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Abismos C. Nobre "Um abismo chama outro abismo" (Salmo42:7) Todas as coisas no universo só podem existir porque estão em série, interligadas a uma outra, de que dependem, sucessivamente, até ao Criador, o Princípio da vida e de todas as coisas ( CI 303). Nada existe por si próprio, mas por algo anterior a si, de onde procede. Esse encadeamento das coisas se dá também nos bens e males na pessoa, ligando-a ou ao céu ou ao inferno., Que um tal encadeamento exista nas coisas do universo natural, a observação científica e filosófica o comprova. Mas que exista também com as coisas espirituais, pode-se ver de algum modo pelo que se dá com os pensamentos: cada pensamento provém de um outro, anterior a si, a ponto de não se poder determinar onde um pensamento termina e um outro começa; nenhum pensamento é autônomo, mas ligado a outros, num fluxo contínuo e ininterrupto. Cada idéia ou cada lembrança provém de outras, e o mesmo acontece com as afeições, tanto boas quanto más. Mas, o que não é facilmente comprovado - porque a aparência indica o contrário - é que os pensamentos e as afeições não provêm de nós mesmos, de nosso íntimo, mas todos eles têm sua origem no Sol do mundo espiritual, que é o Senhor, a única Fonte de vida, e chegam até nós modificados, por meio dos espíritos e anjos aos quais estamos associados inconscientemente (Salmo 34:7; I Pe. 5:8). O que é bom e verdadeiro nos chega por meio dos anjos, e o que é mal e falso nos chega provindo dos infernos, os quais pervertem o influxo de vida proveniente de Deus e o tornam em influxo mortal de mal e falsidade. A vida Divina é como a luz e o calor espirituais que descem pela atmosfera, e o influxo de males e falsidades dos infernos é como a exalação e a fumaça venenosas de vulcões, poluindo a atmosfera ou destruindo tudo o que encontram pelo caminho. Assim é que um mal nunca existe sozinho, mas está sempre ligado a outro, e esl nunca existe sozinho, mas está sempre ligado a outro, e esse também a um outro n uma cadeia contínua, até os infernos, porque, como lemos no Salmo, "um abismo chama outro abismo". Esse "abismo", na Palavra, significa os infernos quanto às falsidades provenientes das cobiças (AC 8278). Os males aparentam ser elementos simples, isolados. Quando ouvimos falar de idolatria, roubo, cobiça, mentira, adultério e assassinato, pensamos em atos específicas, bem distinguíveis e existindo independentemente de outras coisas. É até por isso que uma pessoa imagina que não os pratica, porque pensa somente nos atos finais e não se vê cometendo tais atos. Mas o que não se sabe é que esses males estão tanto nas ações finais como nos seus começos, ou seja, nas cobiças, existindo potencialmente na intenção que se tem de cometê-los. Cada mal está dentro das cobiças e dos prazeres que gera, como as fibras estão nos músculos e como as sementes estão nos frutos. A obra Verdadeira Religião Cristã, ao explicar os Dez Mandamentos em seu sentido interno, ensina sobre esse encadeamento de cobiças e seu mal. Quando lemos, por exemplo, sobre o quinto mandamento, aprendemos que o mal de matar não é somente o ato último de se tirar a vida, mas também a ruína da reputação de alguém, a inimizade, o ódio e a vingança, porque, por dentro de todas essas ações ou sentimentos, está oculto o mal do homicídio (ver VRC 309, 310), pelo que se diz que aquele que odeia o seu irmão, mata-o, se o pode, e tentará matá-lo realmente quando deixar essa vidar e se tornar mau espírito. Foi por isso que o Senhor disse essas palavras tão sérias, em Mateus (5:21, 22): "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno". Chamar o irmão de "raca" quer dizer desprezá-lo como algo vil. Isto quer dizer que mesmo o sentimento de desdém ou de desprezo por uma pessoa carrega, no seu íntimo, o ódio, e este, por sua vez, aspira a destruição e a morte. Lendo sobre o sexto mandamento, aprendemos que adulterar não é somente manter relações sexuais ilícitas ou extraconjugais, mas também é querer e fazer coisas obscenas, também é pensar e falar coisas lascivas. "Que só cobiçar já seja cometer adultério, vê-se por estas palavras do Senhor: ‘Ouvistes que foi dito pelos antigos: Não cometerás adultério; Eu vos digo que se alguém olha para a mulher de um outro a ponto de a cobiçar, já cometeu adultério com ela, em seu coração’ (Mateus 5, 27, 28); a razão disso é que a cobiça torna-se como o fato quando está na vontade, pois no entendimento entra somente a inclinação, mas na vontade entra a intenção, e a intenção da cobiça é o fato" (VRC 313). É evidente que essas palavras do Senhor não se restringem ao homem, mas se aplicam também à mulher, porque ambos, o masculino e o feminino, podem ser enredados por pensamentos lascivos e adúlteros, e ambos podem, por esse mal, degenerar para sempre suas almas. Sobre o sétimo mandamento, aprendemos que roubar é não somente furtar, mas também é agir com velhacaria, explorar os outros, ter ganância por ganhos ilícitos e não ter fidelidade no desempenho de seus deveres. Por trás ou por dentro da "esperteza", da fraude, do desrespeito ao direito dos outros, mesmo do ato mais simples de se apossar deliberadamente do que pertence a outrem, por menos valioso que isso seja, há sempre encerrado em potencial o roubo e é espiritualmente um roubo. Se a Palavra fala de abismos quando fala dos infernos e dos males, é porque, lá, as cavernas estão umas por dentro das outras, pois estão dispostas em correspondência com os males praticados aqui, uns encerrados nos outros e uns atraindo para os outros piores. Mas, leiamos sobre isso nos Escritos: "O mundo dos espíritos aparece como um vale entre montanhas e rochas, aqui e ali abaixado e elevado. (...) As portas e entradas para os infernos ... só se apresentam aos que devem lá entrar; então elas lhes são abertas, e, desde que foram abertas, eles vêem antros sombrios e como cobertos de fuligem, conduzindo obliquamente para baixo a um abismo, onde há novamente muitas entradas. Desses antros se exalam vapores perniciosos e fétidos de que os bons espíritos fogem, porque os têm em aversão, enquanto os maus espíritos os buscam porque lhes agradam. Pois, quanto mais alguém no mundo achou prazer em seu mal, mais, depois da morte, ele encontra prazer na putrefação a que seu mal corresponde. Por isso, os maus espíritos podem ser comparados com os pássaros e animais, quais os corvos, lobos, porcos, que, sentindo o mau cheiro, voam e correm para as matérias cadaverosas e os excrementos. Ouvi um desses espíritos dar gritos como arrancados por uma tortura interior, quando um sopro emanado do céu o atingia, e vi sossegado e alegre, quando era alcançado por uma exalação emanada do inferno". (O Céu e o Inferno, 429). Assim é que, quando está apenas pensando num mal, o espírito da pessoa se acha como que à porta de entrada de uma dessas cavernas infernais. Se ela afasta logo esse pensamento de sua mente e o rejeita, é como se ela tivesse apenas olhado para dentro da caverna e passado adiante, sem entrar ali. Mas, se detém seu pensamento no mal, por um prazer em assim pensar, ela começa a entrar nessa caverna infernal. E quanto mais se entrega a esse pensamento e ao seu prazer, mais entra e permanece ali, onde estão espírito que foram semelhantes a ela aqui. Quando alguém tem prazer em pensar no mal, sabendo que é um pecado contra Deus, e consente que esse pensamento se torne em desejo, ainda mesmo que nunca venha a praticá-lo com o corpo, estará todavia nesse mal. Seu espírito terá entrado na caverna infernal, sombria e infecta de podridão a que aquele mal corresponde, e habitará ali. O ambiente espiritual à sua volta será então correspondente ao mal que ela deixou entrar no coração. E, todas as vezes que desejar esse mal ou o desculpar, cobrindo-o com razões enganosas, ela está acorrentando o seu espírito aos espíritos infernais que habitam naquela e em outras cavernas, mais interiores, mais profundas, cujas entradas estão no fundo daquela, como abismos dentro do abismo. As razões falsas que inventa para desculpar seu mal são uma corrente que arrastará a pessoa agora para um mal pior, um inferno mais grave, um abismo mais profundo. Notemos que não são os infernos que ligam uma pessoa a eles, mas é a pessoa mesma que se liga e se prende assim aos infernos, pois cabe a ela, enquanto está no mundo, escolher em liberdade a origem de seus pensamentos e de seus desejos, palavras e ações. Ela escolhe as suas associações espirituais, boas ou más. Cada coisa que escolhe, cada palavra que pronuncia, cada decisão que toma, é uma ligação que ela deliberadamente estabelece com alguma sociedade espiritual, e isso afetará sua vida, conforme o Senhor disse: "Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo" (Mateus 12:36). É por essa razão que o cristão não pode ser indulgente, complacente com o mal e a falsidade. Não pode consentir que tomem conta de sua mente os pensamentos e os desejos de fraude, de engano, de desdém e de desprezo pelo próximo, nem a lascívia, a obscenidade e as fantasias de adultério e da promiscuidade, porquanto esses pensamentos criam elos que são perigosos e destrutivos de sua salvação. Um fator agravante, nessa história, é que o prazer aumenta cada vez mais. Quanto mais a pessoa pensa no mal com prazer, mais prazer tem e mais prazer quer ter, indo cada vez mais profundamente no mal e conseqüentemente nos infernos. O problema é o que o prazer do mal é em si frustrante, porque não tem em si o deleite verdadeiramente humano. Isto pode ser comprovado pelos vícios: quanto mais se vicia, mais intenso é o desejo de se viciar, e mais frustração causa depois, porque sempre destrói um uso bom. Por isso é que depois de usufruir do prazer do mal, a pessoa se sentirá frustrada e infeliz, e, enganando-se, acredita que um prazer maior e mais intenso irá suprimir ou resolver a frustração. E dessa maneira, um mal após outro, os infernos a arrastam para um estado cada vez pior. No prazer do mal nunca haverá prazer real, humano e duradouro, mas somente a eterna frustração, a insatisfação e a infelicidade, pois o homem foi criado para prestar usos nos céus e nunca se realizará nos abusos do inferno. Essa seqüência triste em que a pessoa mergulha, num mal atrás do outro, procurando um prazer maior, é o abismo que leva a outro abismo. Os Escritos falam desse incremento do prazer do mal citando, como exemplo, o banditismo: quanto mais o indivíduo rouba mais tem prazer em roubar. De fato, o roubo pode começar com a inveja, um mal aparentemente inofensivo a que a pessoa se entrega sem pudor. Mas, pela inveja, cultiva a cobiça de possuir o que é dos outros. Depois, não contente com apenas invejar e cobiçar, deixa-se arrastar para o inferno seguinte, o abismo dentro do abismo, e quer se apropriar do que pertence a outrem. Então seu pensamento maquina a fraude, o meio de como furtar o que deseja, para se apossar ocultamente. Em seguida, quer roubar, tomar por força, como é o assalto com violência, até que, finalmente, cai no desejo e na prática do latrocínio, que é matar com o fim de roubar. E se não o faz nesta vida, tentará fazê-lo pela vida eterna afora, nos infernos. O homicida pode começar apenas com um amor exagerado a si próprio, talvez apenas a vaidade ou o orgulho. No começo há apenas o prazer com se comparar aos outros e constatar sua pretensa superioridade. Depois, por essa sensação exacerbada da própria importância, de superioridade, torna-se soberbo, passando a menosprezar os outros que julga inferior a si, e depois a desprezá-los como nada em comparação a si. Em seguida, tem aversão aos que não lhe rendem homenagens, e os detesta e lhes tem. E esse ódio, ainda que nesta vida seja oculto pela aparência de civilidade, na vida após a morte se manifesta como furiosa tentativa de matar todos os que não lhe prestam culto e, ainda mais, de destruir o Senhor mesmo, se o pudesse. Deu-se semelhante regressão com os espíritos adúlteros e devassos nos infernos. Nesta vida, a princípio se habituaram a ter pensamentos lascivos e libidinosos, a fantasias obscenas e adúlteras, aos quais se entregavam sem pudor. Ainda que não tenham praticado o ato físico em si mesmo, entregavam-se à lascívia e à devassidão no pensamento, acreditando que eram coisas inofensivas e que não prejudicavam a ninguém. Mas os infernos usaram esses pensamentos para insinuar neles prazeres cada vez mais degenerados e pecaminosos, e, assim, cada vez mais arrastaram tais pessoas, em sucessivas cobiças e seus prazeres, para completa devassidão. Essas pessoas, na outra vida, quando os externos lhe foram tirados pelo seu juízo final, também foram tirados o receio do castigo e a vergonha, e esses males ocultos irromperam; elas então se precipitaram em atos abertos de devassidão, adultério e prostituição, porque seus espíritos aqui estiveram entregues a tais infernos e neles aprisionados. Pode-se admirar de que simples atitudes mentais nesta vida venham a acarretar conseqüências tão graves na eternidade, mas é a pura verdade, porque o espírito é o verdadeiro ser da pessoa. Nós somos realmente aquilo que pensamos e queremos interiormente, e não, necessariamente, o que dizemos e fazemos nos externos. Por isso, se somos complacentes com os males no pensamento e na vontade, nosso espírito está cheio deles e está ligado a eles, e os males, por usa vez, estão ligados aos infernos de onde provêm, uns por dentro dos outros, abismos chamando outros abismos. E assim se dá com todos os outros males e pecados. Cada pensamento enganoso e falso provém de uma cobiça, uma malícia, um ressentimento que, por mais inofensivos que pareçam, são entradas de cavernas, portas para abismos. É certo que não podemos evitar que alguns pensamentos ruins, escandalosos, e até blasfemos, passem por nossa cabeça, pois os pensamentos vêm do mundo espiritual, e os pensamentos do mal são flechas dos infernos, que caem dentro de nossas portas. Mas podemos impedir que esses pensamentos passem adiante e entrem em nossa vontade. Para isso, não devemos, de modo algum, ser complacentes com eles, consentir que permaneçam na mente, que nis inpirem prazer, pois os pensamentos se tornam pecados se tivermos prazer neles, desejando praticar o que eles insinuam. Fora isso, não devemos nos perturbar com alguma idéia ou imagem que apenas passe pela cabeça e que logo rejeitamos, pois são dos infernos; não os aceitamos e para lá logo devolvemos. Há um ditado que diz: não podemos impedir que os pássaros pousem em nossas cabeças, mas podemos impedir que eles ali façam ninhos. Em suma, o prazer em pensar no mal cria um vínculo entre a pessoa e os infernos. O pensamento do mal, tão logo ocorre, já dá uma idéia do que a cobiça pode ser e de onde ela provém, e por isso deve ser logo expulso. Esta é a tentação que devemos vencer, para nossa purificação. Os pensamentos do mal nos mostram o quanto precisamos ser regenerados e o quanto precisamos lutar para sermos transformados, pela misericórdia e socorro do Senhor. Por isso o Senhor permite que os pensamentos nos sobrevenham, como ataques de inimigos que precisam ser identificados para serem combatidos e expulsos. O Senhor nos diz que devemos vigiar e orar, quer dizer, estar atentos para não consentir que pensamentos do pecado encontrem recepção em nossas mentes e corações. Vigiar significa que, ao percebermos o menor pensamento de desprezo pelo semelhante, ou de lascívia, de desejo libidinoso, ou de inveja ou cobiça, devemos prontamente reconhecer ali uma ponta da corrente infernal, um laço que pode nos prender a algum inferno. Vigiar significa também que devemos evitar dar lugar aos males em nosso dia a dia. Há leituras de revistas e livros, há filmes e novelas, conversas e até músicas e outras diversões que são apenas meios pelos quais os infernos estão constantemente insinuando nas mentes de homens, mulheres, jovens e crianças da Igreja pensamentos do mal, procurando incutir prazeres impuros, com o fim de conquistar terreno nas suas vidas. A maioria dos programas e diversões, especialmente dos meios eletrônicos de comunicação, é como gatilhos que servem para disparar uma série de pensamentos e intenções más, lascivas e danosas à nossa vida espiritual. Precisamos examinar essas coisas, separar o que não serve e lançar fora. Temos de evitar ficar expostos a tudo que esteja sendo usado como uma ponte entre nós e os infernos. Porque, se sabemos que uma coisa é má, pecado contra Deus, e ainda assim pensamos nela com prazer, corremos um risco muito grande de, pela complacência com aquele mal, nos tornamos semelhantes a eles. Se chegarmos à conclusão que em nossa vida temos sido indulgentes com algum pecado; se virmos que deixamos o mal e o prazer do mal se ocultar em nossos pensamentos e afeições, precisamos, sem demora, para nossa salvação eterna, confessar a Deus o pecado que temos cometido, ainda que não em corpo, mas em intenção e pensamento, o que é a mesma coisa. Devemos nos humilhar diante do Senhor por causa de nossa fraqueza e nossa culpa. Devemos nos considerar condenados por esse mal. Devemos reconhecer e confessar que, fracos como somos, temos tendência para o pecado e, por isso, não podemos resistir a eles sozinhos, pois um grão de areia nada pode contra uma montanha que desmorona. Pelo que recorremos em oração ao poder do Senhor, confessando nossa inclinação para o mal e pedindo que nos livre do pecado. Se fizermos isso, estaremos vigiando, e o Senhor poderá trabalhar nos interiores de nosso ser, como que desatando nos infernos a outra ponta, invisível, da corrente e do laço. A penitência mais simples, como é chamada, consiste somente em dizer, quando nos deparamos com a insinuação do mal no pensamento: "Eu quero isso e tendo para isso, mas, como é um pecado contra Deus, não o farei". Após isso, devemos suplicar o auxílio Divino para, dali em diante, começar vida nova. Mas devemos estar preparados, porque os infernos reagirão a essa nossa decisão, e irão nos tentar, atacando as coisas do céu em nós com um incremento da influência daquele mal, para nos arrastar de volta ao fundo das cavernas de onde queremos sair. Se formos honestos e corajosos, fiéis no nosso propósito para com o Senhor, receberemos o poder Divino e venceremos o mal, pela misericórdia de nosso Redentor e Salvador. Assim, e somente assim, as cordas dos infernos se romperão, como diz o Salmo (124:7) "A nossa alma escapou, como um pássaro do laço dos passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós escapamos". Amém. Lições: Salmo 42; Mateus 5:21 a 48; Divina Providência 296
DP 296. "Portanto, a fim de que a Divina Providência, em relação aos maus, seja distintamente percebida, e por conseqüência compreendida, as proposições acima vão ser explicadas na série segundo a qual foram apresentadas: Primeiramente. Há coisas inumeráveis em cada mal. Cada mal se apresenta diante do homem como uma coisa simules; assim se apresentam o ódio e a vingança, assim o roubo e a fraude, assim o adultério e a escortação, assim o orgulho e a altivez, assim todos os outros males; e não se sabe que em cada mal há cousas inumeráveis, e em maior quantidade do que há fibras e vasos no corpo do homem; pois o homem mau é o inferno da menor forma; ora, o inferno consiste em miríades de miríades de espíritos, e cada um aí é na forma como homem, mas homem-monstro, e nele todas as fibras e todos os vasos estão revirados; o espírito mesmo é um mal, que lhe parece ser um, mas tanto quanto são inumeráveis as cousas que estão nele, tanto são inumeráveis as cobiças desse mal; pois cada homem é seu mal ou seu bem da cabeça à planta dos pés; portanto pois que tal é o mau, é evidente que ele é um único mal, composto de inumeráveis cousas diferentes, que são distintamente males, e são chamadas cobiças do mal. Segue-se daí que todas estas cousas, na ordem em que estão, devem ser reparadas e reviradas pelo Senhor, a fim de que o homem possa ser reformado, e que isso não pode ser feito senão pela Divina Providência do Senhor sucessivamente desde a primeira idade do homem até à última. Cada cobiça do mal aparece no inferno, quando aí é representada, como um animal nocivo. Por exemplo, ou como um dragão, ou como um basilisco, ou como uma víbora, ou como um mocho ou como uma coruja, e assim por diante; do mesmo modo aparecem as cobiças do mal no homem mau, quando é visto pelos anjos. Todas essas formas de cobiças devem ser reviradas uma após outra; o homem mesmo que ;aparece quanto ao espírito como um homem-monstro ou como um diabo, deve ser revirado para que seja como um anjo belo, e cada uma das cobiças do mal deve ser revirada, para que apareça como um cordeiro ou uma ovelha, ou como uma pomba ou uma rolinha, do mesmo modo que aparecem as afeições do bem dos anjos no céu, quando são representadas ora, transformar um dragão em cordeiro, um basilisco em ovelha, e um mocho em pomba, não pode se fazer senão sucessivamente, desenraizando o mal de sua semente, e implantando no lugar uma boa semente. Mas isso não se pode fazer senão como se faz o , quando são representadas ora, transformar um dragão em cordeiro, um basilisco em ovelha, e um mocho em pomba, não pode se fazer senão sucessivamente, desenraizando o mal de sua semente, e implantando no lugar uma boa semente. Mas isso não se pode fazer senão como se faz o enxerto das árvores, cujas raizes ficam com o tronco, não obstante o ramo enxertado muda a seiva, tirada por mio da antiga raiz, em uma seiva que produz bons frutos. Esse ramo enxertado não pode ser formado senão do Senhor, que é a árvore da vida.; isto está também conforme as palavras do Senhor em João 15.°, 1 a 7. Segundamente. O mau se afunda por si mesmo sem cessar cada vez mais profundamente nos males. Diz-se por si mesmo, ... o homem muda em mal o bem que vem do Senhor, como foi dito acima. Se o mau se afunda cada vez mais profundamente no mal, é por isso mesmo que se introduz cada vez mais interiormente, e também cada vez mais profundamente nas sociedades infernais à medida que quer e faz o mal; por conseqüência o prazer do mal também aumenta, e se apodera de tal modo de seus pensamentos que nada sente de mais doce; e aquele que se introduziu interiormente e profundamente nas sociedades infernais se torna como se estivesse ligado com correntes; mas enquanto vive no mundo, não sente estas correntes; são como lã suave, ou como leves fios de seda, que ele ama, porque produzem uma impressão agradável; mas depois da morte ~ estas cadeias, de doces que eram, se tornam duras, e em lugar de uma impressão agradável produzem contusões. Que o prazer do mal aumente, ISSO e notório pelos roubos, os banditismos, as depredações, as vinganças, o espírito de dominação, a avidez do ganho, e outras más paixões; quem é que não sente aumentar o prazer conforme os sucessos, e conforme o seu exercício não é impedido? Sabe-se que o ladrão acha um tal prazer nos roubos que não pode renunciar a eles; e, o que é espantoso, ama mais um à escudo roubado do que dez escudos dados gratuitamente; aconteceria o com os adultérios, se não tive sido provido para que esse mal decrescesse em a potência conforme o abuso; mas a verdade é que em um grande número de adúlteros resta o prazer de pensar nisso e falar disso, e senão mais, ao menos a lubricidade do tato Mas menos a lubricidade do tato Mas ignora-se que isto vem de que o homem se afunda a cada vez mais interiormente, e também cada vez mais profundamente, nas sociedades infernais, conforme comete os males pela vontade e ao mesmo tempo pelo pensamento; se os males estão somente no pensamento e não na vontade, ele não está ainda com o mal em uma sociedade infernal, mas aí entra desde que estão na vontade; se mesmo então pensa que este mal é contra os preceitos do decálogo, e considera estes preceitos como Divinos, ele o comete de propósito deliberado, e por isso mergulha profundamente no inferno, donde não pode ser retirado, senão por uma penitência efetiva. donde não pode ser retirado senão por uma penitência efetiva. É preciso que se saiba que todo homem, quanto a seu espírito, está no Mundo espiritual, e aí em alguma sociedade, o homem mau em uma sociedade infernal, e o homem bom em uma sociedade celeste; ele aí aparece por vezes, quando está em uma profunda meditação. É preciso também que se saiba que, do mesmo modo que no mundo natural, o som com a linguagem se espalha de todo lado no ar, do mesmo modo no mundo espiritual a afeição com o pensamento se espalha de todo lado nas sociedades; há por isso correspondência, pois a afeição corresponde ao som, e o pensamento à linguagem". |
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