar os pecados é a segunda condição. Os pecados são confessados quando a pessoa se examina, vê sua real situação de carência espiritual. Na confissão ela reconhece e admite suas inclinações infernais quando separada de Deus. Ela confessa as coisas de que precisa se esvaziar, para que o Senhor possa conceder-lhe a vida espiritual. Daniel 9:20: Estando eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus... Se não confessar sua própria condição de culpa e de condenação, não há como a pessoa receber de Deus a salvação. Porque, quando se considera justa, ela não acha que precisa da justiça de Deus. Quando se considera sã, não acha que precisa da cura de Deus. Quando se considera forte, não acha que precisa da força de Deus. Esta é uma condição em que a pessoa se considera santa, salva, purificada, lavada e, conseqüentemente, perfeita, mas é cega e não vê os crimes espirituais a que sua alma se entrega. Este estado espiritual foi representado pela Igreja de Laodicéia, no Apocalipse: Apocalipse 3:16-19: Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. E se nossos erros tiverem prejudicado um irmão de propósito, causando o ressentimento dele, então nossa confissão tem de ser feita ao irmão também, obviamente, para que nos dê seu perdão: Tiago 5:16: Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. 2.4. Deus ouve quando queremos perdoar Quando se confessam os pecados, pede-se perdão a Deus. E Deus perdoa, contanto que nós mesmos perdoemos aos nossos irmãos. Por isso, a terceira atitude essencial da oração é a disposição de perdoar. A disposição de perdoar aos outros é a terceira e essencial condição. Se confessamos os nossos pecados e pedimos a Deus perdão por eles, devemos estar dispostos, sem reservas, a perdoar aos outros as faltas que tenham cometido contra nós. Porque, se não estivermos dispostos a perdoar aos outros TODA E QUALQUER OFENSA com que nos tiverem ofendido, nossa oração não será ouvida! Não é que o Senhor não queira nos ouvir, mas o nosso próprio coração fica fechado e endurecido quando não queremos perdoar. O Senhor comparou o coração do homem a uma casa, quando disse: Apocalipse 3:20: Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Mas os ressentimentos, rancores e mágoas são desejos de vingança, ainda que não pareçam. Mesmo quando desejamos que "Deus faça justiça" ao nosso inimigo, estamos, realmente, desejando que Deus lhe dê um castigo bem dado. Portanto, é um desejo de que suceda ao inimigo o mal com que nos ofendeu. E como estas coisas fecham o nosso coração! E fecham de tal maneira, que Deus também não pode entrar e assim não nos pode trazer Seu perdão para nós mesmos e Suas bênçãos. Marcos 11: 25, 26: E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas. Mateus 6:4: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
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