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Quatro Idades, Quatro Amores e Quatro Igrejas
(Um comentário sobre a interpretação que Daniel deu ao sonho do rei Nabucodonosor)

 

J. Lima

"Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era grande e de excelente esplendor, estava em pé diante de ti e sua aparência era terrível. A cabeça daquela estátua era de fino ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas de ferro, os pés em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, e se fizeram como palha das eiras no estio, e o vento os levou e não se achou lugar algum para eles. Mugar algum para eles. Mas a pedra, que feriu a estátua, se fez um grande monte e encheu toda a terra" (Daniel 2:31 a 35).

As quatro idades

A estátua que Nabucodonosor viu em sonho, mencionada nos versículos de Daniel acima citados, é um símbolo que sintetiza a história espiritual da humanidade. As quatro partes da estátua: a) a cabeça, b) o peito e os braços, c) o ventre e as coxas, d) as pernas e os pés, representam as quatro grandes eras ou Idades por que a humanidade já passou. Os quatro metais, formadores daquelas partes anatômicas, simbolizam os amores ou princípios gerais que caracterizam as eras ou Idades.

Os antigos denominavam essas eras como Idade do Ouro, Idade da Prata, Idade do Cobre ou do Bronze e Idade do Ferro, de acordo com os conhecimentos que possuíam da significação desses metais. A cada uma dessas Idades corresponde uma Igreja Geral e uma dispensação religiosa ou revelação de Deus acomodada às condições ou estados espirituais da humanidade nas diferentes épocas.

A primeira Igreja geral que houve sobre a terra é mencionada nos Escritos da Nova Igreja com o nome de Antiqüíssima Igreja, sendo também denominada Igreja Adâmica, porque é representada por Adão na letra da Palavra. Foi a época da infância, a manhã, ou primavera da humanidade.

A segunda Igreja geral, denominada Igreja Antiga nos Escritos, também se chama Igreja Noética, porque é simbolizada por Noé. Foi a era da mocidade, o dia, ou o verão da humanidade.

A Igreja Israelita, estabelecida entre os descendentes de Jacob ou Israel, constitui a terceira Igreja geral e foi para a humanidade a época da maturidade, a tarde ou o outono.

A primeira Igreja Cristã, fundada pelo Senhor durante Sua permanência na terra, é a quarta Igreja Geral. Esta Igreja fecha o primeiro grande ciclo das Idades e, por isso, constitui o tempo da velhice, a noite ou o inverno da humanidade.

Virá depois um novo ciclo - e já estamos no seu alvorecer - em que a humanidade irá gradualmente se refazendo de sua queda e alcançará, por fim, uma nova Idade de Ouro, que não mais passará.

Cada uma das Igrejas do passado teve - como a humanidade em geral - quatro fases sucessivas: a manhã, que é a fase inicial de sua instituição; o dia, que é a fase de preparação e instrução, até atingir o desenvolvimento máximo; a tarde, que é a fase do declínio e da corrupção crescente; e a noite, que é a fase final da completa decadência e de sua morte espiritual, seguida do Julgamento Final, no Mundo dos Espíritos, sobre todos aqueles que pertenceram a cada uma delas. 

Assim como, depois de cada noite, surge uma nova manhã, assim também, depois da morte e do Julgamento Final de uma Igreja, surge uma nova Igreja, para guiar os homens no caminho da bem-aventurança eterna. Quando uma dispensação religiosa morre, corrompida pela maldade humana, o Senhor faz uma nova revelação da verdade, acomodada às novas condições dos homens.

Os quatro amores

Os quatro amores ou princípios são representados pelo ouro, pela prata, pelo bronze e pelo ferro. O ouro, por ser o mais precioso dos metais, representa o amor celestial, que é o amor ao Senhor, o mais precioso de todos os amores. É o princípio dominante no Terceiro Céu ou Céu Angélico, cujos anjos vivem nesse amor. Eles amam o Senhor acima de tudo e amam o próximo mais do que a si mesmos. O seu maior prazer consiste em fazer a vontade de seu Pai Celeste e cooperar com Ele para a felicidade dos outros homens. Amam o bem pelo próprio bem e amam a verdade porque ela conduz ao bem. Não precisam, porém, receber ensinamentos sobre a verdade, porque possuem a sabedoria que lhes dá a percepção imediata de tudo aquilo que é bom e verdadeiro, sem necessidade de qualquer raciocínio. 

Os homens da Idade de Ouro viviam em um estado semelhante, recebendo do Senhor, por intermédio dos anjos do Céu Angélico, com quem podiam conversar, todos os ensinamentos de que tinham necessidade. É por isso que a Igreja Adâmica não possuía uma Palavra escrita.

A prata simboliza o amor espiritual, que é o amor ao próximo, ou caridade; significa também a verdade da sabedoria que conduz ao bem. Os anjos do Segundo Céu, denominado Céu Espiritual, vivem nesse amor, que é o princípio dominante nesse Céu. Amam o Senhor por ser o Pai de todos os homens, diferentemente dos anjos celestiais, ou do Terceiro Céu, que amam a todos os homens por serem filhos do Senhor. Amam a verdade pela própria verdade, sentindo grande prazer em seu estudo, e amam o bem por ser o alvo e o objetivo a que a verdade conduz. Pode-se dizer que os anjos celestiais amam a verdade do bem, ou a verdade que provém do bem, enquanto os anjos espirituais amam o bem da verdade, ou o bem que resulta da aplicação da verdade. Ao contrário dos anjos celestiais, os anjos espirituais estudam constantemente a verdade e precisam meditar sobre ela, para adquirirem a inteligência que os guia no caminho do bem. 

Os homens da Idade da Prata viviam em um estado semelhante ao dos anjos espirituais e eram instruídos pelo Senhor, não mais por intermédio dos anjos, com quem não tinham comunicação direta, mas por meio da Palavra escrita, que lhes tinha sido dada por intermédio de homens inspirados por Ele.

Evidentemente, nem todos os homens que existiam naquela época estavam em um estado semelhante ao dos anjos do Céu Espiritual. Apenas encontravam-se nesse estado os homens que aceitaram as doutrinas da Igreja Noética e que abandonaram as horríveis persuasões que dominavam a última posteridade da Antiqüíssima Igreja, persuasões que foram a causa da queda dessa Igreja. Os remanescentes da Antiqüíssima Igreja ainda continuaram a existir por muito tempo, sendo representados na letra da Palavra do Antigo Testamento, onde são feitas freqüentes referências a eles, pelos gigantes nefilim e seus descendestes, enakm e refaim (ARCANOS CELESTES 580 e 58l).

O cobre ou bronze representa a caridade ou o amor natural, mais precisamente o amor celestial-natural. Os amores espirituais, como vimos, são o amor ao Senhor e o amor ao próximo. Os amores naturais são o amor ao mundo e o amor ao eu. Esses amores naturais, quando estão subordinados aos amores espirituais e são guiados pelas verdades da Palavra, se transformam, respectivamente, em amor celestial-natural e amor espiritual-natural. O amor celestial-natural consiste em amar a Deus e ao próximo em obediência aos preceitos da letra da Palavra. A obediência à Lei é a característica principal desse amor representado pelo bronze. O Primeiro Céu, que é o Céu inferior, chamado Céu Natural, contém duas espécies de anjos. Os da primeira espécie estão no amor celestial-natural; recebem o influxo de vida do Senhor por intermédio do Céu Celestial e são instruídos por meio do sentido natural da Palavra. Os anjos da segunda espécie são os anjos espirituais-naturais; recebem o influxo do Senhor por intermédio do Céu Espiritual. 

Os homens da Idade do Bronze estavam em um estado semelhante ao dos anjos celestiais-naturais e viviam em obediência aos mandamentos da letra da Palavra do Antigo Testamento, os quais lhes foram sendo dados por intermédio de Moisés e dos profetas.

Assim como na Idade da Prata continuaram existindo remanescentes decaídos da Antiqüíssima Igreja, assim também na Idade do Bronze nem todos os homens se incorporaram à Igreja Israelita. Ao contrário, grande número deles continuaram a viver nos erros e nos males do final da Igreja Noética. A maior parte das nações da Idade do bronze continuou na idolatria que destruiu essa Igreja. Continuavam a existir, ainda, descendentes dos nefilim, refaim e enakim, isto é, homens que conservavam as terríveis persuasões do final da Antiqüíssima Igreja, ou Igreja Adâmica. O mal ia assim se acumulando, cada vez mais, sobre a terra.

O ferro representa o amor espiritual-natural e também as verdades da fé. O amor espiritual-natural consiste, principalmente, no sentimento do cumprimento do dever imposto pelos preceitos da letra da Palavra. Os homens celestiais-naturais sentem prazer em obedecer aos ensinamentos da Palavra; os homens espirituais-naturais sentem-se na obrigação de obedecer aos preceitos da Palavra. Os primeiros não se preocupam com a instrução religiosa, mas se esforçam por obedecer às verdades que chegam ao seu conhecimento; os segundos estudam a letra da Palavra para impor a eles mesmos e aos outros o cumprimento dos preceitos nela contidos, como um dever. Os anjos espirituais-naturais vivem nesse amor e são instruídos também por meio do sentido natural da Palavra.

Os homens da Idade do Ferro estavam em um estado semelhante aos dos anjos que estavam nesse mesmo estado, e consideravam como um dever cumprir os preceitos da letra da Palavra, especialmente os preceitos do Novo Testamento.

Como aconteceu na Idade da Prata e na Idade do Bronze, também na Idade do Ferro continuou havendo descendentes das Idades anteriores com os males e falsidades correspondentes.

As quatro Igrejas

Ampliaremos, a seguir, as explicações sobre as quatro igrejas.

I. A Igreja Adâmica - A Igreja Adâmica ou Igreja Antiqüíssima foi uma Igreja celestial, porque nela predominava o amor ao Senhor, que é o amor fundamental do Céu Celestial.

A primeira fase dessa Igreja, que é a sua manhã, vem descrita no primeiro capítulo do livro de Gênesis por estas palavras: "Deus disse: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme à Nossa semelhança. E Deus criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou, macho e fêmea os criou" (versículos 26 e 27). O homem se torna uma imagem de Deus quando recebe o Seu Amor e a Sua Sabedoria na vontade e no entendimento. E se torna Sua semelhança quando faz uso desse Amor e dessa Sabedoria como se fossem propriamente seus, mas sabendo que são do Senhor. Sem a aparência de que o Amor e a Sabedoria que ele recebe e de que o bem e a verdade que pratica são seus, o homem não teria liberdade espiritual e se transformaria num autômato. É tendo a impressão de que os sentimentos de sua vontade e de que os pensamentos de seu entendimento são seus de fato que o homem se sente livre para retribuir, sem qualquer constrangimento, o Divino Amor, tornando-se assim uma semelhança de Deus. A Antiqüíssima Igreja começou a amanhecer sobre a terra quando os homens daquela remotíssima era se tornaram imagem e semelhança de Deus.

A segunda fase dessa Igreja, que é a fase de sua instrução e preparação para a vida celestial, vem simbolicamente descrita nos versículos 8 a 17 do segundo capítulo do citado livro de Gênesis, os quais tratam da introdução do homem no Jardim do Eden. Esse jardim representa a Sabedoria do Amor Celestial. 

O início da terceira fase, em que os homens começam a decair do seu anterior estado de pureza e inocência, vem descrito no sentido interno dos versículos 1 a 6 do terceiro capítulo do mesmo livro, os quais tratam da sedução de Eva pela serpente e da subseqüente queda de Adão, por ter-se deixado levar por sua mulher. O fato de Eva, seduzida pela serpente, e depois Adão, seduzido por Eva, comerem o fruto proibido da árvore do bem e do mal representa o estado da mente em que o amor próprio (Eva), seduzido pelos raciocínios sensuais baseados nas impressões dos sentidos (a serpente), leva o entendimento (Adão) a examinar os conhecimentos do bem e da verdade segundo aqueles raciocínios, em vez de continuar a recebê-los pela percepção da sabedoria que o Senhor lhes dava. Em outras palavras: os homens dessa terceira fase da Antiqüíssima Igreja, levados pelo amor de si, começaram a querer adquirir, pelo seu próprio esforço intelectual, apoiados nas ilusões dos sentidos, as verdades e os bens que até então lhes eram dados diretamente pelo Senhor. Daí resultou a sua queda espiritual e a hipertrofia do seu amor próprio que, cada vez mais, se opunha ao amor a Deus.

O começo da quarta fase é descrito espiritualmente nos versículos 9 a 23 do referido capítulo terceiro, em que se descreve a expulsão de Adão e Eva do jardim do Eden, o que significa a perda da sabedoria representada por esse jardim. O final desta fase, que corresponde ao Juízo Final da Igreja Adâmica, é representado pelo dilúvio que destruiu a humanidade daquela época. O dilúvio significa a inundação de males e falsidades de que resultou a morte espiritual dos adamitas da última posteridade daquela Igreja.

II. A Igreja Noética - A Igreja Noética ou Igreja Antiga foi uma Igreja Espiritual, porque o seu princípio predominante era o amor ao próximo, que é o amor básico do Céu Espiritual. 

A primeira fase dessa Igreja é simbolicamente representada nos capítulos do livro de Gênesis que descrevem a preservação de Noé e de sua família durante o Dilúvio e o pacto que Deus fez com ele depois que saiu da arca. Noé representa os restos não corrompidos da Antiquíssima Igreja, de que o Senhor se serviu para estabelecer uma nova Igreja após o Julgamento final sobre a igreja anterior, que tinha chegado a seu fim pela inteira destruição de sua vida espiritual. O tempo que Noé passou na arca representa o período de preparação daqueles restos para poderem receber as novas doutrinas. O pacto com Deus simboliza o estabelecimento ou a manhã da nova igreja que se formava. Logo depois de seu nascimento, esta igreja subdividiu-se em muitas outras, espalhando-se por quase todos os povos da Ásia e da África. 

A sua segunda fase, que é a da instrução e preparação para a vida espiritual, vem descrita no sentido espiritual das muitas passagens do livro de Gênesis, as quais tratam da história dos descendentes de Noé.

A terceira fase é descrita nas passagens que tratam das vicissitudes por que passaram aqueles descendentes nas diversas regiões em que se estabeleceram.

A quarta fase da Igreja Antiga, entre os povos que habitavam as proximidades do rio Jordão, é representada pela destruição das cidades de Sodoma, Gomorra, Adma e Zeboim. Essa quarta fase, entre os povos que habitavam a terra de Canaã, é representada pela expulsão deles pelos israelitas comandados por Josué. E, entre os egípcios, essa fase é representada pela submersão e morte do Faraó e seu exército nas águas do mar Vermelho.

III. A Igreja Israelita - A Igreja Israelita foi uma igreja celestial-natural, porque nela predominava o princípio da obediência à Lei, que é o amor básico do Céu celestial-natural.

A primeira fase dessa Igreja, ou a sua manhã, teve início quando JEHOVAH deu a Moisés, no alto do monte Sinai, os Dez Mandamentos. O seu prosseguimento está representado pela longa peregrinação dos filhos de Israel através do deserto.

A segunda fase começa com a travessia do Jordão e a entrada na terra de Canaã e se processou por meio dos ensinamentos e leis dados por intermédio de Moisés e dos profetas. Esta fase atingiu o seu esplendor com a inauguração do Templo construído por Salomão em Jerusalém.

A terceira fase ou declínio da Igreja Israelita é representada, na Palavra, pelas passagens em que são feitas freqüentes referências às práticas idolátricas a que se entregavam os israelitas e os seus reis, a começar pelo próprio Salomão no final de seu longo reinado.

A quarta fase é resultante da profanação da Palavra, atingindo o cúmulo quando os judeus condenaram à morte e crucificaram o corpo humano do Senhor, que é a própria Palavra manifestada aos homens corporalmente. Esta fase é representada, na Palavra, pela conquista de Israel pelos assírios e pela destruição de Jerusalém pelos babilônios.

IV. A Igreja Cristã -  Primeira Igreja Cristã foi uma igreja espiritual-natural, porque nela predominava o princípio do cumprimento do dever prescrito na Lei, que é o amor básico do Céu espiritual-natural.

A primeira fase dessa Igreja foi o período que compreende os anos da pregação do Senhor e, depois, da pregação dos apóstolos, até o fim da vida destes na terra. Nesta fase, foram escritos os Evangelhos e o Apocalipse, que constituem o Novo Testamento.

A segunda fase abrange os três primeiros séculos da era Cristã e se estende até o ano 325, quando se realizou o Concílio de Nicéia, convocado pelo imperador Constantino. Foi este Concílio que criou o dogma da trindade de pessoas Divinas e o chamado mistério da Trindade. Este dogma, como terrível moléstia infecciosa, foi pouco a pouco destruindo a vitalidade espiritual da Igreja, acabando por determinar a sua morte. 

A terceira fase, ou declínio, da Primeira Igreja cristã começou logo depois daquele Concílio e foi-se acentuando rapidamente com a criação de novos dogmas, tais como o da infalibilidade do papa, o do pecado original, o da eucaristia, o da salvação na hora da morte etc., e com a instituição do culto aos santos e às imagens, o que constitui verdadeira idolatria.

A quarta fase ou morte espiritual dessa Igreja, que havia sido denominada Igreja Católico-Romana, resultou da substituição progressiva dos ensinamentos da Palavra pelos dogmas e bulas papais, até chegar-se ao absurdo da proibição da leitura da Bíblia, ficando, assim, o povo de Deus privado da luz dos Divinos ensinamentos.

A morte espiritual de outras igrejas, resultantes da subdivisão da Primeira Igreja Cristã, proveio da adulteração dos ensinamentos da Palavra pelas errôneas interpretações humanas que procuraram acomodar tais ensinamentos às suas más paixões, como ocorreu com o dogma da salvação pela fé só e o desprezo da caridade, adotado pelos Reformados.

O Juízo Final sobre tais Igrejas realizou-se no Mundo Espiritual, no ano de 1757, como foi revelado por intermédio de Emanuel Swedenborg, o revelador da Nova Igreja, que, tendo sua vista espiritual aberta pelo Senhor, presenciou os acontecimentos ocorridos naquele Mundo e os descreveu no livro JUÍZO FINAL.

  Resumo

Foi explicada acima uma parte do sentido espiritual contido no sonho de Nabucodonosor (Daniel 2: 31 a 35). De acordo com tal sentido, pode-se compreender a divisão das idades da humanidade em quatro, e também a existência de quatro amores ou princípios que nortearam os sucessivos comportamentos humanos. No presente número abordou-se a parte do sentido espiritual que se refere às quatro igrejas correspondentes àquelas idades e princípios.

Segundo a significação plena do sentido espiritual da passagem de Daniel, a estátua vista em sonho pelo rei Nabucodonosor resume toda a história espiritual da humanidade, de acordo com o resumo a seguir.

CABEÇA. Representa a Idade de Ouro, a Igreja Antiqüíssima, a infância ou a manhã da humanidade, em que predominava o amor ao Senhor. Significa o estado celestial.

PEITO E BRAÇOS. Representam a Idade da Prata, a Igreja Antiga, a mocidade ou o dia da humanidade, em que reinava o amor ao próximo. Significam o estado espiritual.

VENTRE E COXAS. Representam a Idade do Bronze, a Igreja Israelita, a maturidade ou a tarde da humanidade, em que predominava o amor da obediência à Lei do Antigo Testamento. Significam o estado celestial-natural.

PERNAS E PÉS. Representam a Idade do Ferro, a Primeira Igreja Cristã, a velhice ou a noite da humanidade, em que reinava o amor do cumprimento do dever prescrito pela Lei, principalmente do Novo Testamento. As pernas e os pés significam o estado espiritual-natural.

Doutrinas Celestes para a Nova Igreja

A Nova Igreja foi profetizada no texto de Daniel que vimos analisando e é explicada pela revelação dada pelo Senhor por intermédio de Seu servo Emanuel Swedenborg.

No sonho descrito nos versículos 31 a 35 do capítulo 2 de Daniel, Nabucodonosor viu uma pedra que se destacou da montanha, sem auxílio de mão, e veio bater nos pés da estátua, esmiuçando-a inteiramente e transformando o ferro, o bronze, a prata e o ouro em palha das eiras no estio, a qual foi levada pelo vento, e depois foi crescendo até se tornar um grande monte que encheu toda a terra. Tal pedra representa a verdade anunciada pela Nova Igreja, que destruirá todas as falsidades do passado e se espalhará por todos os povos da terra.

O primeiro ciclo das idades da humanidade neste mundo se completou quando a Idade do Ferro atingiu o seu fim, isto é, quando a Primeira Igreja Cristã, que é a Igreja dessa idade, chegou a um tal estado de corrupção que nela nada mais havia do bem e da verdade. A humanidade atingiu então a "plenitude dos tempos", que significa um estado de completa devastação ou de completa submersão no mal e na falsidade, representada pelos pés da estatua em parte de ferro em parte de barro. O ferro significa as verdades da letra de Palavra e o barro significa as falsidades que adulteram essas verdades. Resulta daí a fraqueza da estátua e a sua destruição ao embate da pedra que rolou da montanha, isto é, da verdade espiritual revelada pelo Senhor para a Nova Igreja.

A palha das eiras no estio, em que se transformou toda a estátua quando os seus pés foram feridos pela pedra, simboliza as falsidades que se vinham acumulando na mente humana através das idades, desde o início da queda da Antiqüíssima Igreja. Todas essas falsidades, como poeira que o vento leva, serão dissipadas ao sopro das verdades da Nova Igreja, a Noiva do Senhor.

O primeiro ciclo das Idades chegou ao seu termo no fim da velhice ou da noite da humanidade, em que se deu a morte de toda a vida espiritual sobre a terra. E assim como depois da morte o homem inicia uma nova existência no Mundo Espiritual, assim também a humanidade, depois daquela morte, começou uma nova vida, um novo ciclo espiritual que durará para sempre.

Nesse momento supremo da nossa história, o Senhor realizou, de acordo com a predição feita nos Evangelhos, a Sua Segunda Vinda, a fim de inaugurar esse novo ciclo em que a humanidade, remontando o curso das Idades, passará por uma nova Idade do Ferro, do Bronze e da Prata, para atingir, finalmente, a Nova Idade do Ouro. Nesta Nova Igreja, o amor ao Senhor voltará a ser o princípio dominante no coração dos homens. Eles voltarão, assim, ao estado de inocência, não mais da inocência da ignorância, como na Igreja Adâmica, mas de inocência da sabedoria, à luz das doutrinas da Nova Igreja.

Em muitas passagens da Palavra se diz que o Senhor deve vir nas nuvens do céu como, por exemplo, em Mateus (17:5, 24:30, 26:64), Marcos (14:61 e 62), Lucas (9:34 e 35, 21:27), Apocalipse (1:7, 14:14) e Daniel (7:13). As "nuvens do céu" significam a letra da Palavra. O "poder" e a "glória" significam o sentido espiritual. A vinda do Senhor nas nuvens do céu com poder e glória significa, pois, a Sua Segunda Vinda, para revelar o sentido espiritual da Palavra, que é a revelação dada à Sua Nova Igreja.

Estamos agora no início da Nova Igreja ou da primeira época do novo ciclo da história espiritual da humanidade. Esta Igreja  constitui a manhã, a infância, a primavera do novo niclo, que é o niclo da Nova Igreja, a Nova Jerusalém "que de Deus descia dos céus" na visão profética de João, na ilha de Patmos (Apocalipse 21:2).

A Nova Igreja, como as igrejas do passado, passará também por quatro fases, com a diferença, porém, de que o seu desenvolvimento espiritual seguirá uma linha perpetuamente ascendente. Nela não haverá tarde nem noite, não haverá outono nem inverno, e a sua velhice não será acompanhada de decrepitude nem terminará pela morte. A época dessa Igreja será de máxima pujança e sabedoria, será de máximo esplendor, não havendo, assim, propriamente velhice, mas a plenitude da maturidade.

O seu dia e o seu verão durarão para sempre, pois a Nova Igreja, como se lê no livro VERDADEIRA RELIGIÃO CRISTÃ, nºs 787 e 788, será a coroa de todas as Igrejas que existiram antes dela e durará pelos séculos dos séculos. "Este reino não será deixado a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo estará estabelecido para sempre" (Daniel 2:44). Isto quer dizer que a Nova Igreja substituirá todas as Igrejas e se tornará, perpetuamente, a única Igreja sobre a terra.

A sua infância é a fase de sua implantação, de seu começo, a que estamos assistindo presentemente. É uma fase obscura, em que a humanidade pouco conhecimento terá de sua existência. Esta fase começou com o Segundo Advento do Senhor, vindo nas nuvens da letra da Palavra com o poder e a glória de seu sentido espiritual, que Ele nos revelou por intermédio de seu servo Emanuel Swedenborg, nos Escritos da Nova Igreja.

A adolescência e a juventude da Nova Igreja será a fase de sua preparação e instrução espiritual e de sua difusão pelos diferentes povos da terra. Será, certamente, uma fase de grandes tentações e de grandes lutas com os remanescentes das igrejas do passado.

A sua mocidade será a fase em que ela se afirmará como religião dominante em todo o mundo e alcançará o estado espiritual em que reinará o amor ao próximo e haverá paz entre os homens.

A sua maturidade será o seu apogeu, em que a humanidade, guiada pelas Doutrinas Celestes, atingirá o estado celestial da inocência da sabedoria e do amor ao Senhor, o qual durará para sempre.

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