78. "Um servo do
Senhor..."
78.1- Há mais de duzentos e quarenta
anos, um sábio sueco chamado Emanuel Swedenborg, escreveu que fora testemunha
do cumprimento da profecia Divina de que falaria abertamente acerca do Pai.
Disse ele que, humilde servidor do Senhor, fora chamado para servir de
intermediário a essa revelação.
Afirmação estranha e maravilhosa!
Ninguém que raciocinei pode aceitá-la sem uma investigação cuidadosa que
lhe mostre toda a verdade. Mas também ninguém pode rechaçar essa
declaração sem investigá-la e sem analisá-la minuciosamente, porque aquele
que a fez era pessoa respeitada, no mais alto grau, por todos aqueles que o
conheceram: era bem considerado por todos os sábios de sua época e admirado
por todos os que estudaram a sua obra.
78.2- Formado em engenharia de minas,
Swedenborg era membro da Câmara dos Nobres na Suécia. O rei daquele país
lhe manifestou grande respeito não somente em relação ao seu caráter, mas
também quanto à sua erudição. Ele era e ainda é universalmente admirado
pelas suas obras filosóficas e científicas, tendo se notabilizado
principalmente pelas obras mestras que escreveu sobre cosmologia e anatomia.
78.3- Era já ancião venerável, com
mais de sessenta anos, quando, pela primeira vez, declarou ao mundo que havia
sido chamado para essa singular missão religiosa. Sob o ponto de vista do
interesse material, com tal afirmação ele tinha muito que perder e nada que
ganhar. Embora não houvesse, na Suécia, quem fosse mais e admirado pela sua
ciência, nem quem tivesse mais integridade de caráter, Swedenborg
compreendeu que a maior parte do mundo cético teria sua afirmação por
absurda e não se dignaria a levá-la a sério, pondo-a de lado sem qualquer
exame. Contudo, ele escreveu sua obra teológica sem esperar recompensa por
ela e despendeu grandes importâncias de seu próprio bolso sem esperança de
reavê-las. Só teve despesas, e os lucros que, porventura, resultaram dessa
obra foram distribuídos como contribuição para estender o conhecimento da
Bíblia, de acordo com sua determinação. Não procurou discípulos, nem fez
tentativa de organizar qualquer Igreja, tendo vaticinado, entretanto, que, com
base nos seus escritos, uma Igreja se haveria de estabelecer.
78.4- Concordamos que tais
considerações não são suficientes para convencer alguém de que é verdade
o que Swedenborg escreveu. Mas achamos que devem constituir razão bastante
para que façamos investigações e estudos sérios sobre as obras referidas.
Feitas tais investigações e estudos, estamos certos de que pode ser provado
que aquilo que ele afirmou sobre sua missão é um fato que, de boa fé,
ninguém poderá contestar. Deste fato resulta o seguinte: Deus, por
intermédio dos escritos de Emanuel Swedenborg, revelou à humanidade as
verdades finais da religião por tanto tempo procuradas.
78.5- Antes do exame de suas obras,
citaremos as palavras do próprio Swedenborg a respeito de sua singular
missão. Essas palavras soam com a clareza de um sino sem fendas e sem
impurezas na sua constituição.
78.6- O testemunho de
Swedenborg
78.6.1- Na obra intitulada a
"VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ", Swedenborg escreveu o seguinte:
"A Segunda Vinda do Senhor se
efetua por intermédio de um homem diante do qual o Senhor Se manifestou em
pessoa e a quem encheu com Seu Espírito para ensinar por Ele as doutrinas da
nova igreja contidas na Palavra".
"Pois que o Senhor, como acaba
de ser mostrado, não pode se manifestar em Pessoa, e que entretanto Ele
predisse que viria e que fundaria uma nova igreja, que é a nova Jerusalém,
segue-se que Ele deve fazer isso por intermédio de um homem que possa não
somente receber pelo entendimento as doutrinas dessa Igreja, mas ainda
publicá-las pela imprensa".
"Que o Senhor Se manifestou
diante de mim, seu servo, e me encarregou dessa função, e que depois disso
abriu a vista do meu espírito, e assim me introduziu no mundo espiritual, e
me concedeu ver os céus e os infernos, e também falar com os anjos e os
espíritos, eu o atesto como sendo a verdade. Atesto igualmente que, desde o
primeiro dia deste chamado, não recebi de anjo algum nada do que concerne às
Doutrinas desta Igreja, mas que tudo tenho recebido do Senhor, só, enquanto
leio a Palavra".
"Para este fim, que o Senhor
possa estar sem cessar presente, foi-me desvendado o sentido espiritual de sua
Palavra, no qual o Divino Vero está em sua luz, e nesta luz Ele está
continuamente presente."
78.6.2- E no prefácio de outra obra
sua, "O AMOR CONJUGAL", Swedenborg declara:
"Prevejo que muitos dos que
lerem as explicações que se seguem e as descrições, no final dos
capítulos, das coisas por mim presenciadas no mundo espiritual, suporão que
se trata de pura imaginação. Asseguro, porém, que não foram por mim
inventadas, mas existiram em realidade e foram vistas em estado de completa
vigília. E isto porque aprouve ao Senhor manifestar-Se a mim e fazer de mim
Seu instrumento no ensino da doutrina da nova igreja. Assim, foram-me abertos
os interiores da mente e do espírito, o que me permitiu estar simultaneamente
em contato com os anjos no mundo espiritual e com os homens no mundo natural,
e isto durante anos".
78.7- Partindo tais palavras de quem
partem, de um sábio cuja integridade jamais foi posta em dúvida, como se
prova pelo testemunho irrefutável de seus contemporâneos, devem elas ser
verdadeiras. Ainda em vida de Swedenborg, dele disse seu mais violento
opositor, que "em todas as ocasiões foi sempre universalmente admirado e
distinguido pelos seus elevados conhecimentos das ciências físicas e da
exploração de minas". Ora, as palavras de um tal cidadão, louvado
pelos próprios adversários e cuja vida foi por eles julgada irrepreensível,
não podem ser insinceras. Muitos dirão: "Talvez sejam, mas o homem pode
ter estado louco". Aliás, foi isso que os líderes da igreja estatal
sueca disseram, a fim de que não se desse atenção às suas obras.
78.8- Há razão para
duvidar das declarações de Swedenborg?
78.8.1- Há, é claro. As obras
teológicas e as palavras de testemunho de Swedenborg têm sido atacadas e
chamadas de fantasias. Mas isto não é novidade. Afinal, qual o grande
profeta ou vidente que não foi considerado louco pelos sábios deste mundo?
Festo disse a Paulo:
"Estás louco, Paulo. As
muitas letras te fazem delirar. Mas ele disse: Não deliro, ó poderoso
Festo, antes digo palavras de verdade e de um são juízo" (Atos 26:24-
25).
Os fariseus e saduceus diziam de
João Batista: "Tem demônio" (Mateus 11:18). E, até mesmo a
respeito do próprio Senhor Jesus, foram levantadas dúvidas:
"Tornou pois a haver divisão
entre os judeus por causa destas palavras. E muitos deles diziam: Tem
demônio, e está fora de si. Por que o ouvis? Diziam outros: Estas palavras
não são de endemoniado; pode porventura um endemoniado abrir os olhos aos
cegos?" (João 10:19- 21).
78.8.2- A própria vida de Swedenborg
prova que ele falava com lucidez e estava muito longe de ser louco. Sem
revelar seu nome, ele escreveu e publicou, durante vários anos, numerosas
obras teológicas e, durante esse tempo, ninguém observou qualquer
procedimento estranho de sua parte. Como membro da nobreza, tomava parte
simultaneamente nas discussões da Câmara dos Nobres, na Suécia, e o Conde
Hopkin, que foi primeiro ministro daquele país, referindo-se a ele, disse:
"Possuiu sempre um juízo
perfeito; via tudo com clareza e do mesmo modo se expressava sobre qualquer
assunto. Os memoriais mais bem fundamentados e redigidos, apresentados na
dieta de 1761, foram de autoria dele".
Esta declaração do Conde Hopkin era
uma resposta que ele dava a uma carta que lhe dirigiram duvidando da sanidade
de Swedenborg. Poder-se-ia aumentar indefinidamente o número desses
testemunhos, porém a prova real da sanidade de Swedenborg está nos próprio
livros que escreveu: obras que levam o sinal potente da verdade, escritas com
clareza e penetração verdadeiramente maravilhosas.
78.8.3- Em uma carta dirigida ao rei
da Suécia, disse Swedenborg:
"Que nosso Salvador Se revelou a
mim visivelmente e me mandou fazer o que tenho feito e ainda tenho de fazer, e
que me permitiu comunicar-me com anjos e espíritos, eu o tenho declarado a
toda a cristandade, tanto na Inglaterra, Holanda, Alemanha e Dinamarca, como
na França e Espanha, e também neste país, em várias ocasiões, diante de
Vossas Majestades Reais, e especialmente quando fui honrado em me assentar à
mesa da família real, diante da qual e de cinco senadores minha missão foi o
único assunto da conversa. Mais tarde, expus o mesmo assunto diante de cinco
senadores. Entre eles, os condes Tessin, Bonde e Hopkin julgaram que assim é,
em verdade. Além dessas, muitas outras pessoas, tanto do país como do
estrangeiro, entre as quais se encontram reis e príncipes, têm tido
conhecimento de minha missão. Apesar de tudo isso, o Ministério da Justiça
declara que esses fatos são falsos, quando não o são. Se dissessem que tais
fenômenos são incompreensíveis, nada teria eu a replicar, uma vez que não
posso convencer os outros da minha capacidade de ver e ouvir aquilo que eles
não vêem e ouvem. Também não posso fazer com que os anjos e espíritos
conversem com eles: o tempo dos milagres já passou. Com sua própria
inteligência, entretanto, poderão examinar o assunto e preparar-se para
compreender esses fenômenos, ao lerem e meditarem sobre meus escritos, nos
quais se descrevem muitas coisas sobre as quais jamais alguém escreveu e não
poderiam ser descobertas senão por visões ou por comunicação com aqueles
que estão no mundo espiritual. Para compreender isto, basta que seja
examinado o que foi dito relativamente ao assunto no meu livro sobre o Amor
Conjugal. Se restar, ainda, alguma dúvida, estou pronto para testificar, com
o juramento mais solene que se me possa prescrever, que o que acabo de dizer
é inteiramente verdadeiro e real, sem o menor exagero. Isto me foi permitido
experimentar por nosso Salvador, não por meu merecimento, mas por amor a
todos os cristãos. Sendo isso o que tem ocorrido de verdadeiro, mal é que o
declarem inexato e falso, embora possam alegar que se trate de algo
incompreensível" (Tafel, Documentos Sobre Swedenborg).
78.8.4- Embora tais palavras não
possam partir de um homem cuja sanidade mental é posta em dúvida por alguns,
muitas pessoas não as aceitam como verdadeiras: acham impossível que as
coisas se processem como são descritas. A essa objeção só poderemos
responder com as próprias palavras de Swedenborg:
"Compreendo que poucas pessoas
crerão que alguém possa ver as coisas que existem na outra vida e seja capaz
de relatar o estado das almas depois da morte, porque, em geral, os homens
não crêem na ressurreição, e, daquelas poucas pessoas [que crêem], a
maioria é composta pelos simples, porque estes são os mais propensos a crer
na vida depois da morte. As pessoas, na sua grande maioria, afirmam de boca
que acreditam na vida depois da morte, porque assim é ensinado pela
religião, mas de coração negam a possibilidade dessa vida. Outras confessam
abertamente que creriam se alguém voltasse do outro mundo e fosse por elas
visto, ouvido e tocado. Porém se isso acontecesse com uma só pessoa, nada
adiantaria. Seria necessário que o fenômeno se repetisse com todos os
descrentes e, ainda assim, estes provavelmente levantariam objeções quanto
à veracidade do que observassem. Outros acreditam que ressurgirão no outro
mundo, mas somente no dia do Juízo Final, e que nesse dia todas as coisas
deste mundo perecerão. Como entretanto, o dia do Juízo tem sido esperado em
vão durante quase dois mil anos, essas pessoas têm sua crença abalada.
Sobre esse acontecimento (o Juízo Final), a que se refere a Palavra, diremos
mais tarde algumas palavras, pelas quais se poderá compreender a sua
natureza. Com o objetivo, pois, de que os homens não se confirmem em falsas
opiniões sobre a outra vida, foi permitido pela Divina Misericórdia do
Senhor que, embora esteja eu ainda neste mundo, me comunique em espírito com
o outro, fale com as almas de quase todos aqueles que aqui conheci e que
morreram, e observe fatos surpreendentes que ali ocorrem. Como posso dar
testemunho desses fatos, agora poderão ser provados aqueles que manifestam
crer em alguém que vá ao outro mundo e dele volte".
78.9 - A natureza
das revelações dadas por intermédio de
Swedenborg
78.10- Pode surgir a pergunta: "Se
tal revelação é verdadeira, como verificar sua veracidade?" A resposta
é esta: uma revelação não pode ser verificada experimentalmente. Mas há
um processo pelo qual ela pode ser provada: se for verdadeira, a inteligência
daqueles que buscam a verdade logo a reconhecerá como tal.
78.11- Uma religião genuína deve ser
racional e, conseqüentemente, deve brilhar com tal fulgor que aqueles que a
buscam possam ver a verdade em sua própria luz, vê-la com tal claridade que
as nuvens da dúvida sejam dissipadas. Deve, também, guardar conformidade com
a revelação prévia, tal como se dá com a Palavra de Deus, quando
interpretada com clareza. Além disso, deve exaltar o amor dos homens para com
Deus de maneira profunda, elevar suas mentes ao céus e introduzir-lhes nos
corações plena caridade para com o próximo. Deve, ainda, ajudá-los a
vencer as lutas e tentações e consolar os que buscam alívio espiritual. Se
preencher esses requisitos, será realmente uma religião verdadeira. Que a
religião resultante da nova revelação dada por intermédio de Emanuel
Swedenborg preenche tais requisitos, é o que podem verificar todos aqueles
que amam a verdade pela verdade mesma.
78.12- Há, porém, um ensinamento da
nova revelação que, uma vez aceito - e em sã razão ninguém poderá
rejeitá-lo - constituirá prova robusta da veracidade dessa revelação e
eliminará todas as dúvidas que possamos ter. É uma nova linguagem, a cuja
luz a interpretação da Palavra de Deus deixa de oferecer dificuldades e de
apresentar contradições.
78.13- Dissemos que ninguém, em sã
razão, poderá deixar de aceitar esse ensinamento porque ele é de uma
lógica absoluta e pode ser apreendido como qualquer língua. Se alguém nos
ensinasse com perfeição uma língua estranha, de três coisas ficaríamos
absolutamente certos: 1) que saberíamos uma nova língua; 2) que poderíamos,
em conseqüência, ler nessa língua; 3) que quem no-la ensinou a conhecia
perfeitamente. Pois isso ocorrerá com aqueles que estudarem as obras de
Swedenborg, nas quais nos é ensinada a linguagem das correspondências em que
foi escrita a Palavra de Deus. Uma vez apreendida esta linguagem, todas as
passagens obscuras se tornarão claras e o Amor e a Sabedoria de Deus
brilharão em cada versículo.
78.14- Depois de publicar o
"APOCALIPSE REVELADO", obra que interpreta com toda clareza o
último livro do Novo Testamento, Swedenborg escreveu a um amigo o seguinte:
"Este ano foi publicado o
"APOCALIPSE REVELADO" ... pelo qual se pode ver claramente que
converso com os anjos, pois que nem o menor versículo do Apocalipse pode ser
compreendido sem uma revelação. Quem não percebe logo que pela Nova
Jerusalém a que se refere esse livro se entende uma Nova Igreja, e que suas
doutrinas, ali descritas por meras correspondências, só podem ser reveladas
pelo Senhor Jesus Cristo, por intermédio de alguém a quem a revelação seja
concedida?
"Posso solenemente dar testemunho
de que o Senhor mesmo me apareceu e me mandou fazer o que estou fazendo agora;
e para esse fim abriu os interiores de minha mente, que são os de meu
espírito, para que eu pudesse ver as coisas do mundo espiritual e ouvir os
que lá se encontram, privilégio de que me venho valendo há vinte e dois
anos.
"O simples testemunho que dê não
basta, porém, nos dias de hoje, para convencer os homens daquele fato.
Qualquer pessoa, porém, de entendimento são, pode chegar a uma conclusão
afirmativa pelo testemunho de meus escritos, especialmente do "Apocalipse
Revelado". Quem teve informações precisas, até agora, do sentido
espiritual da porém, nos dias de hoje, para convencer os homens daquele fato.
Qualquer pessoa, porém, de entendimento são, pode chegar a uma conclusão
afirmativa pelo testemunho de meus escritos, especialmente do "Apocalipse
Revelado". Quem teve informações precisas, até agora, do sentido
espiritual da Palavra, do mundo espiritual, do céu, do inferno e da vida do
homem depois da morte? Deveriam estas e muitas outras coisas permanecer
perpetuamente ocultas aos cristãos? Pela primeira vez foram elas mostradas
por amor de uma nova igreja, que é a Nova Jerusalém, não somente para que
seus membros meditem sobre elas, mas também para que cheguem ao conhecimento
dos incrédulos de boa vontade e possam convencê-los da verdade."
(Documentos Sobre Swedenborg).
***********************